Roda de Conversa

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC5.3 - Dispositivos promocionais e participativos

51736 - DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM PAUTA: PREVENIR PARA NÃO PRECISAR REMEDIAR
LAÍS CALDEIRA TORRES - UFC, LARISSE HOLANDA MARTINS - UFC, LUANA PÂMELA VASCONCELOS DE QUEIROZ - UFC, MARIA EDUARDA MEDEIROS NUNES - UFC, REBECA DE LIMA CAVALCANTE - UFC, KELEN GOMES RIBEIRO - UFC


Contextualização
As doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte no mundo todo. No Brasil, é responsável por 30% dos óbitos. A OMS estima que 75% destas mortes podem ser prevenidas com mudanças de estilo de vida. E este tem sido o desafio dos programas de prevenção em todo o mundo. As doenças do aparelho circulatório compreendem um espectro amplo de síndromes clínicas. As doenças ateroscleróticas são as que mais contribuem e se manifestam por doença arterial coronariana, doença cerebrovascular e de vasos periféricos e doenças renais crônicas, com expressiva morbidade e mortalidade. Neste contexto, prevenir, diagnosticar e tratar doenças crônicas não transmissíveis é hoje um problema de saúde e social, pois elas oneram o sistema de saúde e o sistema previdenciário por causarem invalidez e morte. Por conseguinte, para melhorar o panorama da prevalência de HAS é necessário que a população seja conscientizada e incentivada a cuidar da própria saúde. Dessa forma, tendo em vista esse quadro, foi elaborada atividade de extensão chamada Saúde nas Mangueiras, que tem como objetivo disseminar conhecimentos em prevenção de DCV e reconhecimento de seus principais fatores de risco aos servidores e funcionários terceirizados de uma Faculdade de Medicina em Fortaleza.

Descrição da Experiência
A atividade foi realizada em um campus universitário de Ciências da Saúde em Fortaleza - CE, no intervalo de almoço dos funcionários em questão. Isso se  deu estrategicamente para que o público alvo pudesse ser alcançado: os servidores da universidade. A ação foi de responsabilidade de estudantes de medicina, abrangendo os ciclos básico e clínico. Seis estudantes do ciclo básico foram responsáveis por aferir, individualmente, a pressão arterial (PA) e medidas antropométricas das pessoas atendidas, além de aplicar questionários; oito do ciclo clínico se intercalaram entre recrutar os participantes, por busca ativa, além de auxiliar os estudantes do ciclo básico. Primeiramente, foi apresentado, a cada servidor, um questionário de identificação com perguntas acerca de hábitos de vida - alimentação, prática de atividade física, tabagismo, alcoolismo e parâmetros psicossociais (fatores de risco de Doenças Cardiovasculares - DCV). Em seguida, os estudantes verificaram as medidas, já citadas, dos servidores universitários e a partir do atendimento e diálogo anteriores, estabeleceram-se orientações sobre hábitos de vida saudável e possíveis necessidades de procurar assistência em saúde, fazendo-o sob um olhar individual. Por fim, aplicou-se um questionário de impacto sobre a efetividade da ação no conhecimento sobre fatores de risco de DCV, bons hábitos de vida e satisfação.

Objetivo e período de Realização
A atividade descrita foi realizada no dia 14 de março de 2024, das 12 às 14 horas, com o escopo de contribuir com a educação em saúde dos servidores da universidade acerca das doenças cardiovasculares e dos hábitos que podem estar envolvidos no desenvolvimento dessas patologias, possibilitando uma maior participação social na promoção da saúde. A experiência buscou também a aquisição de habilidades, pelos estudantes do ciclo básico, relacionadas à técnica de aferição da pressão arterial.

Resultados
A atividade contou com 14 estudantes que foram capacitados de modo teórico-prático quanto à anamnese básica de riscos cardiovasculares, a qual é considerada suficiente para a prática da atividade.
No total, 17 servidores participaram da ação e foram identificados diferentes riscos cardiovasculares através dos questionários realizados. Atenta-se para o fato de que, devido ao horário da atividade, a ingestão de alimentos e o uso de cigarro pode ter provocado alterações nos resultados.
Ainda assim, considerando os riscos identificados, os servidores foram orientados sobre hábitos saudáveis e incentivados, especialmente os que mostraram risco cardiovascular elevado, a buscarem assistência em postos de saúde.
Durante a conversa, percebeu-se também que os entrevistados tinham conhecimento de hábitos saudáveis mas, por dificuldades associadas às suas condições econômicas e sociais, deixavam de praticá-los.
Quanto aos aprendizados adquiridos com a atividade, os estudantes afirmaram ter desenvolvido segurança quanto à técnica correta de aferir pressão, bem como ter desenvolvido aperfeiçoamento da relação médico paciente e aprendizado relativo à importância da abordagem preventiva em saúde.


Aprendizado e Análise Crítica
A extensão tem um potencial grandioso, primeiro pelo fato de prestar educação em saúde àqueles que zelam pela universidade que, por vezes, não tem acesso a serviços essenciais em sua UBS. O segundo ponto importante é o da ação proporcionar ao estudante um ambiente favorável a aplicação de conhecimentos teóricos e ampliação das “visões de mundo”, aproximando-as das reais condições de vida dos pacientes. Para os estudantes, coloca-se como estímulo para o aprendizado, já para os servidores é benéfico pelas informações circulantes, serviço prestado e escuta atenciosa e acolhedora que recebem. Essas vivências contribuem no sentido de despertar a atenção para a saúde e para a formação de um profissional que atenda às expectativas do modelo de saúde vigente e do paradigma de produção social da saúde. Ademais, na pluralidade, os terceirizados comentaram que fazia anos que não se dirigiam a UBS para acompanhar seu quadro de saúde, ato que evidencia a importância da prática. Como considerações finais, tem-se que a atuação mostrou-se relevante socialmente: muitas pessoas foram atendidas e, apesar das limitações quanto à abordagem somente de uma parcela do grupo de trabalhadores, declararam satisfação com a atividade, mostraram-se encorajadas a falar sobre a ação com outros colegas, buscar por tratamento nos equipamentos de saúde, bem como a terem um estilo de vida mais saudável.

Referências
I DIRETRIZ BRASILEIRA DE PREVENÇÃO CARDIOVASCULAR, Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2013

CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA - ESTRATÉGIAS PARA O CUIDADO DA PESSOA COM DOENÇA CRÔNICA – Hipertensão Arterial Sistêmica, Ministério da Saúde, 2013;

CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA - PREVENÇÃO CLÍNICA DE DOENÇA CARDIOVASCULAR; CEREBROVASCULAR E RENAL CRÔNICA, Ministério da Saúde, 2006; 

Global report on hypertension: the race against a silent killer. Geneva: World Health Organization; 2023. Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO;

MANTOVANI, E. P.; FORTI; V. A. M. EPIDEMIOLOGIA, ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE. Saúde Coletiva e Atividade Física. CAMPINAS:IPES EDITORIAL, 2007, v. 1, p. 11-16.;

PETTERLE, W. C.; POLANCZYK, C. A. AVALIAÇÃO CRÍTICA DOS ESCORES DE RISCO. Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio Grande do Sul. 2011;

ROCHA, L. Doenças não transmissíveis se tornam principal causa de morte no mundo, diz OMS. CNN, 2022.


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