Roda de Conversa

05/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC5.6 - Educar para democratizar

51985 - EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE: UMA FERRAMENTA DEMOCRÁTICA PARA PROMOÇÃO E DEFESA DOS DIREITOS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA.
LOUIZE GOMES DA SILVA SIMPLICIO - FMO- FACULDADE DE MEDICINA DE OLINDA, LETÍCIA MARIA SILVA EVANGELISTA - FMO- FACULDADE DE MEDICINA DE OLINDA, VICTORIA CAVALCANTE FERRO - FMO- FACULDADE DE MEDICINA DE OLINDA, ISAAC VINICIUS DANTAS RIBEIRO - FMO- FACULDADE DE MEDICINA DE OLINDA, ANADIELLE CASSIANO MAIA RODRIGUES - FMO- FACULDADE DE MEDICINA DE OLINDA, THAYSA BEZERRA FLORENCIO - FMO- FACULDADE DE MEDICINA DE OLINDA, BRUNA NOVAES FERRAZ - FMO- FACULDADE DE MEDICINA DE OLINDA, MARIZA TORRES RODRIGUES - FMO- FACULDADE DE MEDICINA DE OLINDA, JÉSSICA RODRIGUES CORREIA E SÁ - FMO- FACULDADE DE MEDICINA DE OLINDA


Contextualização
Durante muito tempo, a produção e disseminação de conhecimento ficou restrito ao universo academicista, relegando à sabedoria popular o lugar de subalternidade, por considerá-la irrelevante para a sociedade. No Brasil não foi diferente, visto que só em 2013, depois de um longo caminho percorrido desde a década de 1960, pelo Movimento da Reforma Sanitária com as primeiras iniciativas de educação popular em saúde, foi que a Política Nacional de Educação Popular em Saúde foi instituída1.
Desde então, a participação popular tem enriquecido o SUS, seja na gestão da saúde, seja no desenvolvimento da consciência crítica das pessoas, possibilitando autonomia sobre questões relacionadas à saúde. Nesse contexto, essa atmosfera de possibilidades eleva o alcance, de forma mais igualitária, inclusiva e humanizada, da promoção de saúde às populações que antes ficavam à margem dessa assistência, por valorizar o saber popular e a participação da comunidade como entidades ativas de todo o processo1,2,3.


Descrição da Experiência
Este relato aborda a experiência de estudantes de medicina durante o encontro do Projeto de Extensão “Saúde da mulher e pessoas com útero: promoção do cuidado e educação nos diversos cenários de vida”. A atividade foi realizada na Unidade de Saúde da Família (USF) Paratibe/Elzanir Ferreira, Paulista-PE, pela Liga Acadêmica de Medicina de Família e Comunidade. Inicialmente, construiu-se com os usuários da USF um varal de ideias para identificar as temáticas que seriam discutidas nos próximos encontros. Em todas as atividades foram elaborados roteiros prévios para nortear, mas que não limitassem a intervenção, adaptando conforme as necessidades. Tais encontros ocorreram na sala de reunião da USF e no formato de roda de conversa.
Embasando-se na perspectiva freiriana sobre autonomia, foi necessário lançar-se mão de recursos visuais e dinâmicas para que o diálogo e a problematização conseguissem estimular a autonomia dos indivíduos. Nos recursos visuais, usou-se cartaz e slides com assuntos referenciados pelos materiais veiculados pelo Ministério da Saúde, a exemplo o Manual de Atenção à Mulher no Climatério/ Menopausa e o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). No momento das atividades, optou-se pela dinâmica “Espelho na caixa ‘Qual mensagem de força você gostaria de dizer para essa mulher?’”.



Objetivo e período de Realização
O objetivo da atividade foi implementar práticas de promoção e educação em saúde através de dinâmicas e recursos visuais referentes ao tema, promovendo um diálogo acolhedor entre estudantes de medicina e usuárias da USF. Os encontros foram realizados nos dias 26 de março, 22 de abril e 07 de maio de 2024, na USF Paratibe/Elzanir Ferreira, Paulista-PE, no turno da manhã.

Resultados
Ao longo das atividades, por intermédio das rodas de conversas, as mulheres e pessoas com útero se permitiram agregar seus conhecimentos prévios, sobre os temas que foram discutidos, possibilitando a troca com os estudantes e ampliando os seus conhecimentos. Com o auxílio das dinâmicas, foi possível perceber o quanto tais momentos são fundamentais na promoção de saúde, tornando mais atrativo frequentar a USF2.
Concomitantemente, as participantes sentiram-se confortáveis para compartilhar experiências pessoais, por vezes desagradáveis, vivenciadas em consultas médicas, por falta de um olhar mais atento e humanizado do profissional que a acompanhava. Infelizmente, situações como as relatadas contribuem para afastar os usuários dos serviços da unidade2,3.
Outrossim, foi perceptível o contentamento ao se perceberem também como agentes na promoção da educação popular em saúde, ao compartilhar, por exemplo, com a comunidade o que foi conversado nos encontros. Por fim, foi notório o quanto é necessário é construir na população a ideia de que a Atenção Primária é um lugar pertencente e ocupável por eles, além de ser um lugar acessível para a promoção e difusão da educação popular em saúde3.


Aprendizado e Análise Crítica
Vivenciar ações como a relatada é de extrema relevância para a formação dos estudantes enquanto futuros profissionais da saúde, pois possibilita conhecer de fato o ambiente da atenção primária como uma das portas de entrada do SUS.
É através dos projetos de extensão, que as ligas acadêmicas possibilitam aos estudantes relacionar com a prática o que é discutido teoricamente no espaço acadêmico, além de proporcionar a troca de saberes e fazer a ponte entre as instituições de ensino superior e a comunidade.
Nesse contexto, torna-se evidente o quanto a ferramenta educação popular em saúde tem o papel transformador, tornando a população entidades atuantes no compartilhamento de saberes que tanto contribuem para a promoção da saúde.
Dentre todas as percepções resultantes dessa ação, adiciona-se, ainda, a importância de refletir e mudar como ocorre o atendimento médico em contextos socioeconômicos diversos, já que foi recorrente a perspectiva de que por vezes a falha no atendimento contribui para o afastamento da população das USF.


Referências
1. A Rede de Educação Popular e Saúde. Educação Popular em Saúde no Brasil e os coletivos de educação popular e saúde: contextos históricos. [Internet] [Acesso em 03 Jun 2024]. Disponível em: (https://www.ufpb.br/redepopsaude/contents/biblioteca-1/educacao-popular-e-saude-no-brasil-e-os-coletivos-de-educacao-popular-e-saude-contextos-historicos)
2. Ministério da Saúde (BR). II Caderno de Educação Popular em Saúde. Departamento de Apoio a Gestão Estratégica e Participativa, 2014, Brasilia-DF, [Internet] [Acesso em 03 Jun 2024]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/2_caderno_educacao_popular_saude.pdf
3. Freire P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed São Paulo: Paz e Terra, 1996.

Fonte(s) de financiamento: Financiado pelos próprios autores


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