Roda de Conversa

05/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC2.11 - Conhecimento, pesquisa e saberes das populações vulnerabilizadas

51788 - ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO NA GRADUAÇÃO: EXPERIÊNCIA DE UMA LIGA ACADÊMICA DE DOENÇAS TROPICAIS NEGLIGENCIADAS
ANA BEATRIZ DA COSTA ALMEIDA - UFPI, LARA BEATRIZ DE SOUSA ARAÚJO - UFPI, KHAAB GIBRAN LEAL VASCONCELOS - UFPI, FRANCISCA VICTÓRIA VASCONCELOS SOUSA - UFPI, TAYNARA SORIANO SALES - UFPI, AMANDA ANDRADE DE PAIVA - UFPI, EDMÉRCIA HOLANDA MOURA - UFPI, ÉRICA DE ALENCAR RODRIGUES - UFPI, FABIO SOLON TAJRA - UFPI, OLÍVIA DIAS DE ARAÚJO - UFPI


Contextualização
As ligas acadêmicas são grupos de estudantes, sob a orientação de um ou mais professores, com o objetivo de realizar atividades atreladas ao tripé universitário – ensino, pesquisa e extensão – com ênfase em uma área específica de conhecimento, proporcionando vivências em diferentes perspectivas, através de aulas teóricas, cursos práticos, oportunidades para a produção científica e participação em eventos e práticas clínicas. Ao integrar uma liga, o discente assume um papel de protagonismo em sua própria formação, tendo em vista que há o contato direto com a realidade, resultando, por conseguinte, em alunos mais críticos, reflexivos e profissionais mais humanizados. Nessa perspectiva, em setembro de 2021 foi criado a Liga Acadêmica Multiprofissional de Doenças Tropicais e Negligenciadas (LAMDTN) na Universidade Federal do Piauí (UFPI), com o propósito de promover o enriquecimento da formação de acadêmicos dos cursos de saúde quanto às Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN), tendo em vista que se observou a necessidade de abordar esta temática, a qual ainda é pouco valorizada no país, por parte dos pesquisadores, bem como na formação acadêmica. Dessa forma, o presente estudo possui o objetivo de compartilhar a experiência da LAMDTN e suas atividades, além de abordar suas contribuições para a formação acadêmica e para a sociedade.

Descrição da Experiência
A LAMDTN é um projeto fundado por estudantes de diferentes cursos da saúde, como enfermagem, medicina e farmácia, com a missão de agregar conhecimento para a comunidade acadêmica sobre as DTN, contribuindo para a melhoria dos serviços de saúde, além de promover inserção dos estudantes e da instituição na comunidade, seguindo as modalidades de ensino, pesquisa e extensão. Referente ao ensino, foram realizadas aulas quinzenais com profissionais referências de diferentes formações e regiões do país, a fim de abordar as diversas realidades do Brasil quanto às DTNs. Além disso, foram realizadas discussões de casos clínicos, com a finalidade de estimular o raciocínio crítico dos acadêmicos. Na pesquisa, houve a participação dos ligantes em eventos, bem como a construção e submissão de trabalhos alinhados às temáticas da liga, os quais possibilitaram atualização científica e habilidades em pesquisa. Já na extensão, foi realizado um minicurso prático sobre a avaliação dermatoneurológica, rodas de conversas sobre estigma social, atuação junto às Unidades Básicas de Saúde (UBS) e a comunidade, como a visita a quilombos para disseminação de conhecimentos sobre hanseníase, bem como participação de multirões para avaliação de pacientes e realização de testes rápidos para hanseníase, onde os ligantes tiveram a oportunidade de atuar como agentes de promoção à saúde e transformação social.

Objetivo e período de Realização
A LAMDTN possui o objetivo de qualificar e complementar a formação acadêmica de seus membros quanto as DTN, tendo em vista que se trata de uma temática ainda pouco abordada na grade curricular da graduação e muito pertinente no território brasileiro, especialmente no Piauí, estado a qual se localiza a instituição promotora da liga acadêmica. O período de realização, por sua vez, refere-se às atividades desenvolvidas ao longo da gestão 2022-2023.

Resultados
Foram realizadas 17 aulas, com periodicidade quinzenal, as quais abordaram como temáticas: escrita científica, hanseníase, tuberculose, doença de Chagas, malária, leishmanioses, raiva humana, esquistossomose, filariose linfática, HIV e hepatites virais. Cada aula contou com a participação de cerca de 20 pessoas e houve o estímulo à participação engajada dos ligantes, sanando-se as dúvidas com os especialistas. Além disso, houve a participação dos membros em seis eventos nacionais, o que permitiu a submissão de 27 trabalhos, os quais proporcionaram atualização científica e aprimoramento das habilidades de escrita, além de network nos eventos. Ademais, foram realizadas atividades de extensão, como rodas de conversa nas universidades e com pessoas acometidas pelos agravos; minicursos, webnares e fóruns; além da participação na 9° Conferencia Estadual de Saúde, a qual permitiu a participação na construção do Sistema Único de Saúde (SUS) do amanhã. Tais atividades permitiram uma maior visibilidade para tais doenças, mas, principalmente, para as pessoas acometidas, evidenciando a necessidade e a importância de se conhecer muito além da parte científica, mas desenvolver o lado humano.

Aprendizado e Análise Crítica
Através desta experiência, foi possível proporcionar conhecimentos científicos, desenvolvimento de habilidades práticas, além de visibilidade às DTN. Além disso, as atividades de aproximação com a comunidade potencializaram os movimentos sociais e as relações entre teoria e a prática. Durante as participações da liga nas diversas atividades, foi evidenciado ainda a necessidade e a importância da abordagem dessas temáticas, para além da graduação. Nesse sentido, pôde-se consolidar os princípios universitários de ensino, pesquisa e extensão de forma ampla, possibilitando a inserção dos discentes de forma direta e indireta na temática das doenças tropicais e negligenciadas, contribuindo para sua formação profissional e humana.

Referências
Goergen, D. I., et al. As ligas acadêmicas e sua aproximação com sociedades de especialidades: um movimento de contrarreforma curricular. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 45, n. 2, 2021.
Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Boletim epidemiológico: hanseníase 2024. Brasília: Ministério da Saúde, 2024.
Freitas, B. H. B. M., et al. Educational workshop with adolescents on leprosy: case report. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 72, n. 5, p. 1421–5, 2019.
Gaspar, M. A. R., et al. Educação popular em saúde sobre hanseníase em uma comunidade quilombola da baixada maranhense: um relato de experiência do pet-saúde/interprofissionalidade. Interfaces, v. 11, n. 1, p. 346-354, 2023.
Farias, R. C., et al. Hanseníase: educação em saúde frente ao preconceito e estigmas sociais. Research, Society and Development, v. 9, n. 8, 2020.


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