Roda de Conversa

05/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC5.5 - Multiplos Movimentos simultaneos em planejamento e gestão

52610 - REESTRUTURAÇÃO DA VIGILÂNCIA DA DOENÇA DE CHAGAS EM MINASGERAIS: ELABORAÇÃO DE PROTOCOLO COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO EM SAÚDE
VALÉRIA CARLA FARIA DE AMARAL - INSTITUTO RENÉ RACHOU- FIOCRUZ-MG, MARIA JOSÉ NOGUEIRA - ESP-MG, RAQUEL APARECIDA FERREIRA - INSTITUTO RENÉ RACHOU- FIOCRUZ-MG


Apresentação/Introdução
Atualmente, o pilar da vigilância entomológica da doença de Chagas no Brasil e em Minas Gerais é a vigilância com participação popular estruturada com base na atividade dos postos de identificação de Triatomíneos ( PITs) que são locais determinados e escolhidos pela vigilância em saúde para o recebimento de triatomíneos (barbeiros) e de outros insetos encontrados pela população suspeitos de serem vetores do Trypanosoma cruzi. A realidade do estado de Minas Gerais aponta para um cenário em que grande parte dos PITs instalados no passado encontra-se desativada, improdutiva, desconhecida e inutilizada. Em consequência disso, a vigilância com participação popular não vem sendo realizada na maioria dos municípios e necessita, urgentemente, de uma reestruturação em todo o estado. Apesar de o estado de Minas Gerais está marcado por uma aparente baixa densidade vetorial nas unidades domiciliares, os esforços e as atividades de vigilância precisam ser permanentes, sustentadas no tempo e no espaço, mantendo os resultados obtidos no passado, consolidando o controle de focos residuais de triatomíneos e impedindo o estabelecimento de ovos e focos de transmissão.

Objetivos
Desenvolver um protocolo de reativação e manutenção das redes municipais de PITs nos municípios mineiros classificados como de alto risco de reinfestação domiciliar de triatomíneos a ser utilizado como instrumento técnico de gestão e monitoramento , contribuindo assim para a reestruturação da vigilância com participação popular da doença de Chagas.


Metodologia
O presente estudo iniciou-se em janeiro de 2021 até julho de 2023. Trata-se de um estudo de abordagem quanti-qualitativa que foi realizado em área de alto risco de reinfestação de triatomíneos em MG. Englobando 123 municípios pertencentes às GRSs de Unaí, Januária, Pedra Azul, Pirapora e a SRS de Montes Claros. Foram realizadas as seguintes etapas: análise documental para elaboração de diagnóstico situacional dos PITs; elaboração de mapas georreferenciados, contendo legenda de produtividade e situação dos PITs; aplicação de 400 questionários visando avaliar o conhecimento e a procura dos PITs pela população; aplicação de questionários semiestruturados por via on-line a ACEs, em exercício nos municípios, que trabalham ou já trabalharam no programa ou ações de controle da DC; levantamento da percepção dos coordenadores municipais de endemias, sobre o programa de controle da DC, utilizando-se grupos focais; capacitações por meio de aulas teóricas on-line e a parte prática voltada a identificação taxonômica do vetor realizada por meio de oficinas presenciais, uma em cada GRS ou SRS. O público alvo foi composto por profissionais da Vigilância em Saúde.


Resultados e Discussão
A partir das análises diagnósticas alcançadas por meio das ferramentas metodológicas empregadas, foi possível realizar uma síntese dos dados e elencar 20 situações problema consideradas importantes obstáculos na manutenção dos PITs em funcionamento na área de estudo. Estas situações subsidiaram a construção de um plano de avaliação de riscos - protocolo de manutenção de Postos de Informação de Triatomíneos (PITs). No desenvolvimento do protocolo, adaptou-se o conceito de mapa de risco, amplamente utilizado na área empresarial, na construção de um plano de avaliação profunda da vigilância com participação popular a ser testado e validado nos 123 municípios. Em síntese, a proposta de implantação do protocolo contará com os seguintes momentos: A- Sensibilização dos profissionais de saúde; B- Aplicação do protocolo pelos profissionais da vigilância nos municípios; C- Monitoramento/auxílio na aplicação do protocolo pela equipe de pesquisa; D- Ajustes realizados em conjunto (equipe e profissionais), E- Reavaliação dos protocolos e novos ajustes. G- Validação final do protocolo.


Conclusões/Considerações finais
A implementação de um protocolo de manutenção e avaliação dos PITs em área de alto risco de reinfestação em Minas Gerais, tem grande potencial de fortalecer e ampliar a reestruturação da vigilância com participação popular da doença de Chagas. Desse modo, numa próxima fase, é de fundamental importância que o mesmo possa ser aplicado e testado nos municípios que compõem a área de alto risco de reinfestação de triatomíneos em Minas Gerais. A análise desses testes contribuirá para alcançarmos um protocolo finalizado e validado. O objetivo é apresentá-lo às instâncias responsáveis pela vigilância em saúde da doença de Chagas do Ministério da Saúde. Acreditamos, que o protocolo enquanto instrumento de gestão, planejamento e monitoramento será uma rica contribuição para a reestruturação da Vigilância passiva da DC e, em última instância potencializar o fortalecimento do SUS, proporcionando maior bem-estar e saúde para as populações brasileiras, historicamente, negligenciadas e excluídas.

Referências
DIAS, João Carlos Pinto et al . II Consenso Brasileiro em Doença de Chagas, 2015. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília , v. 25, n. esp, p. 7-86, jun. 2016 . Disponível em . acessos em 10 jun. 2024. Epub 30-Jun-2016. http://dx.doi.org/10.5123/s1679-49742016000500002

Fonte(s) de financiamento: FAPEMIG


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