06/11/2024 - 08:30 - 10:00 RC2.15 - Acesso, politicas de saúde para populações LGBTQIA+ |
53713 - ACONSELHAMENTO E OFERTA DE TESTES RÁPIDOS DE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS A PESSOAS TRANSEXUAIS: UMA ESTRATÉGIA DE INCLUSÃO JULIANA CUNHA MAIA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, MARLI TERESINHA GIMENIZ GALVÃO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, NIKAELLY PINHEIRO MOTA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, REANGELA CINTIA RODRIGUES DE OLIVEIRA LIMA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, JESSICA PINHEIRO CARNAUBA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, IASMIN BELÉM SILVA QUEIROZ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, MARA JOYCE DE QUEIROZ - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
Contextualização Pessoas transexuais enfrentam desafios quanto à aquisição de atendimento de saúde integral, assim como para demais problemas de saúde que envolvem, não somente esse grupo, mas que encontram-se presentes em toda a população brasileira, e tal fato ocorre em virtude da discriminação social, da falta de orientações de profissionais de saúde para realizar um atendimento acolhedor e humanizado e do incipiente conhecimento acerca da identidade e diversidade de gênero. A saber, travestis e mulheres transexuais são mais afetadas por HIV, sífilis e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST) no Brasil e em outros países. Isso pode ser explicado por uma diversidade de fatores socioestruturais, comportamentais e epidemiológicos, como a dificuldade de acesso aos serviços de testagem e tratamento de HIV/aids e outras IST. Transpassar as barreiras de acesso da população trans aos serviços de saúde e aconselhamento sexual ainda é um desafio vivenciado que repercute negativamente no estado de saúde dessa população.
Descrição da Experiência A ação ocorreu no município de Fortaleza/CE, nos períodos da manhã e da tarde, com divulgação prévia em redes sociais e grupos de apoio a pessoas LGBTQIAP+. Contou com a oferta de serviços de saúde, com orientações sobre testes rápidos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), distribuição de preservativos e lubrificantes, distribuição de impressos com orientações acerca de dos testes rápidos e aconselhamento. O aconselhamento ocorreu previamente de forma individual e coletiva, mediada por enfermeiros e acadêmicos de enfermagem, os quais convidaram as pessoas interessadas a realizarem testes rápidos para HIV, Sífilis, Hepatite B e Hepatite C. Foram ofertados 150 pacotes, cada um com equipamentos para testagem individual. Promoveram esse evento 11 enfermeiros e 6 acadêmicos de enfermagem, voluntariamente. Com relação ao aconselhamento pré-teste individual e coletivo, se tratou de um momento de explicações e de construção de conhecimento sobre as infecções sexuais, conceitos de vulnerabilidade, medidas de prevenção e de tratamento. Como instrumento, foi utilizado um cavalete com páginas em branco e pincel, naquele, os tópicos que emergiram foram anotados e debatidos. Também foram disponibilizadas ilustrações e informações do Álbum Seriado das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).
Objetivo e período de Realização Objetivou-se relatar sobre uma ação de oferta de testes rápidos e aconselhamento em sexualidade a pessoas transexuais, realizado no Dia Nacional da Visibilidade Trans, dia 29 de janeiro de 2023.
Resultados Dos 150 pacotes individuais de testes rápidos, 67 foram utilizados e destes, 58 foram os que retornaram para receber os resultados dos exames e finalizaram com o aconselhamento pós-teste. A maioria dos participantes foram mulheres transexuais. Observou-se que houve adesão e interesse das pessoas em conhecerem mais sobre sexualidade e realizarem testes rápidos para IST. Durante a acolhida dos participantes, foi aberto um espaço de diálogo, com a intenção de reduzir barreiras de comunicação ou receios com relação a preconceitos e estigmas. Os discursos de vivências de estigma e distanciamento dos pontos de atenção a saúde, sendo estes públicos ou privados, por medo de julgamento ou por vivência de preconceito anterior estiveram presentes. Existiram pessoas que informaram não realizar os testes periodicamente ou procurar profissionais da saúde por não terem os nomes sociais respeitados ou por não se sentirem incluídos nos programas de saúde. Apesar disso, as pessoas que participaram foram informadas quanto aos seus direitos em saúde e sobre a importância de se empoderarem legalmente dos seus direitos e do que preconizam as diretrizes vigentes.
Aprendizado e Análise Crítica A educação em saúde e a construção de espaços destinados a diálogos e acolhimento mostraram-se recursos aliados da prática dos promotores da ação na garantia da inclusão das pessoas trans no escopo da ação de promoção da saúde. No intuito de ofertar informações alinhadas com os protocolos de diretrizes terapêuticas vigentes de forma mais acessível e democrática, objetivou-se, de alguma forma, diminuir o risco e a vulnerabilidade dos participantes a infecções sexualmente transmissíveis, partindo do pressuposto que estas pessoas, por uma série de vivências de estigma e de preconceito, não tinham equidade no acesso a serviços de saúde e aconselhamento para IST.
A oferta de testes rápidos é uma porta de início para conhecimento sobre sorologias e possível inclusão às redes de atenção à saúde, mas, para além disso, em pessoas vulneráveis, também atua como possibilidade de representatividade e de redução de iniquidades por maior dificuldade de acesso a serviços de saúde. Apesar de se tratar de um encontro pontual para discussão e para identificação de alterações em saúde sexual, é um importante meio para alcançar pessoas em seus diversos níveis de conhecimento e letramento em saúde.
Referências Romana Ferreira de Souza K, Oliveira Bernardino Cavalcanti de Albuquerque A, Tenório Almeida do Nascimento CH, Marcele Ferreira de Melo E, Souza Torres de Araújo KM, Munique Portugal W, Alves de Andrade CA. Vulnerabilidade de pessoas transgêneros ao HIV/AIDS: revisão integrativa. SaudColetiv (Barueri) [Internet]. 29º de setembro de 2020 [citado 10º de junho de 2024];10(56):3238-53. Disponível em: https://revistasaudecoletiva.com.br/index.php/saudecoletiva/article/view/909
de Melo RA, e Silva ALG, Costa DRR dos S, Guimarães MC, Coqueiro LSR, Fernandes FECV. Situações de vulnerabilidade vivenciadas por pessoas transexuais. Rev Psi Divers Saúde [Internet]. 1º de agosto de 2023 [citado 11º de junho de 2024];12:e5109. Disponível em: https://www5.bahiana.edu.br/index.php/psicologia/article/view/5109
Fonte(s) de financiamento: Este trabalho não possui fonte de financiamento.
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