Roda de Conversa

06/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC2.15 - Acesso, politicas de saúde para populações LGBTQIA+

49133 - CONSULTA DE ENFERMAGEM A NÍVEL AMBULATORIAL DIRECIONADA A TRASNGENEROS
CLÍCIA KARINE ALMEIDA MARQUES ARAÚJO - HOSPITAL DE SAÚDE MENTAL PROFESSOR FROTA PINTO- AMBULATÓRIO SERTANS, MARLI TERESINHA GIMENIZ GALVÃO - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ-UFC, DANIELLE TEIXEIRA QUEIROZ - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA-UNIFOR, ILIANA MARIA DE ALMEIDA ARAÚJO - HOSPITAL DOUTOR CARLOS ALBERTO STUDART GOMES


Introdução e Contextualização
Em todos os níveis de assistência, o processo de enfermagem, deve ser implementado (COFEN, 2024), sendo a Consulta de Enfermagem (CE) um processo interativo e sistemático entre o enfermeiro e o indivíduo, permitindo uma abordagem individualizada (Santos, 2008).
Os transgêneros, indivíduos cuja identidade de gênero diverge do sexo biológico, são marginalizados e encontram dificuldades para acessar o Sistema Único de Saúde (Silva, 2022), além da hostilidade no atendimento; desrespeito ao nome social; despreparo técnico-científico dos profissionais; dificuldade de acesso aos procedimentos transexualizador (Silva, 2022).
Ainda, os programas transexualizadores têm apresentado barreiras ao acesso universal pela população trans nas normatizações regulamentadoras da organização desses programas e seu funcionamento (Racon, 2016).
Deste modo, os transgêneros se encontram em contexto de vulnerabilidades, principalmente com a falta de habilidades profissionais para acolher essa população nos serviços de saúde.
Para atender as demandas de humanização de transsexuais em serviço ambulatorial, foi desenvolvido um protocolo para a consulta de enfermagem. Trata-se de uma tecnologia assistencial que contribui para a melhoria da qualidade da assistência de enfermagem para atender as necessidades específicas de saúde de maneira abrangente e confiável de transsexuais no sistema público de saúde.


Objetivo para confecção do produto
Apresentar um protocolo de Consulta de enfermagem para guiar o cuidado em saúde aos transexuais em nível ambulatorial.

Metodologia e processo de produção
Estudo misto realizado no segundo semestre de 2022 e dividido nas etapas a seguir:
1- Empregou-se uma revisão de literatura seletiva, considerando o critério de relevância sobre protocolo de enfermagem para atenção às pessoas transsexuais, para o contexto brasileiro, cuja Resolução do Conselho Federal de Enfermagem que ampara o desenvolvimento e implementação do protocolo de cuidado em nível ambulatorial;
2- Desenvolvimento do Protocolo de enfermagem orientado pelas normas do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN, 2024).
3- Uso de modelo teórico de enfermagem, a Teoria do Autocuidado de Orem para nortear a prática de autocuidado apresentado no protocolo de enfermagem. Este referencial propõe que o indivíduo seja orientado para cuidar de si com autonomia;
4- Indicação dos principais diagnósticos de enfermagem embasado na taxonomia de NANDA (North American Nursing Association) edição 2021-2023, que fornecem uma linguagem padronizada e ajudam os enfermeiros a identificarem e descrever problemas de saúde das pessoas assistidas.
5- Apresentação do Protocolo para consulta de enfermagem.
O estudo seguiu os aspectos éticos com parecer favorável do Comité de Ética de n. 5.773. 964


Resultados
O estudo de revisão possibilitou observar a ausência de um instrumento que norteasse as necessidades de saúde de pessoas transgênero, tendo por base a Teoria do Autocuidado de Orem, e partir dessa lacuna foi desenhado um modelo organizado com subdivisões relacionadas aos três requisitos de autocuidado proposto pela teoria, também foram utilizados na estruturação do instrumento os domínios referendados pela NANDA 2021-2023 que mais se adequaram aos três requisitos de autocuidado para que assim pudesse haver uma facilidade de detecção dos principais Diagnósticos de Enfermagem de cada indivíduo. O protótipo final do instrumento ficou dividido em quatro eixos, são eles: 1. Histórico de Enfermagem, que gerou três categorias: Requisitos de Autocuidado Universais, Requisitos de Autocuidado de Desenvolvimento e Requisitos de Autocuidado dos Desvios de Saúde; 2. Aspectos Clínicos, esse eixo também se subdividiu em três categorias: Percepção e Cognição, Exame Físico e Hormonização em uso; 3. Deficiência do Autocuidado e 4. Diagnóstico de Enfermagem. Cada categoria foi subdividida para contemplar as diferentes condições de saúde que a pessoa trans possa apresentar.

Análise crítica e impactos sociais do produto
A consulta de enfermagem tendo como eixo norteador o processo de enfermagem utilizando um instrumento de cuidado individualizado trouxe à luz as necessidades de saúde das pessoas transgênero, destacando a importância de um atendimento baseado em evidências e na dignidade humana, se destaca como uma ferramenta de inclusão e acesso à saúde. A tecnologia assistencial, proporciona aos enfermeiros uma ferramenta eficaz para a sistematização do cuidado, melhorando a investigação e o atendimento às necessidades de saúde desse público. O uso do instrumento direcionado para pessoas transgênero garante um cuidado em saúde individualizado, respeitoso e adequado às suas necessidades, com potencial para ser implementado em outros contextos de atenção à saúde, promovendo um impacto positivo na qualidade de vida das pessoas transgênero. Dessa forma, urge, ampliar esforços contínuos às pessoas transsexuais para minimizar os desafios enfrentados por essa população, promovendo a equidade no acesso em saúde mediante assistência focalizada nas necessidades específicas

Referências
● COFEN, Conselho Federal de Enfermagem. Resolução N. 736 de 17 de janeiro de 2024. Dispõe sobre a Implementação do Processo de enfermagem em todo contexto socioambiental onde ocorre o cuidado de enfermagem.
● SANTOS, S. M. DOS R. et al.. A consulta de enfermagem no contexto da atenção básica de saúde, Juiz de Fora, Minas Gerais. Texto & Contexto - Enfermagem, v. 17, n. 1, p. 124–130, jan. 2008.

● ROCON, P. C.; SODRÉ, F.; RODRIGUES, ALEXSANDRO. Regulamentação da vida no processo transexualizador brasileiro: uma análise sobre a política pública. Revista Katálysis [online]. 2016, v. 19, n. 02 [Acessado 23 Maio 2024], pp. 260-269. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1414-49802016.00200011

● SILVA, R. C. D. da et al. Reflexões bioéticas sobre o acesso de transexuais à saúde pública. Revista Bioética [online]. 2022, v. 30, n. 1 [Acessado 23 Maio 2024], pp. 195-204. Disponível em:
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