Roda de Conversa

06/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC2.17 - Juventude nas margens da sociedade

49052 - ESTILO DE VIDA E QUALIDADE DO SONO DE ADOLESCENTES QUE TIVERAM COVID-19 NO ESTADO DO CEARÁ
KIRLEY KETHELLEN BATISTA MESQUITA - UFC, MIKAELLE YSIS DA SILVA - UFC, JOÃO VICTOR MAGALHÃES DE SOUSA - UFC, TÁSCIA LIRIEL BEZERRA ALVES - UFC, JÚLIA FERNANDES VIEIRA DA SILVA - UFC, MARIA MARYLANNE BRAGA RODRIGUES - UFC, LUIZA LÍVINA ADRIANO AGUIAR - UNIFOR, FRANCISCO MAYRON MORAIS SOARES - UFMA, FRANCISCA ELISÂNGELA TEIXEIRA LIMA - UFC, PATRÍCIA NEYVA DA COSTA PINHEIRO - UFC


Apresentação/Introdução
A pandemia da COVID-19 e seus desdobramentos, gerou impactos emocionais e comportamentais no público adolescente. Houve um aumento exponencial da prevalência de suicídio, sintomas de ansiedade e depressão, uso de álcool e drogas, bem como diminuição das taxas de vacinação e da utilização de serviços de emergência, internações e consultas psiquiátricas. Outros efeitos negativos foram a diminuição da atividade física e o aumento do tempo de tela, crescente consumo de alimentos não saudáveis e distúrbios do sono(1,2,3). Na adolescência, algumas das principais consequências da falta de sono são: os problemas de comportamento; mudanças de humor; regulação emocional, prejudicando na aprendizagem e desempenho; lesões esportivas; além de problemas de saúde, incluindo obesidade. A privação de sono na adolescência pode estar relacionada a comportamentos de alto risco, como uso de substâncias e comportamentos suicidas(4). Nesse contexto, conhecer o estilo de vida e qualidade do sono de adolescentes que tiveram COVID-19 no Estado do Ceará é de extrema necessidade para subsidiar e orientar as ações de saúde caso ocorram novas pandemias no futuro, visando minimizar os efeitos adversos dirigidos a esse grupo.

Objetivos
Descrever o estilo de vida e qualidade do sono de adolescentes que tiveram COVID-19 no estado do Ceará.

Metodologia
Estudo descritivo, transversal com amostra representativa de 235 adolescentes registrados no e-SUS Notifica de 89 municípios do Ceará, no período de fevereiro a novembro de 2022. Critérios incluíram: teste positivo para COVID-19, residência no estado, número de telefone registrado, posse de smartphone e acesso à internet. Para coleta de dados foi enviada, via aplicativo telefônico, mensagem com convite para participar do estudo, após explanação dos objetivos de estudo e obtenção de aceite, era enviado o TCLE e o TALE para assinatura via canais digitais e somente após a assinatura era disponibilizado o link dos instrumentos, questionário de dados sociodemográficos, clínicos, hábitos de vida, e o Questionário de Qualidade de Vida (SF-36). Para análise utilizou-se a estatística descritiva com frequência absoluta e relativa, medidas de tendência central e de dispersão; e a inferencial com o teste qui-quadrado de Pearson, e o teste t de student para análise de diferença de médias do SF-36, calculadas no programa Statistical Package for the Social Sciences, versão 23. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Ceará com parecer nº 4.278.495.

Resultados e Discussão
Dos 235 adolescentes, 57,0% eram do sexo feminino, a média de idade foi de 16,2 anos (± 2,3), 58,7% pardos, 57,9% possuíam ensino médio completo, com renda familiar mensal de até três salários mínimos (64,2%). A maioria relatou vacinação contra a COVID-19 (99,1%), destes, 96,2% com duas doses da vacina. No exame confirmatório para COVID-19, 72,8% obtiveram a confirmação da doença através do exame transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase (RT-PCR). Dos adolescentes, somente 5,1% precisaram de internação e 5,5% fizeram uso de oxigênio. A maioria dos adolescentes apresentou sintomas típicos da infecção por COVID-19 (93,6%), era eutrófico (39%) e não apresentava patologia de base (44,7%). Predominou-se: não tabagista (95,3%) e não etilista (81,7%). Poucos consumiam frutas e verduras (39,5%) e praticavam atividade física (33,1%). A maioria consumia alimentos processados pelo menos uma vez na semana (94,4%). Com relação ao sono, metade relatou ter dificuldade para dormir (55,3%). Constatou-se que o álcool afeta significamente a qualidade do sono (p<0,05), os demais aspectos não apresentaram associação estatisticamente significante (p>0,05). Vale ressaltar que ao utilizar a Versão Brasileira do Questionário de Qualidade de Vida SF-36, verificou-se que a variável dificuldade para dormir, apresentou diferença significativa SF-36 (p<0,001) nos domínios dor, estado geral de saúde, vitalidade e saúde mental, ou seja, adolescentes que tinham dificuldade para dormir apresentaram piores escores de qualidade de vida.

Conclusões/Considerações finais
A disfunção no sono pode afetar o funcionamento físico, mental, emocional e social de adolescentes, como também alterar a funcionalidade das funções endócrinas e metabólicas, portanto afeta a saúde do adolescente. O estudo mostrou que o uso de bebida alcoólica pode interferir na qualidade do sono dos adolescentes, e como o consumo cresce todos os anos, o seu uso pode acarretar em uma série de distúrbios a longo prazo. Não houve associação significativa na prática de atividade física e consumo de alimentos processados com a qualidade do sono, embora os resultados analisados isoladamente se apresentassem alterados e/ou abaixo do esperado. Sabe-se que padrões saudáveis de sono e hábitos de vida saudáveis estão associados a menor risco de obesidade, melhor bem-estar psicológico e melhor funcionamento cognitivo. Portanto, este estudo pode subsidiar na elaboração de estratégias para melhorar hábitos de vida saudáveis e práticas que visem a qualidade do sono.

Referências
1. HERRERA, Camilo Noreña et al. Medidas de salud pública en instituciones de protección a la infancia y la adolescencia en dos departamentos de Colombia durante la pandemia de COVID-19. Revista Panamericana de Salud Pública, v. 46, p. 1, 28 dez. 2022.
2. MALTA, Deborah Carvalho, et al.The COVID-19 pandemic and changes in the lifestyles of Brazilian adolescents. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 24, p. 210012-2, 2021.
3. FERNÁNDEZ-ARANDA F, et al. COVID Isolation Eating Scale (CIES): Analysis of the impact of confinement in eating disorders and obesity. European Eating Disorders Review, v. 6, n.28, p. 871-883, 2020.
4. CUNHA, Isadora Fernanda de Freitas, et al. Associação entre exposição ao comportamento sedentário, indicadores de sono e fatores comportamentais em adolescentes. Research, Society And Development, v. 11, n. 1, e.46311125213, 2022.

Fonte(s) de financiamento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Código de financiamento: 001.


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