Roda de Conversa

05/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC2.13 - O direito de ser, existir e lutar

51734 - EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA PERIFERIA: SABER COMO DIREITO DE CIDADANIA
NAÃ SOUSA ROCHA - UFC, GABRIEL RODRIGUES DE LIMA BENTO - UFC, KELEN GOMES RIBEIRO - UFC


Contextualização
Ao longo do processo de formação histórico-geográfico das grandes cidades, houve uma tendência, espontânea ou não, de periferização das populações vulneráveis. Na capital cearense, Fortaleza, não foi diferente: em face da migração por causa da seca no Sertão e da industrialização, bem como em decorrência de programas governamentais de isolamento da população mais pobres (por meio da criação de conjuntos habitacionais populares em áreas metropolitanas), grupos socialmente marginalizados se concentraram nas periferias da cidade. Esse contexto os afastou da região litorânea e, consequentemente, de todo amparo socioeconômico que uma área urbana central é capaz de ofertar. Nesse sentido, muitos dos indivíduos residentes dessas áreas se encontram em situação de privação de direitos básicos, como saúde e educação. Baseado nisso, a ação “Laço de Vida” surgiu com o intuito de promover educação em saúde para pessoas que se encontrassem nesses locais. Dessa forma, a ação levou informação a respeito de uma doença letal e incidente em mulheres – o câncer de mama – para o público de uma unidade de saúde localizada em um bairro periférico da região metropolitana de Fortaleza. Os resultados da ação foram satisfatórios para os envolvidos e obteve seus objetivos, educar e orientar, com êxito, a população da região metropolitana para a qual direcionou-se da atividade.

Descrição da Experiência
A ação foi idealizada a partir da identificação de uma demanda oriunda dos pacientes do posto de saúde Francisco Paulo Pontes (localizado em Caucaia, zona metropolitana de Fortaleza), a qual foi percebida por uma médica que atuava no local. Visto a necessidade, a profissional contactou o comitê do projeto IFMSA Brazil UFC Fortaleza para avaliar a possibilidade da execução de uma atividade de educação em saúde no posto citado. A partir disso, os membros do projeto se organizaram para planejar, estruturar e executar a ação. Desse modo, participaram, do planejamento à execução da atividade, 7 estudantes de medicina. Primeiramente, foi realizada uma capacitação, ministrada por um dos alunos, com o intuito de oferecer conhecimento e desenvolver as competências necessárias à realização da ação. Feito isso, foram à unidade de saúde, 4 estudantes, os quais se dividiram em duplas para a abordagem do público. Assim, durante o turno da tarde, os pacientes que aguardavam atendimento foram orientados, pelos alunos, a respeito dos sinais de alerta, dos fatores de risco e dos métodos diagnósticos da doença, além de receberem panfletos ilustrados e informativos a respeito da neoplasia de mama. Por fim, os indivíduos abordados foram submetidos a um questionário avaliativo, com perguntas sobre a temática, a fim de dimensionar o impacto causado pela ação no público-alvo.


Objetivo e período de Realização
Os objetivos deste trabalho consistem tanto em apresentar quanto em refletir a respeito da execução e do impacto de atividades de educação em saúde cujo público sejam minorias sociais, tal qual o “Laço de Vida”. Isso por meio da descrição e da demonstração da atividade, bem como da reflexão a partir dos seus resultados. A atividade aconteceu durante o turno da tarde no dia 31 de Outubro de 2023.

Resultados
Ao todo, 13 pacientes responderam à avaliação de impacto da atividade, sendo imperativo ressaltar que a maioria deles estava acompanhada e que, ambos, paciente e acompanhante, participaram da ação. De acordo com os dados obtidos, os indivíduos contemplados pela ação pertenciam ao sexo feminino e apresentavam idades entre 22 e 86 anos. Das 13 pacientes abordadas, todas avaliaram a qualidade da informação recebida como satisfatória ou muito satisfatória, bem como atribuíram, em uma escala de utilidade de 1 a 5, nota máxima à atividade. Além disso, responderam afirmativo sobre compreender a importância da mamografia e da não-substituição desse procedimento pelo autoexame. Das 13 participantes, 4 afirmaram não ter conhecimento, antes da ação, a respeito da prática adequada do “autoexame” e, dessas, todas responderam afirmativo sobre a compreensão da importância do método e da sua devida execução após a atividade. Por fim, numa escala de pouco, algum, moderado, bom e excelente conhecimento a respeito da temática: 3 responderam ter, anteriormente, “pouco conhecimento”; 7 afirmaram ter “bom conhecimento”; 2 alegaram ter “moderado conhecimento” e uma alegou ter “excelente conhecimento”.

Aprendizado e Análise Crítica
A atividade trouxe benefícios tanto para os estudantes de medicina quanto para os usuários do posto de saúde. Isso porque os estudantes presentes na ação puderam se capacitar previamente: adquirindo conhecimento técnico a respeito da patologia em questão, aprendendo formas de conduzir uma atividade de educação em saúde e a executando na prática, concluindo, assim, um ciclo de aprendizagem. Além disso, puderam vivenciar a prática médica característica de uma Unidade Básica de Saúde, que inclui contato direto com os pacientes, tornando possível o desenvolvimento de habilidades de comunicação com pessoas de diferentes contextos. Já o público-alvo da ação pôde assimilar conhecimentos acerca da prevenção, dos sinais de alerta e dos fatores de risco do câncer de mama, o que reduz os danos causados por essa condição. Ademais, essa atividade é um exemplo do que deveria ser reproduzido em todo o país, com o objetivo de reduzir as desigualdades em relação à educação em saúde, visto a falta de acesso ao conhecimento sobre doenças como o câncer de mama (letal e prevalente) por parte de minorias sociais. Por último, analisando os resultados, é perceptível a eficiência de ações como a referida, as quais sugerem um real aprendizado por parte do público-alvo, bem como um alcance de indivíduos de diferentes faixas-etárias, garantindo um amplo acesso à educação em saúde.

Referências
XXIX SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 2017, Brasília. FAVELAS EM FORTALEZA: do surgimento a tentativa de erradicação (1877-1973). [...]. [S. l.: s. n.], 2017. Disponível em: https://www.snh2017.anpuh.org/site/anais#php2go_top. Acesso em: 10 jun. 2024.


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