Roda de Conversa

06/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC2.20 - Problemas negligenciados nas populações vulnerabilizadas

54340 - BUSCA ATIVA E MOBILIZAÇÃO COMUNITÁRIA PARA DETECÇÃO DE CASOS DE HANSENÍASE EM UM DISTRITO NA CIDADE DE SOBRAL, NO ESTADO DO CEARÁ
ANA CARLA DE SOUSA OLIVEIRA - UVA, LARISSE ARAÚJO DE SOUSA - SMS, DANIELLI MENDES DE SOUSA - SMS, LETICIA REICHEL DOS SANTOS - SMS, SOCORRO EMANUELA NUNES DA SILVA - NHR, AYMEE MEDEIROS DA ROCHA - NHR, MARIA IASMYM VIANA MARTINS - NHR, SILVIA CRISTINA MACHADO VASCONCELOS - SMS, LARISSA LINHARES RORIZ DAMASCENO - SMS, GABRIELA DE ANDRADE LIMA - UVA


Contextualização
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada principalmente pelo Mycobacterium leprae e pode acometer pessoas de qualquer idade, sua transmissão acontece pelo contato próximo e prolongado com um indivíduo com o bacilo e sem tratamento através das vias respiratórias (Silveira et al.,2023). A estratégia global da OMS para a hanseníase 2021-2030 reflete mudanças epidemiológicas e concentra-se na interrupção da transmissão e obtenção de zero casos (OMS, 2021). A estratégia global da OMS para a hanseníase 2021-2030 reflete mudanças epidemiológicas e concentra-se na interrupção da transmissão (OMS, 2021). Alinhado a isso, a cidade de Sobral, no Ceará, tem antecedentes de alta endemicidade para a doença. O município possui dezessete distritos, com destaque para Jaibaras, onde a Fundação NHR Brasil atua em projetos. No início do presente ano, identificou-se aumento no número de diagnósticos de hanseníase, o que alertou a organização em pensar estratégias, junto ao município. Com a equipe do eixo Zero Transmissão, que trabalha no aprimoramento das ações de vigilância da doença, realizou-se um mutirão em parceria com o Centro de Saúde da Família.

Descrição da Experiência
Trata-se de um estudo de intervenção comunitária, com realização de 04 momentos. Primeiro momento se concedeu através de reunião de planejamento envolvendo a equipe da Fundação NHR Brasil, representantes do projeto Zero Transmissão, profissionais do Centro de Saúde da Família e gestores da Secretaria Municipal de Saúde de Sobral. Segundo momento foi conduzido pela equipe do Projeto no qual forneceram uma oficina de formação para os agentes comunitários de saúde. Utilizou-se nessa formação o instrumento: Questionário de Suspeição da Hanseníase (QSH) com a finalidade de ser aplicado durante as visitas domiciliares que realizariam a busca ativa desse público alvo do momento. O terceiro momento se desenvolveu através de visitas domiciliares e a aplicação do questionário, bem como as avaliações por parte da equipe mínima do CSF aos pacientes em tratamento e os contatos intradomiciliares desses casos índices que foram de suma importância para compor o cenário do mutirão. O quarto momento culminou na realização do mutirão ocorrido no dia 26/04/2024 no Centro de Saúde da Família Leda Prado IV, no distrito de Jaibaras, Ceará. A ação foi realizada com a participação de uma médica dermatologista e hansenologista, 02 enfermeiras com experiência no diagnóstico clínico, 01 farmacêutica bioquímica, 01 auxiliar de laboratório para coleta de amostras de baciloscopia e a equipe mínima do CSF.

Objetivo e período de Realização
Objetivo: Descrever o processo de trabalho e os resultados de uma ação de busca ativa para detecção de casos de hanseníase em área endêmica no interior do Estado do Ceará. Período de realização: Ação realizada no período de 01/03/2024 a 19/04/2024.

Resultados
Junto à equipe do eixo Zero Transmissão, que trabalha no aprimoramento das ações de vigilância da doença, realizou-se um mutirão em parceria com o CSF afim de detectar precocemente os casos de hanseníase no território. No mesmo tempo em que as pessoas presentes eram examinadas, se processou uma capacitação em serviço para os médicos, enfermeiros, dentistas, fisioterapeutas e outros profissionais do CSF, tratando-se de uma etapa definida como Matriciamento pelo Projeto Zero Transmissão da Fundação NHR Brasil. Ao todo, no dia do mutirão, foram avaliadas 63 pessoas, sendo 02 casos confirmados e 01 em andamento avaliativo com exames complementares para possível diagnostico. A taxa de detecção da população examinada no mutirão foi de 3,17%. Entre os exames realizados 11 testes rápidos (ML Flow) (03 foram reagentes - os desses, 01 foi diagnosticado e 02 seguiram com acompanhamento), e 11 baciloscopias. Nesse ínterim, para além da clínica, do diagnóstico precoce e tratamento oportuno, essa ação foi forma de prevenção, sensibilização e mobilização da comunidade e dos profissionais.

Aprendizado e Análise Crítica
Mutirões são importantes como rastreio em áreas onde as pessoas eventualmente buscam pouco o serviço de saúde em casos de sinais e sintomas sugestivos da hanseníase, como nesta área rural em Sobral. A detecção e o tratamento dos casos precocemente pode prevenir essas incapacidades e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. O uso do QSH parece ter sido um bom instrumento de triagem, considerando a taxa de detecção de casos com hanseníase, registrada na amostra do mutirão. O mutirão permitiu uma excelente oportunidade de capacitação dos profissionais, haja visto que pessoas com diferentes diagnósticos diferenciais para hanseníase puderam ser examinadas e os casos discutidos com a especialista presente. Os mutirões também oferecem uma oportunidade para educar a comunidade sobre a hanseníase, seus sintomas, tratamento e prevenção, aumentando a conscientização e promovendo a busca por cuidados de saúde.

Referências
AMARAL, V. F. et al. Fluxograma para a Vigilância de Contatos de Hanseníase na Estratégia Saúde da Família. Rev. SANARE, v. 22, n. 1, p. 50-59, 2023. Disponível em: https://sanare.emnuvens.com.br/sanare/article/view/1648/855. Acesso em 13 de maio 2024.

Organização Mundial da Saúde. Estratégia Global de Hanseníase 2021-2030 “Rumo a zero hanseníase”. Nova Deli: Escritório Regional para o Sudeste Asiático; 2021. Acesso em 12 de maio 2024.

SILVEIRA, R. C. et al. Hanseníase: a Perspectiva da mãe sobre a doença do filho. Rev. CEREUS, v. 15, n. 1, p. 239-254, 2023. Disponível em: http://www.ojs.unirg.edu.br/index.php/1/article/view/4095/2036. Acesso em 14 de maio de 2024.


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