50299 - MAIS (QUE) UM GRUPO NA ATENÇÃO BÁSICA: VIVÊNCIAS, POTÊNCIAS E LIMITES DE UM GRUPO DE DANÇA RAFAELA MARIA RODRIGUES - PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARULHOS, MÔNICA MARTINS DE OLIVEIRA VIANA - INSTITUTO DE SAÚDE DE SÃO PAULO, MARIA IZABEL SANCHES COSTA - INSTITUTO DE SAÚDE DE SÃO PAULO
Contextualização Práticas corporais e a atividade física compõem uma das oito ações priorizadas pela Política Nacional de Promoção da Saúde, publicada em 2006. Essas práticas podem ser adotadas como ferramenta de cuidado, visto que promovem mudanças positivas na saúde física, psicológica e social dos praticantes, indo para além do simples gasto calórico. A prática da dança, em específico, contribui para o aumento da força muscular, controle da pressão arterial e do peso, redução dos quadros de estresse, ansiedade e depressivos, além de melhorar as interações sociais dos indivíduos. Por esses motivos, tem sido utilizada na prevenção de queda em idosos, na melhora da autoestima e no enfrentamento do estigma do tratamento do câncer de mama em grupos de mulheres. Nota-se na dança, a possibilidade de proporcionar a coprodução, a autonomia e fortalecer os praticantes para a problematização dos determinantes sociais do processo saúde-doença.
Descrição da Experiência O grupo de dança “Cumbica Dance” foi criado em 2016 pela equipe NASF e uma enfermeira de saúde da família, no município de Guarulhos - SP. Em quase oito anos, o grupo já soma 251 encontros. As aulas semanais ocorrem no salão cedido por um equipamento religioso do território. Compõe-se de cerca de sessenta minutos de dança coreografada, associada a rodas de conversa mensais. O grupo é aberto, mas é majoritariamente formado por mulheres. Excursões e apresentações artísticas em eventos da prefeitura foram realizadas. Atividades de busca ativa para exames de rastreamento e diagnóstico de agravos como câncer das mamas e teste rápido de IST também estão previstas no grupo. Através de um aplicativo de mensagens, as participantes recebem a programação mensal das aulas e mantém uma constante interação.
Objetivo e período de Realização Discutir a experiência de um grupo de dança na atenção básica como ferramenta na promoção da saúde da mulher, numa dimensão emancipatória.
Agosto de 2016 até o presente momento.
Resultados O grupo foi avaliado recentemente e alguns dos pontos fortes destacados foram o acolhimento, os benefícios para a saúde física e mental, o prazer no contato com a música e o grupo, um ambiente alegre, resultando em mudanças significativas na forma de conduzir a vida. A interação e a possibilidade de falar de si foram mencionadas pelas participantes como essencial para o enfrentamento dos problemas diários. A dança, na grupalidade, parece ter sido capaz de unir, criar fortes laços de amizades, e proporcionar um sentimento de pertencimento, de não estarem sozinhas, estimulando o empoderamento dessas mulheres. Muitas delas enfrentaram situações como a fome, a violência, o racismo, a violência doméstica e lutos trágicos, que no grupo de dança puderam ser coletivizadas e ressignificadas, também como expressão corporal. Além disso, começaram a cuidar mais da sua saúde, ouvir e aprender mais com o outro nas rodas de conversa.
Aprendizado e Análise Crítica Começamos o grupo de dança para estimular a prática de atividade física e pela identificação pessoal dos profissionais pela dança. Em pouco tempo mudanças físicas foram observadas e novas necessidades foram aparecendo, pois tínhamos mulheres que queriam se cuidar mais, aprender mais e viver melhor. Em resposta, surgiram as rodas de conversa. Dessa junção, foi possível observar que o nosso público feminino demandava por outros olhares, um olhar que muitas vezes fica restrito ao objetivo primário dos grupos “temáticos”. Fomos surpreendidas com essa necessidade de olhar ampliado para o feminino, e para a opressão, e assim buscamos fazer parcerias e aperfeiçoar as atividades oferecidas. Diante do potencial transformador que a possibilidade de incorporação de mudanças em prol da ampliação do objeto do grupo, defendemos a problematização contínua dos grupos, e da promoção da saúde na atenção básica.
Referências Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Promoção da Saúde. Guia de Atividade Física para a População Brasileira [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Departamento de Promoção da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2021.
Rodrigues RM. O papel do grupo de dança no cuidado ampliado às mulheres: experiência na atenção básica de Guarulhos – SP. Dissertação (Mestrado) – Programa de Mestrado Profissional em Saúde Coletiva da Coordenadoria de Recursos Humanos da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/ses/resource/pt/biblio-1538014.
Schneider AS, Ceolin S, Badke MR, Heisler EV, Lautenschleger G, Costa AR. Aplicabilidade e benefícios da dançaterapia como prática de cuidado em saúde: uma
revisão integrativa. Research, Society and Development. 2020;9(7):e344974009.
Fonte(s) de financiamento: Financiamento próprio
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