06/11/2024 - 13:30 - 15:00 RC3.4 - Experiencias e estudos em regulação dos serviços de saude, contratação e auditoria |
51451 - GESTÃO DA REGULAÇÃO ASSISTENCIAL EM REDE REGIONALIZADA NA ATENÇÃO ÀS HEPATITES VIRAIS JOSUÉ SOUZA GLERIANO - UNEMAT, CARLISE KREIN - EERP/USP, DEBORA APARECIDA DA SILVA SANTOS - UFR, MONYLLA GOMES LUDWIG - UNEMAT, WHAGDA KEREN ALVES RODRIGUES - UNEMAT, LUCIELI DIAS PEDRESCHI CHAVES - EERP/USP
Apresentação/Introdução Aos países latino-americanos, a Organização Pan-Americana da Saúde elaborou marco conceitual que sustenta a organização de Redes Integradas de Serviços de Saúde (RISS), para ampliar a resposta do Sistema de Saúde (SS), tendo a Atenção Primária à Saúde (APS) como ordenadora do sistema (OPAS, 2010). No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) que caracteriza-se como promotor de equidade por prover acesso tanto às parcelas mais vulneráveis da população, quanto aquelas que possui seguro de saúde, quando estes necessitam, tem na organização da rede de serviços de saúde muito mais descentralização do que organização regionalizada (Cohn; Gleriano, 2021). No que tange a resposta de um SS à agravos, em especial às hepatites, que é considerada um problema mundial de saúde pública visto que contribui significativamente para a carga de cuidados (WHO, 2017), a resposta do SS perpassa pela sua capacidade de organização do acesso em RISS. Diante do exposto questiona-se: Como se apresenta a atenção às hepatites virais sob a perspectiva da gestão do cuidado integral em uma rede de saúde regionalizada?
Objetivos Analisar a atenção às hepatites virais sob a perspectiva da gestão do cuidado em uma rede de saúde regionalizada.
Metodologia Pesquisa descritiva, exploratória de abordagem qualitativa realizada em uma região de saúde do estado de Mato Grosso, escolhida pela centralidade da atenção às hepatites, além de forte dependência da regional de orientações do serviço de referência para condução de casos nos dez municípios da região. Os participantes foram enfermeiros da Atenção Primária a Saúde (APS) e gestores dos municípios e do serviço de referência, todos com critério de estarem vinculados ao serviço por pelo menos um ano. Foram realizados três grupos focais, dois com enfermeiros e um com os gestores, mediado por um roteiro, construído pelos pesquisadores que contemplava questões sobre a abordagem às hepatites na unidade de saúde, ações específicas para a população alvo no território, práticas de gestão e regulação assistencial e as dificuldades ao desenvolvê-las, monitoramento dos casos e da rede de serviços. O material foi transcrito na íntegra e para interpretação optou-se pela análise temática. O corpus da análise foi relacionado a matriz para análise da gestão do cuidado integral em rede regionalizada de saúde - Integração e regulação assistencial (Santos; Giovanella, 2016)
Resultados e Discussão Foram convidados 53 profissionais, que constituíram partes interessadas stakeholders da rede de atenção da RS para as hepatites virais, deste 45 participaram. São municípios com alta cobertura de APS, dependência laboratorial e de atenção especializada da rede privada de saúde, mas no caso das hepatites no que se refere a testagem, diagnóstico e tratamento é inteiramente no SUS. No nível político-institucional nota-se ausência de estudos técnicos de vazios assistenciais, baixo investimento em ações para as hepatites tendo centralidade no SAE para promover resposta mais rápida de regulação. Não houve registro de restrição do acesso ao diagnóstico nem ao tratamento com suporte de Serviço de Apoio Diagnóstico Terapêutico (SADT). No nível organizacional a atenção às hepatites predomina no SUS, tendo o setor privado apenas na prestação de serviços de exames laboratoriais nos municípios que não possuem suporte público, mas com registro de exames serem realizado no SAE daqueles que foram encaminhados pelos municípios com testagem positiva. A testagem possui enfoque na APS, mas com registro em alguns municípios no pronto atendimento e em laboratórios. O registro da atenção não é informatizado e o uso da Telessaúde não é um dispositivo utilizado pelos profissionais dos municípios, com exceção do SAE. No nível de práticas existe definição de fluxos de referência nos serviços de saúde que facilita a tomada de decisão do profissional, mas o monitoramento do usuário pelo serviço que o referenciou fica fragilizado pela ausência de sistemas informatizados que se comuniquem. As dúvidas de ação da clínica dos profissionais são colocadas no WhatsApp, demandando a necessidade de investimento na elaboração de protocolos clínicos e cursos de capacitação na abordagem clinica às hepatites.
Conclusões/Considerações finais A análise da atenção às hepatites virais sob a perspectiva da gestão do cuidado integral em uma rede de saúde regionalizada revela um cenário multifacetado, mas com oportunidades de melhoria por meio do reconhecimento do aprimoramento da infraestrutura tecnológica e do investimento na descentralização da testagem e tratamento, com suporte de apoio entre os níveis de atenção na rede de saúde regionalizada. Sob o ponto de vista da governança e da capacidade de reorganização regional, a análise revela a necessidade de investimento com compromisso contínuo para sustentar a descentralização com subsídios de uso de tecnologias de informação integradas para maior coordenação e colaboração entre os diferentes níveis de atenção à saúde.
Referências COHN, A.; GLERIANO, J. S. A urgência da reinvenção da Reforma Sanitária Brasileira em defesa do Sistema Único de Saúde. R. Dir. sanit. 2021;21:e0012. doi: 10.11606/issn.2316-9044.rdisan.2021.159190
ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD. Redes Integradas de Servicios de Salud: Conceptos, Opciones de Política y Hoja de Ruta para su Implementación en las América. Washington: . Organización Panamericana de la Salud; 2010.
SANTOS, A. M.; GIOVANELLA, L.. Gestão do cuidado integral: estudo de caso em região de saúde da Bahia, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 32, n. 3, p. e00172214, 2016.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global hepatitis report, 2017. Geneva: World Health Organization; 2017.
Fonte(s) de financiamento: Ministério da Saúde/Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Mato Grosso
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