49082 - DESIGUALDADES EM SAÚDE ASSOCIADO A LETALIDADE POR SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE POR COVID-19 NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO JULIANA DE SOUZA SILVA - UFRJ -IESC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA, NATALIA SANTANA PAIVA - UFRJ -IESC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA, MARINA FAGUNDES GUEIROS - UFRJ -IESC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA, MAYARA CASSIMIRA SOUZA - UFRJ -IESC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA
Apresentação/Introdução A contaminação por SARS-CoV-2 em 2020 trouxe impacto nas vidas dos indivíduos em nível global devido o alcance e a velocidade com a qual se disseminou. Este problema provocou também uma desordem socioeconômica que se relacionou aos determinantes sociais em saúde (SOUZA, 2020).
As infecções respiratórias, representam um problema de saúde pública mundial, por ser um importante causa de morbimortalidade. A COVID-19 possui marcante evolução para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) com desproporcional letalidade e mortalidade em todo o mundo, afetando principalmente grupos vulneráveis (MIDDYA, 2021).
O Brasil, um país globalmente desenvolvido no sistema capitalista, apresenta diversidade geográfica, desenvolvimento econômico e vulnerabilidade social evidente dentro de uma mesma sociedade, entre cidades e estados (BARRETO, 2017).
A pandemia expôs as fragilidades da nossa sociedade, mas também nos desafia a repensar nossas práticas e políticas em saúde de forma a garantir um futuro mais justo e equitativo para todos os cidadãos.
Diante do exposto o presente estudo tem seu delineamento norteado pela análise das desigualdades em saúde associado a letalidade por síndrome respiratória aguda grave por COVID-19 no município do Rio de Janeiro.
Objetivos Baseado nas disparidades sociais e na distribuição econômica heterogênea este estudo busca compreender a relação entre as desigualdades sociais relacionadas às condições de saúde, situação socioeconômica e a letalidade hospitalar de SRAG por COVID-19 por região administrativa de saúde em pessoas com 18 anos ou mais, residentes do município, no período compreendido entre junho de 2021 a maio de 2022 no município do Rio de Janeiro (RJ).
Metodologia Realizou-se um estudo transversal com uso de dados secundários não nominais, de domínio público, das notificações de casos confirmados de SRAG por COVID-19 em residentes com 18 anos ou mais do município do Rio de Janeiro com desfecho evolução do caso para não óbito e óbito.
O município do Rio de Janeiro (MRJ), localizado no estado do Rio de Janeiro, na região Sudeste do Brasil, é considerado um dos principais centros econômicos, culturais e financeiros do país. O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) do Rio de Janeiro é de 0,79, sendo classificado como “alto” pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Contudo o índice é considerado pouco homogêneo quando avaliado e observado as discrepâncias entre bairros.
Realizada análise descritiva da letalidade hospitalar de SRAG por COVID-19 por região administrativa de saúde para verificar a possível associação entre a vulnerabilidade social e o desfecho.
A manipulação e análise dos dados foram realizadas no Software Livre R versão 4.0.5
Resultados e Discussão De junho de 2021 até maio de 2022, foram notificados 3.923 casos confirmados de SRAG por COVID-19 em residentes do MRJ com 18 anos ou mais de idade, sendo removidos desta análise 133 (3,4%) indivíduos que tinham evolução do caso registrados como “ignorado” ou “sem preenchimento”. Dos 3.790 casos e, 1.245 (32,8%) evoluíram para óbito.
A distribuição dos casos, óbitos e letalidade de SRAG por COVID-19 por Regiões Administrativas (RA’s) no MRJ que apresentaram maior percentual de casos foram Jacarepaguá (11,03%) seguido por Campo Grande (10,08%), Meier (6,07%), Barra da Tijuca (5,78%), Bangu (5,49%). Ao analisar a distribuição dos óbitos no MRJ, verificou-se que os maiores percentuais estavam nas RA’s Campo Grande (10,20%), Jacarepaguá (9,00%), Santa Cruz (6,10%), Madureira (6,10%) e Meier (5,94%). As RA’s Ilha de Paquetá e Complexo do Alemão apresentaram zero casos.
A letalidade por SRAG por COVID-19 (%), no período do estudo, por RA no MRJ alcançou resultados entre 22,95% e 57,14%, Vigário Geral e Rocinha, respectivamente. Foi observado Guaratiba (22,97%), Barra da Tijuca (23,74%), Jacarepaguá (26,79%) localizadas na zona oeste do MRJ apresentaram melhores resultados, sendo a Barra da Tijuca e Jacarepaguá possuidores dos melhores índices de progressão social conforme Instituto Pereira Passos (IPP). As RAs, Rocinha (57,14%), Jacarezinho (50,0%) e Maré (47,37%) apresentaram as maiores taxas de letalidade, locais de grande vulnerabilidade social e que possuem os piores índices de desenvolvimento social.
Apesar do Complexo do Alemão, Rocinha, Jacarezinho e Maré serem locais de grandes aglomerados e vulnerabilidade social, apresentaram os menores números de casos demonstrando uma subnotificação dos casos (viés de classificação).
Conclusões/Considerações finais A partir desta análise pôde-se observar que locais de grande vulnerabilidade social e que possuem os piores índices de desenvolvimento socioeconômico apresentaram as maiores taxas de letalidade.
As desigualdades estruturais e os determinantes sociais de saúde são evidenciados pela desinformação e o estigma social sofrida por esta população o que está diretamente ligado as dificuldades de acesso aos serviços de saúde e seus níveis de complexidade.
Neste cenário, acredita-se ser fundamental considerar as dinâmicas territoriais, considerando suas particularidades, a fim de elaborar, planejar e executar táticas para lidar com doenças, como a COVID-19, e para promover a saúde, capazes de atender a diversas demandas sociais, econômicas e culturais desta população.
Referências BARRETO, M. L. Desigualdades em Saúde: uma perspectiva global. Ciência & Saúde Coletiva 2017, v. 22, n. 7, p. 2097-2108. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/XLS4hCMT6k5nMQy8BJzJhHx/?lang=pt. Acesso em: 05 nov. 2022.
MIDDYA, A. I. et al. Geographically varying iferenteip of COVID-19 mortality with iferente factors in India. Scientific reports., 2021; v. 11, n. 1, p. 7890. Disponível em: https://doi.org/10.1038/s41598- 021-86987-5. Acesso em: 05 nov. 2022.
SOUZA, Diego de Oliveira. A pandemia de COVID-19 para além das Ciências da Saúde: reflexões sobre sua determinação social. Ciência & Saúde Coletiva. 2020, v. 25, suppl 1, p. 2469-2477. Disponível em: . Acesso em: 05 nov. 2022.
Fonte(s) de financiamento: Não houve fonte de financiamento.
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