06/11/2024 - 08:30 - 10:00 RC2.15 - Acesso, politicas de saúde para populações LGBTQIA+ |
49269 - ABORDAGEM A PESSOAS TRANSGÊNERO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: RELATO DE UMA OFICINA CLÍCIA KARINE ALMEIDA MARQUES ARAÚJO - HOSPITAL DE SAÚDE MENTAL PROFESSOR FROTA PINTO- AMBULATÓRIO SERTANS, DRIELLY WYRNNA DA SILVA HONORIO - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA- UNIFOR, KAROLINE DA SILVA CARNEIRO LIMA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA- UNIFOR, YASMYNHE NOCRATO SHERLOCK - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA- UNIFOR, SILMARA REBOUÇAS SOUZA - SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE FORTALEZA-CE., MARLI TERESINHA GIMENIZ GALVÃO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ- UFC, DANIELLE TEIXEIRA QUEIROZ - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA- UNIFOR
Contextualização A população de transgêneros, designados por algumas literaturas pelo coletivo pessoas trans, representam ainda uma parcela com menor visibilidade pelo movimento LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis) no Brasil e no mundo. Em relação à saúde, essas pessoas possuem particularidades que as diferenciam de outras dentro da população (Pereira; Chazan, 2019). Esse público é marginalizado e encontra dificuldades para acessar o Sistema Único de Saúde (Silva, 2022).
Nessa perspectiva, as pessoas trans são invisibilizadas e vulnerabilizadas, principalmente pela dificuldade de acolhimento dos profissionais nos serviços de saúde. A divergência entre identidade de gênero e sexo biológico tem causado sofrimento significativo, gerando a busca por procedimentos de afirmação de gênero, porém esta população frequentemente enfrenta dificuldades de acesso a cuidados de saúde adequados (Ciasca; Hercowitz; Lopes, 2021).
Para acolher e humanizar o atendimento as pessoas transgênero na atenção primária, foi desenvolvido uma oficina direcionada a estudantes de cursos de graduação em enfermagem, auxiliar e técnico de enfermagem, com intuito de prepará-los para uma abordagem inclusiva nos diversos cenários de atenção a saúde. Trata-se de tecnologia educativa que contribui para a melhoria da assistência de enfermagem às pessoas transgênero no sistema público de saúde.
Descrição da Experiência A oficina ocorreu no campus da Universidade de Fortaleza no dia 13 de Maio de 2024 das 13:30 as 17:30. E para sua operacionalização requisitou três reuniões de planejamento, estudo prévio da temática e produção das atividades e ferramentas. Segue detalhamento das reuniões:
1 No primeiro encontro foram divididos os temas e discutidos as metodologias. Realizou-se uma revisão de literatura abrangente, identificando pesquisas e documentos de acesso aberto e fácil linguagem para produzir as ferramentas. Foram construídos um teste de múltipla escolha (Quiz), um fôlder e casos clínicos para ser distribuídos entre os participantes, e por fim, elencados manuais e artigos para retirar conteúdos para a produção da conferência.
2 No segundo encontro foram produzidos um Quiz para diagnóstico e introdução do tema e um fôlder para entregar no final da oficina. Na construção do Quiz, optou-se por usar plataforma de aprendizado baseada em jogos, usada como tecnologia educacional que permitem a geração de usuários e podem ser acessados por meio de um navegador da Web ou do aplicativo Kahoot.
3 No terceiro e último encontro foram produzidos três casos e a conferência de encerramento da oficina.
Objetivo e período de Realização Relatar a construção e execução de uma tecnologia educativa no formato de oficina para estudantes de graduação, auxiliar e técnico de enfermagem na acolhida e abordagem profissional nos cenários de atenção primária a saúde a pessoas transgênero.
Resultados A oficina proporcionou trocas de experiências e aprendizagens entre estudantes de enfermagem, trazendo percepções e olhares sobre abordagem a pessoas transgênero. Cumpriu seu objetivo e se constituiu como efetiva para produção de conhecimento. A oficina possibilitou problematizar a necessidade de um olhar inclusivo diante da rotina de atendimento nos serviços de saúde. Os estudantes refletiram e expuseram senso de pertencimento diante da falta de acolhida das condições de saúde das pessoas trans pelos trabalhadores da saúde nos seus locais de trabalho. A narrativa dos estudantes sobre suas experiências em relação as formas de abordagem a esse público e também diante dos desafios para implementar uma acolhida digna nas instituições de saúde, corroboraram ainda mais com o fato de que a construção social do trabalhador da saúde deve iniciar no seio familiar e se estender para a universidade, a fim de habilitá-los a olhar com atenção para essas pessoas marginalizadas e invisibilizadas pela sociedade. Essas reflexões devem permear toda trajetória acadêmica e profissional dos enfermeiros e romper com a violência institucionalizada a pessoas trans.
Aprendizado e Análise Crítica A oficina possibilitou observar a ausência de espaço de dialogo nos vários cenários de aprendizagem.
Ao oferecer esse tipo de espaço e informação, pode-se contribui para a conscientização dos enfermeiros em formação sobre questões relacionadas à identidade de gênero e diversidade sexual.
Além disso, ao capacitar estudantes de saúde para lidar de forma mais adequada e sensível com pessoas trans, a oficina pode melhorar significativamente a qualidade do atendimento prestado a essa comunidade. Isso pode resultar em uma maior confiança por parte das pessoas trans em buscar ajuda profissional quando necessário, o que, por sua vez, pode contribuir para a melhoria de sua saúde e bem-estar geral.
A oficina também pode ajudar a combater o estigma e a discriminação enfrentados por pessoas trans no sistema de saúde, promovendo uma cultura mais inclusiva e respeitosa. Isso pode levar a uma redução das disparidades de saúde que muitas vezes afetam pessoas transgênero, garantindo-lhes acesso igualitário e digno aos serviços de saúde.
Referências • CIASCA, Saulo Vito; HERCOWITZ, Andrea; LOPES, Ademir Junior. Saúde LGBTQIA+: Prática de Cuidados Transdisciplinar. Editora Manole, 1ª edição, 2021.
• PEREIRA, L. B. D. C.; CHAZAN, A. C. S. O acesso das pessoas transexuais e travestis à Atenção Primária à Saúde: uma revisão integrativa. Rev Bras Med Fam Comunidade. Rio de Janeiro, v. 14, n. 41, p. 1795-1811, 2019.
• SILVA, R. C. D da et al. Reflexões bioéticas sobre o acesso de transexuais à saúde pública. Revista Bioética [online]. 2022, v. 30, n. 1 [Acessado 23 Maio 2024], pp. 195-204. Disponível em: Fonte(s) de financiamento: Meios próprios
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