Roda de Conversa

06/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC2.15 - Acesso, politicas de saúde para populações LGBTQIA+

48804 - A IMPORTÂNCIA DO ATENDIMENTO NUTRICIONAL PARA PESSOAS TRANS COM FOCO NA SAÚDE: REPLEXÕES SOBRE COPOREIDADE E PRÁTICAS DE CUIDADO
DANIELA ROMÃO DA COSTA - CUA, AMANDA BARBOSA NETO - CUA, FERNANDA MANIERO BANEVICIUS - CUA, LILIAN LOPES DA SILVA - CUA, LÚCIA DIAS DA SILVA GUERRA - USP


Apresentação/Introdução
Introdução: O atendimento nutricional e multidisciplinar, proporciona a promoção da saúde e bem estar, promovendo e garantindo os direitos humanos básicos a população trans, que socialmente é privada de tais direitos. O acompanhamento nutricional possibilita também a prevenção de futuros problemas de saúde relacionados à terapia hormonal e garante a saúde integral das pessoas trans. Segundo dados do Dossiê de Assassinatos e violência contra travestis e transexuais brasileiras em 2022, publicado Associação Nacional de Travestis e transexuais – ANTRA tivemos pelo menos 151 pessoas mortas, sendo 131 casos de assassinatos e 20 pessoas trans suicidaram. A mais jovem trans assassinada tinha 15 anos. O Brasil figura o país que mais assassinou pessoas trans pelo 14º ano consecutivo. Quanto aos aspectos nutricionais relacionados à saúde, as pessoas LGBTQIAPN+ podem ter um histórico e presença de riscos importantes para desenvolvimento de TAs (Transtornos Alimentares), portanto, o cuidado com a elaboração de condutas e orientações devem ser ponto de atenção. O nutricionista deve desempenhar suas atribuições respeitando a vida, a singularidade e pluralidade, as dimensões culturais e religiosas, de gênero, de classe social, raça e etnia, a liberdade e diversidade das práticas alimentares, de forma dialógica, sem discriminação de qualquer natureza em suas relações profissionais.

Objetivos
Elucidar a importância do atendimento e acompanhamento nutricional para prevenir intercorrências de saúde relacionados tanto aos procedimentos cirúrgicos quanto a terapia hormonal e garantir a saúde integral das pessoas trans.

Metodologia
Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica utilizando artigos científicos sobre nutrição, saúde pública, ciências humanas selecionados nas bases de dados SCIELO e BVS/Lilacs, documentos oficiais sobre direitos humanos e população LGBTQIAPN+, e protocolos de atendimento a pessoas transexuais. O período de busca compreendeu de 2006 a 2023 com termos: pessoas trans, cuidados de saúde para pessoas transgênero, nutrição de grupos vulneráveis, cuidado nutricional. Foram selecionados 8 artigos e 9 manuais. Os dados foram organizados e sistematizados a partir das seguintes categorias analíticas: risco associados a terapia hormonal, anammese geral e avaliação nutricional (antropomética, bioquímica, clínica, dietética), importância nutricional para prevenção de transtorno alimentar, cuidados sociais que as pessoas LGBTQIAPN+ desejam que os profissionais da nutrição saibam.

Resultados e Discussão
É comum pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ crescerem sem se reconhecerem com a sua própria identidade, por viverem em ambientes de violência física e/ou psicológica, de etnia e raça. Estudos expuseram inúmeras dificuldades no acesso e permanência das pessoas trans nos serviços oferecidos no Sistema Único de Saúde, evidenciando o desrespeito ao nome social, a trans/travestifobia como obstáculo à busca de serviços de saúde e causas dos abandonos de tratamentos em andamento. É importante ressaltar que ainda são inúmeros os caminhos que devem ser trilhados em direção a consolidação ao atendimento e acompanhamento nutricional, onde esse atendimento tem que ser feito de uma forma multidisciplinar e integral, o engajamento da equipe facilitara o sucesso no atendimento e os diversos saberes poderá atender a complexidade das demandas trazidas pelos pacientes trans e é o que irá garantir o sucesso do acompanhamento nutricional, é no cuidado na abordagem do profissional de saúde que irá aumentar a probabilidade de desenvolver o vínculo com o paciente e dar andamento ao atendimento, promovendo assim a equidade e valorização dos indivíduo e suas complexidades e diversidades. A orientação nutricional deve seguir uma dieta hipocalórica no caso das mulheres trans devido a distribuição de gordura durante a processo de hormonização, verificar exames laboratoriais tanto dos homens trans e mulheres trans em relação a risco de diabetes, cardiovasculares, hipertensão arterial e outros agravos que o processo de hormonização possa causar e ajustar a dieta conforme a necessidade e exames e marcadores de referência. Deve-se considerar a realidade socioeconômica e o acesso à alimentos, orientar o ajuste do consumo de água e o fracionamento das refeições.

Conclusões/Considerações finais
Os resultados mostram um processo de invisibilidade e de não reconhecimento dessa população, do desrespeito a sua identidade e como pessoas portadoras de direitos ao acesso à saúde garantido pela legislação. As pessoas LGBTQIAPN+ não percebem o enfermeiro e outros profissionais de saúde aptos a auxiliá-los em suas demandas específicas no processo transexualizador. Espera-se na prática profissional da área da saúde, uma maior sensibilização dos profissionais a cerca da necessidade da construção de conhecimento sobre diversidade e gênero e suas implicações sociais. Assim, busca-se uma melhora das práticas em saúde através do reconhecimento e visibilidade das pessoas transexual como portadores dos direitos sociais.

Referências
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MACHADO JG, ARAUJO JM, SANTOS CCS. Comportamento alimentar e avaliação nutricional em população trans de um ambulatório LGBT de Recife. Rev. Aten. Saúde. 2020;18(66):25-39.

SÃO PAULO (Estado). Secretaria de São Paulo.Protocolo para o atendimento da pessoas transexuais e travestis no município de São Paulo. Secretaria Municipal de SaúdeISMSIPMSP- julho /2020. Disponível http://www.prefeitura.sp.gov.br.

Fonte(s) de financiamento: Sem fonte de financiamento.


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