49216 - ABSENTEÍMOS DE CONSULTAS AGENDADAS EM POLICLÍNICAS NO ESTADO DO CEARÁ ESPEDITO AFONSO JÚNIOR - UNINASSAU, ANTÔNIA WALDIANA LIMA LEANDRO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ-UFC, MARIA DO SOCORRO DE SOUZA NOGUEIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ-UFC, LUCÉLIA RODRIGUES AFONSO - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ-UECE
Apresentação/Introdução
O absenteísmo em saúde é o ato do paciente faltar consultas e exames agendados sem aviso prévio ao estabelecimento de saúde. Segundo Santos (2008); Bender (2010), é amplamente reconhecido como um desafio significativo em escala global no campo da saúde, resultando em um uso ineficaz de recursos tanto em instituições públicas quanto privadas.
No estudo realizado por Beltrame et al (2019), foi evidenciado que o absenteísmo está associado com alguns fatores, como esquecimento, falta de comunicação entre o serviço e o usuário, paciente que melhorou dos sintomas, consultas ou procedimentos agendados no horário de trabalho, problemas com transportes e dia da semana que a consulta foi marcada.
Os fatores elencados anteriormente trazem repercussões negativas como crescimento da fila de espera, amplas demandas por urgência, recursos públicos gastos desnecessariamente, menor produtividade, perda da efetividade clínica e gestora. Tais consequências implicam na ampliação dos custos saúde, criando gastos sociais, impulsionando comportamentos negativos do profissional que pode resultar em atrasos no diagnóstico e tratamento adequados. Em suma, o absenteísmo é um fenômeno multicausal, com consequências para todos os envolvidos: gestão, trabalhador e usuário. Esta pesquisa é relevante por oferecer o panorama do absenteísmo em consultas e procedimentos em um estado do Nordeste Brasileiro.
Objetivos OBJETIVO GERAL:
Identificar o computo dos absenteísmos em consultas e procedimentos nas Policlínicas do Estado do Ceará.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Alertar usuários do SUS sobre as consequências da falta em consultas e procedimentos agendados.
Propor políticas organizacionais de redução do absenteísmo nas unidades de saúde no estado do Ceará
Incentivar a comunicação efetiva entre profissionais de saúde e usuários do SUS para evitar a falta nas consultas e procedimentos previamente agendados
Metodologia Realizou-se um estudo epidemiológico, ecológico, com dados da plataforma de transparência da gestão pública e saúde do Ceará. O IntegraSUS é uma plataforma de transparência da gestão pública de saúde do Ceará desenvolvida pela SESA-CE, cujo objetivo é subsidiar o monitoramento dos principais indicadores de saúde do estado, via integração em tempo real das informações em saúde do Estado para acesso público e proposição de estratégias para tomada de decisões. Congrega os sistemas de monitoramento e gerenciamento epidemiológico, hospitalar, ambulatorial, administrativo, financeiro e de planejamento da SESA-CE.
Para este estudo foi considerando o recorte temporal de janeiro de 2020 a dezembro de 2023. Os dados foram coletados em janeiro de 2024, foram considerados os números de atendimentos e faltas por ano, percentual de faltas por dia e turno e as faltas por especialidades. Considerou-se também o tipo de consulta e procedimentos e o quantitativo foi demonstrado em forma de percentuais.
Seguiu-se a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Os dados e informações utilizados no estudo são de domínio público, dispensando submissão a Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).
Resultados e Discussão De acordo com o levantamento dos dados, nos anos elencados para o estudo, o Estado do Ceará teve um total de 2.964,922 consultas agendadas e 801.973 faltas, em relação aos dias da semana e turno as faltas ocorreram em maior número em dias de segunda-feira no turno da tarde com um total de 22,89% dos absenteísmos.
Já em relação as faltas por especialidades 84,87% das faltas foram para serviços radiológicos, 70,89% para médicos radiologistas, 65,56% em serviços de fisioterapia geral, 37,16% foram para consultas com cardiologista, 29,39% em consultas ginecológicas, 24,86% psicologia, 21,20% oftalmologia, 20,77% médico ortopedista, 20,09% com profissional Enfermeiro, 16,57% nutricionista, 16,16% terapia ocupacional, 15,72% médico otorrino,27,32% fonoaudiólogo, médico gastroenterologista 13%, 12,98% técnico em enfermagem, 12,77% dermatologista, 12,10% urologista, 12,63% farmacêutico, 9,49% endocrinologista, 8,46% pediatra, 8,44% serviço de endoscopia, 8,08% neurologista, 5,58% médico cirurgião, 4% médico angiologista, 3,52% clinico geral, 1,74% reumatologista, 1,39% medico em cirurgia vascular, 1,17% assistência social, 1,03 fisioterapia respiratória, 0,91% biomédico, 0,8% neurocirurgião, 0,26% musicoterapia.
Resultados semelhantes foram apontados no estudo de Baptiste et al; (2023) realizado no interior de São Paulo, em especialidades com Cardiologia, Dermatologia, Gastrologia Cirúrgica, Gastrologia Clínica, Mastologia, Nefrologia, Neurologia Cirúrgica, Neurologia Clínica, Oftalmologia, Ortopedia, Urologia e Cirurgia Vascular, do total de 120.891 (100%) agendamentos realizados nas especialidades estudadas, foram registrados 22.550 (18,65%) ausências entre os pacientes maiores de 18 anos no período de 1 ano.
Conclusões/Considerações finais A população geral carece de consultas e procedimentos especializados, no entanto, o absenteísmo é expressivamente elevado nas policlínicas do Estado do Ceará. Porém é grande o número de pessoas que faltaram as consultas e procedimentos nas policlínicas do estado do Ceará, o que causa prejuízos significativos ao Sistema Único de Saúde como também a pacientes que ainda estão em filas de espera aguardando por um atendimento especializado.
Nessa conjuntura torna-se importante a realização de estudos que apontem as causas das faltas nessas consultas e procedimentos, para que se possa traçar estratégias que possa atender a população de maneira adequada e que recursos sejam alocados onde mais precisa, para evitar os desperdícios de verbas com saúde.
Os resultados obtidos com o estudo atingiram o objetivo de conhecer o absenteísmo no serviço de saúde de atendimentos especializados nas policlínicas de um estado do Nordeste brasileiro confirmando a necessidade de melhoria na organização.
Referências BAPTISTA, S.C.P.D; JULIANI, C.M.C.M; SPIRI, W.C; CORRENTE, J.E. Caracterização do absenteísmo dos pacientes em consulta médica em ambulatório. São Paulo: Rev Recien. 2023; 13(41):480-490. DOI: https://doi.org/10.24276/rrecien2023.13.41.480-490
BELTRAME, S.M; OLIVEIRA, A.E; SANTOS, M.A.B; NETO, E.T.S; Absenteísmo de Usuários com Fato de Desperdício: Desafios para a sustentabilidade em Sistema Universal de Saúde. Saúde debate 43 (123) Oct-Dec 2019. https://doi.org/10.1590/0103-1104201912303.
SANTOS, J.S. Absenteísmo dos usuários em consultas e procedimentos especializados agendados no SUS: um estudo em um município baiano. Vitória da Conquista. Dissertação [dissertação]. Salvador: Universidade Federal da Bahia; 2008; 33 p.
BENDER, A.D.S; Molina, L.R; MELLO, A.L.S.F.D. Absenteísmo na atenção secundária e suas implicações na atenção básica. Espaç Saúde (Online). 2010; 11(2):56-65.
Fonte(s) de financiamento: Inexistente
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