49427 - CAFÉ COM SAÚDE: FORTALECENDO A PARTICIPAÇÃO POPULAR NO SUS ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE
SAMILLE MARQUES BULCÃO ROCHA - . UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ. AVENIDA DR. SILAS MUNGUBA, N° 1700, CAMPUS DO ITAPERI, FORTALEZA/CE, BRASIL. CEP: 60741-100., DANIELLY CUSTÓDIO CAVALCANTE DINIZ - . UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ. AVENIDA DR. SILAS MUNGUBA, N° 1700, CAMPUS DO ITAPERI, FORTALEZA/CE, BRASIL. CEP: 60741-100., ELLEN CAMINHA SOUZA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ. AVENIDA DR. SILAS MUNGUBA, N° 1700, CAMPUS DO ITAPERI, FORTALEZA/CE, BRASIL. CEP: 60741-100, ANA MARIA SAMPAIO COELHO ADEODATO - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ. AVENIDA DR. SILAS MUNGUBA, N° 1700, CAMPUS DO ITAPERI, FORTALEZA/CE, BRASIL. CEP: 60741-100, NARA IURY OLIVEIRA SILVA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ. AVENIDA DR. SILAS MUNGUBA, N° 1700, CAMPUS DO ITAPERI, FORTALEZA/CE, BRASIL. CEP: 60741-100, MARINA LAYARA SINDEAUX BENEVIDES - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ. AVENIDA ANTÔNIO JUSTA, Nº 3161, MEIRELES, FORTALEZA/CE, BRASIL. CEP: 60165-090., KELLYANE MUNICK RODRIGUES SOARES - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ. AVENIDA ANTÔNIO JUSTA, Nº 3161, MEIRELES, FORTALEZA/CE, BRASIL. CEP: 60165-090., JOÃO HENRIQUE CORDEIRO - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ. AVENIDA DR. SILAS MUNGUBA, N° 1700, CAMPUS DO ITAPERI, FORTALEZA/CE, BRASIL. CEP: 60741-100, ALLAN CRUZ DA SILVA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ. AVENIDA DR. SILAS MUNGUBA, N° 1700, CAMPUS DO ITAPERI, FORTALEZA/CE, BRASIL. CEP: 60741-100
Contextualização
Educação em Saúde compreende um conjunto de práticas que incentivam o diálogo entre profissionais, gestores e usuários, estimulando a autonomia individual e coletiva, de modo a ofertar uma saúde que atenda as necessidades reais do indivíduo e da comunidades, a fim de garantir a qualidade de vida das pessoas através de uma promoção da saúde eficaz e eficiente. O projeto “Café com Saúde” surgiu dentro de um contexto de uma Residência Multiprofissional em Saúde e partiu das necessidades encontradas no território após o processo de territorialização. Este processo revelou o distanciamento da comunidade em relação às instâncias de participação social, a dificuldade na tomada de decisões acerca da sua saúde e a fragilidade de vínculos entre a comunidade e a equipe de referência e entre estes e os serviços de saúde ofertados. O usuário entendia a Unidade Básica de Saúde (UBS) somente como um espaço físico de consulta e recebimento de medicamentos. O projeto, portanto, surge da necessidade de demonstrar que a UBS é um espaço vivo, potente e transformador e o usuário faz parte daquele ambiente, podendo nele se inserir e se sentir pertencente. Portanto, essa iniciativa fomentou a criação de vínculos, e o entendimento que a UBS é inclusive uma grande potencializadora do protagonismo e da participação social no Sistema Único de Saúde (SUS).
Descrição da Experiência
O projeto Café com Saúde nasceu no município de Horizonte-CE, localizado na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e foi desenvolvido inicialmente por profissionais de saúde residentes de uma equipe multiprofissional composta por enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais, profissionais de educação física, psicólogos, nutricionistas e dentistas. Inicialmente, para o mapeamento das necessidades de saúde da população foram realizadas oficinas de territorialização, que tinham como o objetivo o reconhecimento das potencialidades e fragilidades daquele território. Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) foram peças fundamentais na construção do projeto, visto que, no contexto da Atenção Primária à Saúde (APS), esse trabalhador é o maior elo entre a comunidade e os serviços de saúde. O projeto organizava-se em encontros mensais, onde, abordavam-se temas de relevância para a saúde do usuário e da coletividade por meio da partilha de um café, vivências e saberes acerca do assunto escolhido. Os encontros eram amplamente divulgados para toda a comunidade, mediante a rádio local e as instâncias de participação social. Os encontros aconteciam na própria UBS ou em outros espaços comunitários próximos à Unidade e a escolha dos temas baseava-se nas necessidades de saúde da comunidade e eram discutidos em reuniões de equipe.
Objetivo e período de Realização
Este trabalho objetivou relatar as experiências de uma equipe de profissionais residentes de um programa de Residência Multiprofissional em Saúde no fortalecimento da participação social no SUS através da Educação em Saúde. O projeto “Café com Saúde” desenvolveu-se no distrito de Queimadas, zona rural de Horizonte-CE, no período de 2019 a 2021 e contou com o envolvimento dos profissionais residentes, componentes da ESF, gestores, usuários, além da colaboração de outras secretarias
Resultados
A cada encontro, notava-se uma evolução na participação dos usuários. Eles tornavam-se mais ativos, disparavam debates e apropriavam-se dos assuntos, trazendo para o centro de discussão suas vivências, tornando-se o ator principal nessa construção. Houve um ganho no número de participantes nos grupos de atividade física e bem-estar e uma redução da demanda espontânea. Os encontros proporcionaram uma maior participação social na tomada de decisão e um maior protagonismo popular. Foi possível também identificar outros problemas sociais que implicavam diretamente na saúde dos usuários. O desemprego foi a questão mais discutida nos encontros. A partir disso, mapeou-se usuários que trabalhavam com arte e/ou outras estratégias para geração de renda e, diante disso, e com o apoio de ações intersetoriais, mediante articulações entre as secretarias, conseguiu-se realizar oficinas de fuxico, artesanato, comércio e venda e agricultura familiar. Essas oficinas aconteciam na UBS e entravam na agenda da Equipe de referência e dos profissionais residentes. Muitos usuários foram capacitados e tiveram a oportunidade de gerar renda para si e para sua família por meio dessas qualificações.
Aprendizado e Análise Crítica
O projeto mostrou que é possível promover saúde para além dos muros de uma UBS e que esse estado de saúde e bem-estar só se torna possível quando a educação também se faz presente. A educação em saúde é uma coluna forte e resistente do SUS que garante o protagonismo popular, pois, é a partir desta prática que o usuário recebe uma informação adequada e assim é capaz de decidir o que é melhor para ele e para o outro. Ele sai de um campo “obscuro” e desconhecido e passa a ter empoderamento para falar sobre e fazer saúde. Foi através dos encontros com a comunidade que se identificaram outros problemas sociais que estavam descobertos. O projeto revelou muitas potencialidades, demonstrando que o território é vivo, e resultando em uma maior proximidade do usuário com a UBS que se torna um espaço de transformação e conhecimento. Fortalecer o papel do usuário nessa construção coletiva é indispensável e, que isso só é possível por meio da educação. Ela é parte essencial para que se alcance uma assistência adequada. É importante valorizar os talentos da comunidade, bem como seus saberes populares a fim de incentivar uma identidade cultural, reduzir distâncias entre os indivíduos e os serviços, fortalecer vínculos e promover, sobretudo, a participação popular na tomada de decisão acerca da sua saúde e da saúde da coletividade.
Referências
CARNAÚBA, J. P; FERREIRA, M. J. Competências em Promoção da Saúde na Residência Multiprofissional: Domínios do Diagnóstico, Planejamento, Implementação e Avaliação e Pesquisa. Revista Interface, v. 26, e210544, 2022.
CONCEIÇÃO, D. S. et al.. A Educação em Saúde como Instrumento de Mudança Social. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 8, p. 59412-59416, 2020.
SANTOS JÚNIOR, C. J. dos. et al.. Participação popular na gestão do SUS: construção de um projeto de intervenção para fortalecimento do controle social. Diversitas Journal, v. 5, n. 2, p. 901-909, 2020.
SEABRA, C.A. et al. Educação em saúde como estratégia para promoção da saúde dos idosos: Uma revisão integrativa. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol, v. 22, n. 4, p. e190022, 2019.
SILVA, C.A. et al. Territorialização como instrumento de planejamento de ações de saúde de residentes da atenção básica. Rev. Interdisciplinar, v. 12, n. 2, p. 115-120, 2019.
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