Roda de Conversa

06/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC2.20 - Problemas negligenciados nas populações vulnerabilizadas

51225 - VIGILÂNCIA E GESTÃO DO CUIDADO DAS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EM UMA REGIÃO LITORÂNEA: DESAFIOS COM FOCO NAS VULNERABILIDADES EM SAÚDE
TAINA DE JESUS ALVES PORTELA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - CAMPUS SOBRAL, JOSÉ DAVI JOVINO FARIAS - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UVA, MARIA ADELANE MONTEIRO DA SILVA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UVA, NIELE DUARTE RIPARDO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - CAMPUS SOBRAL, ANTONIA TAINÁ BEZERRA CASTRO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - CAMPUS SOBRAL, ANTÔNIO RODRIGUES FERREIRA JÚNIOR - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE, CIBELLY ALINY SIQUEIRA LIMA FREITAS - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UVA, AMANDA SOUZA BARBOSA HOLANDA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UVA, TATIANE DE SOUSA PAIVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - CAMPUS SOBRAL


Apresentação/Introdução
As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) representam grave problema de saúde pública com relevância epidemiológica. Isto se deve a fatores como o aumento das relações sexuais desprotegidas, dentre outras condições que envolvem situações vulnerabilizantes. As situações de vulnerabilidade em saúde constituem desafios para a vigilância e gestão do cuidado (Santos; Lopes, 2022).
A vulnerabilidade em saúde compreende as relações de poder entre sujeito-social, tendo dentre outros componentes as questões econômicas, sociais e culturais, que podem levar a uma condição de precariedade, caso o empoderamento não seja vivenciado (Florêncio; Moreira, 2021). Esses aspectos são visualizados mais fortemente em algumas regiões, como em localidades litorâneas. O turismo pode ser um catalisador ambivalente na propagação das IST, sobretudo HIV/Aids, pois ao mesmo tempo em que promove o crescimento econômico e cultural, também aumenta o risco de exposição a práticas sexuais desprotegidas.
Assim, torna-se fundamental ações de vigilância, articuladas entre a gestão, usuário e profissional, com a participação dos diferentes setores. para adoção e aplicação diferenciada das políticas públicas de saúde com enfoque nas vulnerabilidades em saúde, haja vista a redução do risco de acometimento dessas infecções especialmente nas comunidades litorâneas.

Objetivos
Analisar os desafios da vigilância e gestão do cuidado para prevenção e controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis/HIV/Aids em uma região litorânea do Ceará, na perspectiva das vulnerabilidades em saúde.

Metodologia
Estudo qualitativo realizado na 12ª Área Descentralizada de Saúde de Acaraú composta por 7 municípios. A escolha desse cenário foi motivada pelos indicadores desfavoráveis com base nos boletins epidemiológicos desde o ano de 2020, visto a divisão do Sistema Estadual de Saúde do Ceará em cinco macrorregiões e 22 regiões de saúde, de acordo com o Plano de Regionalização instituído, em virtude do processo de regionalização e municipalização da saúde, conforme princípios do SUS.
Os participantes selecionados corresponderam a 11 gestores em saúde dos municípios com exercício no cargo a pelo menos um ano. A coleta de dados correspondeu ao período de maio a agosto de 2022, por meio da aplicação de entrevistas semiestruturadas, com cerca de 20 minutos de duração, gravadas e com posterior transcrição para análise por meio da Técnica de Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) de Levéfre. O projeto de pesquisa obteve apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa com aprovação sob o parecer 5.406.014.


Resultados e Discussão
Evidenciaram-se no discurso dos gestores desafios socio-programáticas relacionadas ao caráter litorâneo da região. As características regionais favorecem o turismo e com isso, a circulação excessiva de pessoas de outros países e demais estados brasileiros, sobretudo nos períodos de alta estação, dificultando a prevenção e controle das IST. O sexo desprotegido ainda se apresenta como principal meio de transmissão. A alta mobilidade da população devido ao turismo sazonal repercute no vínculo dos profissionais com a comunidade, interferindo no diagnóstico precoce e no seguimento dos casos.
Outro aspecto apontado foi o estigma associado a essas doenças, levando os moradores a omitirem os sintomas e evitarem procurar a unidade de saúde com medo do julgamento dos vizinhos. Isso contribui para subnotificação dos casos, comprometendo o rastreio das infecções e a atuação da vigilância epidemiológica e subestimando a realidade local, acarretando a ausência do planejamento de estratégias para prevenção e controle das IST (Almeida et al., 2023).
A intersetorialidade foi evidenciada como uma prática no enfrentamento da problemática e foi apontada como uma potencialidade. Entretanto, secretarias municipais como: Turismo e Cultura, Agronegócios e Desenvolvimento Econômico devem também ser consideradas, além dos setores da Saúde e Educação. A sociedade civil e suas instancias representativas precisam fazer parte do planejamento em saúde no sentido de construir estratégias condizentes com a realidade local e como ferramenta potencializadora da participação social. As comunidades anfitriãs necessitam oportunizar espaços de discussão nessas regiões com o envolvimento de todos, buscando resolutividade e integralidade na gestão do cuidado frente esses agravos (Santos; Lopes, 2022).


Conclusões/Considerações finais
As características da região litorânea em estudo demonstraram situações de vulnerabilidades que permeiam o processo de trabalho e comprometem a vigilância e a gestão do cuidado na prevenção e controle da transmissão das IST/HIV/Aids. A percepção dos gestores quantos aos desafios ligados principalmente a mobilidade e ao estigma, apontam para a necessidade de fortalecimento do vínculo profissional e para qualidade dos registros e notificação.
Estratégias intersetoriais precisam ser construídas, indo além dos setores da saúde e da educação, com forma de minimizar as vulnerabilidades locais. O turismo pode constituir aliado nesse processo quando contribui para o desenvolvimento econômico da região, entretanto, os atores envolvidos necessitam ser integrados. O incentivo a participação social surge como possibilidade de potencialização do planejamento em saúde, com vistas ao fortalecimento da gestão no enfrentamento das IST/HIV/Aids.


Referências
SANTOS, T.S.M.; LOPES , A.O.S. Testes Rápidos para Infecções Sexualmente Transmissíveis na Atenção Básica: : desafios e estratégias da enfermagem. Revista Enfermagem Atual In Derme, v. 96, n. 40, 2022. DOI: 10.31011/reaid-2022-v.96-n.40-art.1561. Acesso em: 26 maio de 2024.
ALMEIDA, T.L.S de.; CAVALHEIRA, A.P.P.; GONÇALVES, I.R.; ALMEIDA, A.S de. As subnotificações dos casos de sífilis congênita e suas implicações na infecção: Uma revisão integrativa. Research, Society and Development, v. 12, n. 11, 2023. DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v12i11.43575. Acesso em: 26 maio de 2024.
FLORÊNCIO, R.S; MOREIRA, T.M.M. Modelo de vulnerabilidade em saúde: esclarecimento conceitual na perspectiva do sujeito-social. Acta Paul Enferm., v. 34, 2021. Disponível em: http://www.scielo.br/j/ape/a/j5R4zLdBMPzwyPjKqYRHsFz/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 26 maio de 2024.

Fonte(s) de financiamento: Bolsa de Produtividade em Pesquisa, Estímulo à Interiorização e à Inovação Tecnológica – BPI/FUNCAP


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