52340 - CLASSES SOCIAIS E INIQUIDADES EM SAÚDE: IMPLICAÇÕES NO ACESSO E NA PRODUÇÃO DO CUIDADO FRANCISCO ELENILTON RODRIGUES DO NASCIMENTO - UECE, MARIA CLÁUDIA DE FREITAS LIMAS - UECE, GEANNE MARIA COSTA TORRES - UECE, KAMYLA DE ARRUDA PEDROSA - UECE, SHEILA PIRES RAQUEL - UECE, JOSÉ MARIA XIMENES GUIMARÃES - UECE
Contextualização As desigualdades sociais constituem objeto de reflexão e de estudo identificado nas produções científicas de distintas áreas do conhecimento. A temática tem sido de relevância para o delineamento de políticas públicas e sociais visando promover melhores condições de vida dos indivíduos e dos grupos historicamente postos em lugar de desvantagem.
Ora postos em condições desproporcionais para com os demais segmentos populacionais ou ora invisibilizados, a realidade das desigualdades sociais ultrapassa a ideia do "não visto" e sua manifestação ocupa o cotidiano da sociedade seja através da pobreza, da violência, do racismo, do sexismo e de diversas outras formas de opressão.
Ao pensarmos as condições de desigualdades sociais para o campo da saúde, Barata (2009) refere registros do assunto mais intensamente a partir do século XIX, período do capitalismo em sua fase industrial. Nesse momento, evidenciaram-se as péssimas condições de vida e de subsistência da classe trabalhadora, impactando diretamente no campo econômico.
Para a área da saúde, as iniquidades sociais possuem sentido numa dimensão política relacionada à repartição da riqueza socialmente produzida (Barata, 2001). Mas, para além do quesito riqueza, outros fatores/determinantes (Buss; Pellegrini Filho, 2007) são relevantes para compreender os pontos de desigualdade os quais os indivíduos ocupam na sociabilidade.
Descrição da Experiência O presente trabalho resulta da elaboração e apresentação de seminário na disciplina Estado, Políticas e Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde, integrante da matriz curricular do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, da Universidade Estadual do Ceará.
A atividade constituiu um dos aspectos de avaliação da referida disciplina. Com efeito, foi organizada por uma dupla de pós-graduandos, que estruturaram reflexões e debates sobre a temática das desigualdades sociais e suas repercussões no acesso e produção do cuidado em saúde.
Para tanto, foi realizado levantamento de literatura para subsidiar os eixos discursivos da reflexão teórica, na qual se adotou abordagem qualitativa, com discussão narrativa-conceitual, considerando-se as categorias de análise do campo da Saúde Coletiva demarcadas como classe social, raça e gênero, como marcadores sociais da diferença.
Objetivo e período de Realização Refletir sobre as iniquidades sociais e sua repercussão no acesso e no cuidado em saúde, tomando como eixos estruturantes os conceitos de classe social, gênero e raça.
Período de realização: fevereiro a abril de 2024.
Resultados O seminário apresentado envolveu os discentes da disciplina, possibilitando a reflexão crítica sobre as categorias às análises de Saúde Coletiva, com destaque para acesso à saúde, desigualdades sociais, raça/cor e gênero, estabelecendo as inter-relações e demarcando as repercussões nos segmentos populacionais.
Com efeito, o modo de produção influencia a organização social, determinando o lugar onde indivíduos ocupam na malha social. Por isso, o conceito de classe social compreende a desigualdade econômica e a exploração do trabalho que influenciam o adoecimento e a produção de saúde.
O conceito de gênero questiona o determinismo biológico e a naturalização dos comportamentos. Assim, o sexo vincula-se ao biológico e o gênero à cultura. Esse assunto é fator de iniquidade quando influencia no acesso de homens e mulheres à saúde.
O racismo expõe aos grupos étnicos o espaço da invisibilidade e não reconhecimento das demandas específicas, seja pela negação ou o silenciamento do acesso nos serviços de saúde.
Desse modo, isolados ou associados, os elementos citados podem obstaculizar o acesso à saúde. Assim, se fazem necessárias ações coletivas em prol de reverter um cenário de desigualdades.
Aprendizado e Análise Crítica O assunto das iniquidades em saúde e as implicações no acesso aos serviços de saúde é um tema que tem ganhado relevância na agenda pública e reivindicado pela participação popular, especificamente os grupos envolvidos. Mesmo com determinados avanços com políticas de atendimento específico, o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda presencia no cotidiano práticas excludentes, violentas e silenciadoras, seja pela gestão e/ou profissionais.
Urge a necessidade de compreender as particularidades dos diversos segmentos que compõem a população brasileira e que esses, que buscam as Unidades de Saúde, possam ser atendidos, respeitados e acolhidos em suas especificidades de classe, de gênero, racial, sexual ou sejam quais forem.
Referências BARATA, R. B. Como e por que as desigualdades sociais fazem mal à saúde. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2009. Disponível em . Acesso em: 01 jun. 2024.
BARATA, R. B. Iniquidade e saúde: a determinação social do processo saúde-doença. Revista USP, São Paulo, Brasil, n. 51, p. 138–145, 2001. Disponível em: . Acesso em: 1 jun. 2024.
BUSS, P. M.; PELLEGRINI FILHO, A. A saúde e seus determinantes sociais. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 17, n. 1, p. 77–93, jan. 2007. Disponível em . Acesso em: 01 jun. 2024.
BRAVO, M. I. S. Saúde e Serviço Social no capitalismo: fundamentos sócio-históricos. 1 ed. São Paulo: Cortez, 2013.
Fonte(s) de financiamento: Não se aplica.
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