52603 - TERRITÓRIO E SAÚDE: VIVÊNCIAS DE UMA EQUIPE DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL NA TERRITORIALIZAÇÃO NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA FRANCISCA KARUSA CARVALHO BARBOSA - SECRETARIA DE SAÚDE DE FORTALEZA, DAYANA MIGUEIS - ESPCE, DÉBORAH OLIMPIO GARCIA - ESPCE, EMANNUEL PINHEIRO SARTORI - ESPCE, GREICE KELLY COSTA DE SENA - ESPCE, RUTH RIBEIRO SILVA - ESPCE, AMANDA ROBERTA FONSÊCA DO NASCIMENTO - UECE, GEOVANA MARIA SANTANA MALHEIRO - SECRETARIA DE SAÚDE DE FORTALEZA, KATIA DE GOIS HOLANDA SALDANHA - SECRETARIA DE SAÚDE DE FORTALEZA
Contextualização
O território de saúde é caracterizado por uma população com características comuns, que, na maioria das vezes, emergem de determinantes e condicionantes de saúde estabelecidos no território (SANTOS et al., 2011). Sendo assim, o processo de territorialização é uma forma de compreender quais determinantes influenciam na saúde e quais são as necessidades de saúde daquele território. Segundo a Portaria n° 2.436, de 2017, a territorialização permite o planejamento, a programação descentralizada e o desenvolvimento de ações setoriais e intersetoriais com foco em um território específico, com impacto na situação, nos condicionantes e determinantes da saúde das pessoas e coletividades que constituem aquele espaço (BRASIL, 2017).
Dessa forma, o processo de territorialização dinamiza a ação em saúde pública, o estudo social, econômico, epidemiológico, assistencial, cultural e identitário (BRASIL, 2017), o que resulta na ampliação da visão de cada território, possibilitando que a atuação seja subsidiada com o objetivo de atender a necessidade da população. A territorialização se destaca como um novo modo de produzir cuidado e saúde, que enfatiza trocas dialógicas, escuta qualificada e maximiza o vínculo entre os usuários e as equipes, o que permite o planejamento de estratégias que objetivem solucionar ou minimizar os problemas encontrados durante o processo (BEZERRA et. al., 2020).
Descrição da Experiência
A territorialização foi realizada no Município de Fortaleza, na Coordenadoria Regional de Saúde IV (CORES IV) pelos profissionais de saúde residentes da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP-CE) alocados na regional. A equipe multiprofissional era composta por enfermeira, cirurgiã-dentista, nutricionista, farmacêutico e assistente social.
Os residentes em saúde conheceram o território e a população assistida pela Unidade de Atenção Primária à Saúde (UAPS) Dr. Gothardo Peixoto Figueiredo Lima, situado no Bairro Damas. O processo de territorialização se deu por meio de visitas domiciliares à população adscrita juntamente aos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) da UAPS. Foi estabelecido um cronograma semanal de visitas com cada ACS com o objetivo de alcançar os usuários sob vulnerabilidade econômica e social.
Também foram visitados equipamentos sociais e de lazer que fazem parte do território da regional, como Organizações Não Governamentais (ONGs), museus, Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e Centro de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS).
Objetivo e período de Realização
O objetivo do presente estudo é relatar a experiência dos profissionais de saúde residentes frente às forças, oportunidades, fraquezas, ameaças sociais, bem como o manejo das vulnerabilidades econômicas encontradas na comunidade durante o processo de territorialização.
A atividade foi realizada durante os meses de março e abril do ano de 2024 seguindo um cronograma de uma visita domiciliar semanal e duas visitas aos equipamentos sociais.
Resultados
A Regional IV é a menor Regional de Saúde de Fortaleza, representando 11,48% da população, sendo, também, a segunda regional de saúde com maior número de idosos. A respeito dos equipamentos de saúde, a regional contém 13 UAPS, uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA - Itaperi), um Centro de Atenção Psicossocial - geral (CAPS geral), um CAPS - Álcool e Drogas e um hospital municipal conhecido como “Frotinha da Parangaba”.
A Unidade de Atenção Primária em Saúde Dr. Gothardo Peixoto Figueiredo Lima foi inaugurada em setembro de 2014, é responsável por 18.487 usuários distribuídos entre 3 equipes de saúde da família, 3 equipes de saúde bucal e 2 equipes de atenção primária (PREFEITURA DE FORTALEZA, 2013).
As comorbidades mais encontradas são Hipertensão e Diabetes Mellitus tipo 2, evidenciadas principalmente na população idosa. Em relação às doenças infectocontagiosas, a Tuberculose é a infecção que predomina no território, com 12 casos diagnosticados e em tratamento vigente.
Aprendizado e Análise Crítica
Para síntese dos aprendizados adquiridos no processo de territorialização, foi utilizado o acrônimo FOFA, o qual sinaliza as forças, oportunidades, fraquezas e ameaças de um determinado assunto.
Como forças foram destacados os diversos equipamentos sociais existentes na regional IV. Nas oportunidades pode-se enfatizar as clínicas escolas presentes no município, a participação social na construção do SUS, a riqueza do Programa Saúde na Escola unindo educação e saúde e o acolhimento de usuários em situação de rua nos Centros POP. Como fraquezas foram encontradas as faltas de equipamentos de lazer e cultura, falta de saneamento básico e mobilidade urbana, bem como o sucateamento dos equipamentos de saúde. Por fim, as ameaças encontradas foram altos índices de casos de dengue e aumento dos diagnósticos de diabetes e hipertensão na população adscrita.
Outros pontos relevantes a serem ressaltados, é a existência do selo “Unidade Amiga da Primeira Infância” (UAPI), o qual pode ser concedido caso a UAPS corresponda aos critérios pré-estabelecidos para acompanhamento de saúde eficiente e eficaz das crianças de 0 a 2 anos. Atualmente 8 entre as 13 UAPS possuem esse selo.
Referências
SANTOS, Alexandre Lima; RIGOTTO, Raquel Maria. Território e territorialização: incorporando as relações produção, trabalho, ambiente e saúde na atenção básica à saúde. Trabalho, Educação e Saúde, v. 8, p. 387-406, 2010.
BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Portaria n° 2.436, de 21 de setembro de 2017. Brasília: CNS, 2017
BEZERRA, Raíra Kirlly Cavalcante et al. A territorialização como processo de transformação: um relato de experiência. Revista Eletrônica Acervo Saúde, n. 42, p. e2704-e2704, 2020.
Fortaleza. Decreto Nº 13.106 DE 12 de Abril de 2013. Dispõe sobre a estrutura organizacional, a distribuição e a denominação dos cargos em comissão da secretaria municipal de saúde - SMS, e dá outras providências. Acesso em 25 de Abr de 2024.
Fonte(s) de financiamento: proprios autores
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