Roda de Conversa

05/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC2.12 - Saúde Mental e Território no contexto das populações vulnerabilizadas

54132 - TERRITÓRIO E SAÚDE MENTAL: TERRITORIALIZANDO EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE HORIZONTE/CE ATRAVÉS DA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE
BRUNO SOUZA BARBOSA - ESP/CE, ALEX MARQUES DO NASCIMENTO UCHÔA - ESP/CE, ANTÔNIO GABRIEL MIRANDA DA SILVA - ESP/CE, APARECIDA LIMA DA SILVA - ESP/CE, CRISTIANA BARREIRA PINTO - PREFEITURA MUNICIPAL DE HORIZONTE, DIANA CARLA LAUREANO DE OLIVEIRA - PREFEITURA MUNICIPAL DE HORIZONTE, ELAINE DE SOUSA FALCÃO - PREFEITURA MUNICIPAL DE HORIZONTE, EMANUELA MARIA PATRICIO DE ALMEIDA - ESP/CE, LAÍS EVANDRO DE CASTRO MARTINS - PREFEITURA MUNICIPAL DE HORIZONTE, LARISSA CLEMENTINO DE MOURA - ESP/CE


Contextualização
Visões contemporâneas de território o considera de forma ampliada, o delineando como espaços simbólicos de produção de cultura, política, história e poder, extrapolando os espaços físicos (Bissacotti; Gules; Blümke, 2019). A partir do conhecimento dos Determinantes Sociais de Saúde é possível perceber como o simbolismo do território está relacionado à produção de saúde e de adoecimento.

Outrossim, a territorialização – uma diretriz do Sistema Único de Saúde (SUS) – pode ser entendida como uma ferramenta de compreensão dos processos de interação entre fatores sociais, ambientais e de saúde, por parte das equipes de profissionais que atuarão sobre determinado território (Andrade et al., 2021). Tomando como base a Reforma Psiquiátrica, os territórios funcionam na lógica de inclusão-exclusão, em que os profissionais da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) precisam estar atentos ao processo histórico de exclusão de pessoas com transtornos mentais e grupos marginalizados, observando se o decurso de inclusão no território não reflete práticas de submissão (Furtado et al., 2016).

Nesse contexto, o presente trabalho objetiva apresentar o processo de territorialização da XI turma de residência multiprofissional em saúde da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE), com ênfase em saúde mental coletiva, lotada no Centro de Atenção Psicossocial - CAPS Geral do município de Horizonte/CE.


Descrição da Experiência
A equipe multiprofissional de residentes, no município em questão, é composta por uma assistente social, um psicólogo e um enfermeiro. O processo de territorialização no CAPS Geral se deu por meio de pactuação entre as Preceptorias de Campo e de Núcleo da residência multiprofissional, sendo estruturado eminentemente por meio de agendas semanais com cada profissional residente.

As atividades foram realizadas em conjunto com a equipe local, de forma uni e multiprofissional. Os residentes acompanharam as ações rotineiramente executadas, tais como: recepcionar os usuários, realizar acolhimento/avaliação inicial, abertura de prontuários, visitas domiciliares, facilitação de grupos terapêuticos, reunião de equipe, organização da rotina do setor de enfermagem, administração de medicamentos e transporte de usuários em regime intensivo.

Ao longo da imersão nos processos de trabalho, observou-se a articulação intra e intersetorial, a demanda do território, a acessibilidade e o perfil de usuários, bem como potencialidades e fragilidades do serviço. Além disso, realizou-se convite a alguns usuários para realização de uma oficina com intuito de discutir temas acerca da saúde.

Objetivo e período de Realização
A atividade foi realizada em março e abril de 2024. O objetivo principal foi a inserção dos profissionais residentes em Saúde Mental Coletiva no território do CAPS Geral do município de Horizonte. Buscamos, também, o conhecimento do território para qualificar e ampliar a promoção de saúde mental, por meio da observação de demandas da população, a interação com a comunidade, profissionais e potencialidades territoriais, com a finalidade de mapear os mais variados saberes acerca da saúde mental.

Resultados
O processo de territorialização propiciou aos profissionais envolvidos, dentro de suas especialidades, a construção de os conhecimentos, que facilitam a consolidação de um cuidado singular, balizado por especificidades individuais e coletivas e, portanto, operacionalizando preceitos da humanização. O encaminhamento para o profissional específico se faz necessário após a percepção e escuta que se inicia ao adentrar o estabelecimento, iniciando pela recepção e dando continuidade ao serem atendidos no acolhimento, onde os detalhes dos problemas são descobertos.

Com a escuta ativa do profissional no momento da consulta, as melhores informações e encaminhamentos são realizados. A atuação de cada profissional com dedicação se mostrou como um impacto positivo, devido à empatia de todos se ajudarem quando há necessidade, independente da agenda estabelecida do profissional para aquele dia.

São realizadas ações voltadas para o desenvolvimento mental, com isso a percepção da necessidade de tais práticas para a melhora dos quadros psicóticos é evidente. A inter-relação entre medicação e práticas complementares que desenvolvam a parte motora e psicológica é indispensável.

Aprendizado e Análise Crítica
Todo o processo desenvolvido no CAPS nos mostrou a grande complexidade envolvida no serviço, esclarecendo a proposta desse ponto de atenção à saúde, seus fluxos organizacionais e as ferramentas de cuidado na atenção psicossocial. A partir dessa vivência, praticamos o senso crítico, relativos ao cuidado em saúde e à luta antimanicomial, considerando os desafios cotidianos que se interpõem ao fazer profissional.

Consideramos que, apesar da alta demanda, da frágil articulação da RAPS e de dificuldades estruturais e de recursos, o interesse em aprofundar os saberes na área psicossocial foi despertado. Conhecer o contexto social e econômico da população local, as percepções individuais sobre o processo saúde-doença, bem como a oferta dos serviços públicos, ampliou a própria percepção dos profissionais residentes na contextualização do adoecimento psíquico.

A análise de todos com relação aos setores existentes foram unânimes. Ao cooperar com a equipe multiprofissional, percebemos que cada categoria oferece um olhar específico e a conjunção dos saberes resulta na ampla percepção dos sujeitos e seus contextos.

Por se tratar de um ambiente com tantas peculiaridades, absorvemos uma grande quantidade de informações e aprendizados. Entre eles, destacamos a percepção de que o medicamento não é o principal meio para a melhora do paciente.


Referências
ANDRADE, Andréa Garboggini Melo et al. Módulo Teórico 2: Território e Determinantes Sociais em Saúde. In: Brasil. Ministério da Saúde. Curso de Atualização para Análise de Situação de Saúde do Trabalhador -ASST aplicada aos serviços de saúde [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Universidade Federal da Bahia. – Brasília: Ministério da Saúde, pp. 1-37, 2021.

BISSACOTTI, Anelise Pigatto; GULES, Ana Maria; BLÜMKE, Adriane Cervi. Territorialização em saúde: conceitos, etapas e estratégias de identificação. Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde, [s. l.], v. 15, ed. 32, p. 41-53, 2019.

FURTADO, Juarez Pereira et al. A concepção de território na Saúde Mental. Cadernos de Saúde Pública, [s. l.], v. 32, ed. 9, 2016.

PETTRES, Andreia Assmann; DA ROS, Marco Aurélio. A determinação social da saúde e a promoção da saúde. Arquivos Catarinenses de Medicina, [s. l.], v. 47, n. 3, p. 183–196, 2018.


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