Roda de Conversa

06/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC2.19 - Barreirras, Acesso e Direito a integralidade do cuidado

52855 - PESSOAS COM DEFICIÊNCIA COMO FORÇA DE TRABALHO PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: DESAFIOS E POTENCIALIDADES A PARTIR DA ENFERMAGEM
DÂNDARA LANARA SOUSA CORDEIRO - UFPA, NÁDILE JULIANE COSTA DE CASTRO - UFPA


Contextualização
A inclusão de pessoas com deficiência (PcD) no ensino superior, especialmente na formação de profissionais de saúde, pouco tem avançado na produção e conhecimento pela Enfermagem, ainda que estudos a partir da inclusão destes dentro das universidades apontem as potencialidades enquanto diversidade e singularidades de indivíduos para novos olhares na pesquisa¹. Também é oportunidade para a formação de profissionais para o Sistema Único de Saúde (SUS), haja vista que abrangem desde a promoção da equidade, como a inserção de diferentes profissionais que possibilitem novos olhares a partir da inclusão e da saúde como direito. Por outro lado, oportuniza o desenvolvimento de novas áreas de conhecimento, práticas e tecnologias assistivas em saúde contribuindo para a melhoria da qualidade dos serviços². Além disso, o desenvolvimento de habilidades destes futuros profissionais promove escuta dos desafios, interação entre diferentes realidades dentro de um mesmo espaço e uma compreensão mais profunda das barreiras físicas, sociais e comunicacionais que essas pessoas enfrentam. O contexto da educação desempenha um papel fundamental na mudança social defendida por convenções, leis, declarações e decretos que promovem a inclusão social da PcD¹. Portanto, observar processos dentro da formação universitária é fundamental para identificar desafios e potencialidades para atuação no SUS.

Descrição da Experiência
Trata-se de um estudo exploratório, do tipo relato de experiência, realizado a partir das vivências de uma acadêmica do curso de enfermagem, de uma universidade pública federal de ensino superior do Norte do Brasil, realizada entre agosto de 2023 a maio de 2024, referente a sua inserção em um grupo de pesquisa enquanto pesquisadora em formação e sua cooperação como força de trabalho para o SUS. Foi conduzido em dois momentos: Momento de aprendizado e adaptação: Ocorreu a inserção na iniciação cientifica. o convívio e interação com os demais discentes, participação ativa nas oficinas e ações. Momento de aplicação dos aprendizados: desenvolvimento de suas pesquisas como: convites para participações como palestrante e entrevistada, menção honrosa e o reconhecimento como representante em sua categoria como discente PcD, lhe despertou maiores interesses, como o de atuar em trabalhos direcionados para e com a PcD. Observou-se que sua coadjuvação enquanto pesquisadora em formação seria de grande auxilio para a visibilidade da PcD, demostrando como a formação deste profissional necessita ser melhor explorada. A atuação da mesma como pesquisador e não somente como objeto de pesquisa, emerge como forma de enfrentamento ao capacitismo e a descriminação, suas pesquisas são ferramentas indispensáveis para o SUS, visto que o Sistema busca garantir o acesso universal a todos.

Objetivo e período de Realização
Relatar os desafios e oportunidades ao implementar estruturas e processos na formação em Enfermagem que envolvem pessoas com deficiência como força de trabalho para o Sistema Único de Saúde por meio de uma universidade pública federal da região Norte do Brasil. A experiência foi realizada entre agosto de 2023 a maio de 2024.

Resultados
Identificou-se quatro estruturas e processos: Projeto político pedagógico; Planejamento docente; Projetos de Pesquisa e Processos seletivos de iniciação científica. Identificou-se os seguintes pontos de atenção durante o acompanhamento das atividades propostas: Educação inclusiva como pauta secundária na graduação e pós-graduação; Déficit de discussão da inclusão como fomento à equidade no SUS; Déficit de acesso aos espaços de inovação e pesquisa por estudantes PcD; Não envolvimento de estudantes nos processos de pesquisa em diferentes contextos; Desenvolvimento de pesquisadores para área de educação inclusiva; Formação para respostas a discussões globais sobre diversidade e saúde.

Aprendizado e Análise Crítica
A presença de estudantes PcD em universidades públicas evidenciou a necessidade urgente de abordar aspectos educacionais relacionados ao apoio acadêmico a esse grupo³. Diante disto, observa-se a necessidade da inclusão de pessoas com deficiência nas universidades, reconhecendo que as mesmas podem fomentar relatos de experiências e necessidades específicas, inspirando pesquisas voltadas para soluções inovadoras que melhorem a qualidade de vida e o acesso aos serviços de saúde. Isso pode resultar em avanços significativos em áreas como acessibilidade, tecnologia assistiva, adaptações pedagógicas e arquitetônicas. Contribui para valorização da diversidade, formação de agentes de mudança, quebra de estigmas, preconceitos e promove uma cultura de aceitação e valorização dos diferentes indivíduos. Fortalece o princípio de equidade do SUS, que visa garantir que todos os indivíduos, independentemente de suas condições, tenham acesso igualitário aos serviços de saúde. Enquanto profissionais de saúde oportuniza formação de enfermeiros que sejam sensíveis às políticas de inclusão do SUS, e como capital social que defenda a saúde como direito e não como profissional para o mercado de trabalho na perspectiva neoliberal, justaposto que compreendem a necessidade de PcD terem seus direitos garantidos pelo Estado.

Referências
1 - Faro ACM, Gusmai LDF. Educação Inclusiva em Enfermagem: análise das necessidades de estudantes. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 2013;47:229-234. https://doi.org/10.1590/S0080-62342013000100029

2 - Lacerd JFED, Maia ER, Moreira MRC, Santos PSPD, Farias AC. Competência cultural no cuidado de Enfermagem à pessoa com deficiência: notas sobre a formação do enfermeiro. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, 2022; 26, e220289. https://doi.org/10.1590/interface.220289

3 - DECHICHI, Claúdia; SILVA, Lázara Cristina; GOMIDE, Andréa Barbosa. Projeto Incluir: acesso e permanência na UFU. In: Inclusão Escolar e Educação Especial: teoria e prática na diversidade. Uberlândia: EDUFU, 2008.


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