Roda de Conversa

05/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC2.12 - Saúde Mental e Território no contexto das populações vulnerabilizadas

53052 - DIALOGANDO SOBRE SAÚDE MENTAL COM ADOLESCENTES EM UM CENTRO SOCIOEDUCATIVO
HELLEN DE PAIVA SZKURA - UVA, MAURO MOURA BRITO FILHO - UVA, MARIA AMANDA MATOS PERES - UVA, ELISA HELLEN GONÇALVES PIMENTEL - UVA, KAILANE PEREIRA PAIVA - UVA, THAIS LARA BATISTA MENEZES - UVA, NICOLE ELLEN FERNANDES XAVIER - UVA, JOYCE MAZZA NUNES ARAGÃO - UVA


Contextualização
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (2024), a adolescência é o período entre 10 a 19 anos, englobando a transição entre a infância e a vida adulta, sendo cercada por diversas transformações e inquietações que influenciam e moldam o adolescente. Dentre os aspectos que possuem efeito nesta fase, destaca-se a saúde mental, fator que, devido a exposição a situações socioeconômicas, familiares, de violência e abuso, entre outros, podem os tornar vulneráveis e suscetíveis a prejuízos psicológicos.
Com isso, Mezzalira (2023), afirma que os adolescentes são considerados um grupo vulnerável e expostos a diversas ameaças à saúde, em especial os adolescentes em situação socioeducativa, visto o ambiente em que estão inseridos, no contexto de privação da liberdade por atos infracionais, advindos e influenciados por situações sociais e familiares. Assim, faz-se necessária a criação de espaços para abordagem educativa, momentos de expressão pessoal e discussões sobre temas pertinentes para este público.
Ademais, Marques (2020), destaca que a institucionalização, por si só, exerce efeitos significativos na vida de uma criança ou adolescente. Com isso, práticas institucionais desprovidas de trocas afetivas e de condições essenciais para o desenvolvimento tendem a deixar marcas profundas nos jovens institucionalizados, reiterando a necessidade de uma maior atenção ao cuidado psicossocial.

Descrição da Experiência
Trata-se de um relato de experiência, baseado em ações extensionistas desenvolvidas por discentes de enfermagem e integrantes da Liga Interdisciplinar de Promoção à Saúde do Adolescente (LIPSA) da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). A LIPSA tem por objetivo desenvolver ações que contribuam para a promoção da saúde e qualidade de vida dos adolescentes, especialmente aqueles em situação de vulnerabilidade.
As ações foram desenvolvidas em um Centro Socioeducativo no Ceará, realizadas em maio de 2024, divididos em quatro encontros semanais às terças-feiras em período matutino. As temáticas foram direcionadas pelo tema principal: “Promoção da Saúde Mental aos Adolescentes”, sendo os quatros encontros com as seguintes temáticas: (1) inclusão e acolhimento: a luta antimanicomial para integração social dos adolescentes com sofrimento mental; (2) automedicação e alternativas ao tratamento medicamentoso; (3) o autocuidado como ferramenta de empoderamento no tratamento do adolescente com sofrimento mental, e por fim, (4) reabilitação psicossocial: oportunidade de promoção da saúde mental.
Dentre as metodologias utilizadas para as ações, destacam-se: jogo de cartas de associação, tabuleiro interativo, materiais de arte e pintura, além de recursos visuais, como, slides, vídeos, web panfletos, e também rodas de conversa para melhor diálogo e interação.

Objetivo e período de Realização
Este estudo tem por objetivo relatar e descrever as ações extensionistas de educação em saúde, conduzidas por acadêmicos do curso de enfermagem com adolescentes institucionalizados sobre saúde mental, a fim de garantir a promoção em saúde, por meio de conhecimento e diálogos pertinentes sobre a temática com adolescentes vulneráveis. As ações descritas ocorreram durante o mês de maio de 2024 em quatro encontros semanais, às terças-feiras.

Resultados
As ações desenvolvidas foram de suma importância para o desenvolvimento e bem-estar mental, contribuindo ao público-alvo e para a formação dos discentes de forma positiva, trazendo um maior conhecimento a cada encontro, ensinando os participantes a praticarem hábitos mais saudáveis, em exemplo, a importância da regulação do sono e a prática de atividades físicas, além do estímulo ao desenvolvimento de maior habilidade em lidar com seus problemas e emoções.
Assim, os jovens apresentaram interesse, compartilharam suas experiências e dificuldades acerca de cada assunto. Além de que vários adolescentes, evidenciaram problemas com insônia e pesadelos, enquanto outros relataram manchas na pele devido à ansiedade, demonstrando assim, a oportunidade de uma abordagem direcionada e necessária para reconhecimento de problemas psicológicos e suas repercussões. Apesar do grande êxito das ações, observou-se limitações, com destaque para o número reduzido de participantes, devido ao cumprimento de outras atividades do centro socioeducativo, a restrição de materiais a serem utilizados por regras do local, além do desconhecimento prévio de alguns adolescentes acerca de alguns temas.


Aprendizado e Análise Crítica
Os adolescentes institucionalizados estão frequentemente expostos a altos níveis de estresse e traumas. Assim, as discussões abordadas nos momentos podem ajudar a identificar e tratar condições de saúde mental, visando reduzir o risco de comportamentos autodestrutivos. Um espaço que promovesse sigilosidade e segurança, foi proporcionado para que esses adolescentes falassem sobre suas emoções e experiências, possibilitando a melhoria do bem-estar emocional e desencadeando o desenvolvimento de mecanismos saudáveis de enfrentamento. As intervenções em saúde mental trouxeram aprendizados para os jovens do Centro Socioeducativo, tendo em vista que a saúde mental é componente essencial da reabilitação e através dessa abordagem, é possível aumentar a probabilidade dos adolescentes se reintegrarem com êxito na sociedade, evitando a reincidência infracional.
Em suma, iniciativas de educação em saúde têm a capacidade de gerar transformação na comunidade em que são feitas. Entre os adolescentes, essa transformação foi percebida através do diálogo em roda de conversa, na qual um deles relatou que os encontros semanais ensinavam a lidar com a própria ansiedade, diante de dificuldades da rotina no local. Nesse sentido, as ações realizadas pela LIPSA proporcionam aos adolescentes um espaço de acolhimento e escuta profissional, necessários para o cuidado em saúde mental.


Referências
MARQUES, C. F. O. Saúde mental no contexto de acolhimento institucional de crianças e adolescentes: o que o serviço social tem a ver com isso? Revista de Serviço Social, Rio de Janeiro, v. 1, n. 5, 2020. Disponível em: https://publicacoes.unigranrio.edu.br/index.php/mrss/article/view/6372/3194. Acesso em: 06 jun. 2024.

MEZZALIRA, A. S. C, et al. “OFICINAS DA VIDA”: desafios e perspectiva de uma atividade extensionista em contexto socioeducativo. Revista de Extensão da UFMG, Belo Horizonte, v. 11, n. 2, 2023. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistainterfaces/article/view/42070/39608. Acesso em: 03 jun. 2024.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Saúde mental dos adolescentes, 2024. Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/saude-mental-dos-adolescentes. Acesso em: 03 jun. 2024.


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