Roda de Conversa

05/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC2.11 - Conhecimento, pesquisa e saberes das populações vulnerabilizadas

51134 - RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL E A TERRITORIALIZAÇÃO: ENTRE POTENCIALIDADES E VULNERABILIDADES NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE, NO MUNICÍPIO DE HORIZONTE/CE.
ANA GABRIELI DE DEUS CASSIMIRO - ESP/CE, ALEX MARQUES DO NASCIMENTO UCHÔA - ESP/CE, APARECIDA LIMA DA SILVA - ESP/CE, BEATRIZ LOPES MORAIS - ESP/CE, BRUNO SOUZA BARBOSA - ESP/CE, LÍVIA ESTEVAM DA SILVA - ESP/CE, MARIA ROSENIRA OLIVEIRA MARQUES - SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE HORIZONTE/CE, REBECA NORONHA DA SILVA DAMASCENO - ESP/CE, SUIANNE BRAGA DE SOUSA - ESP/CE, SULAMITA SANTOS ENOQUE LIMA - ESP/CE


Contextualização
O Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da Rede de Atenção à Saúde (RAS), preconiza a descentralização e a resolutividade de ações para efetivação do cuidado integral e está fundamentado nos princípios da universalidade, da integralidade e da igualdade.
A Atenção Básica (AB) consiste na principal porta de entrada do SUS e está em constante diálogo com a RAS, visando a promoção, prevenção, tratamento e recuperação da saúde. Realizada por equipe multiprofissional, a AB deve ser ofertada de forma gratuita e integral a toda população definida no território. (Brasil, 2017)
Compreender o território como espaço geograficamente definido, é entender que este faz parte da “construção descentralizada do SUS na execução das ações estratégicas destinadas à vigilância, promoção, prevenção, proteção e recuperação da saúde.” (Brasil, 2017) Nisso, o SUS presente dentro do território vivo que é, contribui diretamente na atuação da AB, viabiliza uma maior aproximação do profissional à população e promove ações estratégicas que possibilitam intervir nos condicionantes e determinantes da saúde.
Destarte, o presente relato de experiência visa elucidar o processo de territorialização da Residência Multiprofissional da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE), com vista nas potencialidades e vulnerabilidades identificadas no cenário de prática no âmbito da Atenção Básica, no município de Horizonte/CE.


Descrição da Experiência
Territorialização é um dos princípios do SUS e uma das Diretrizes da Política Nacional da Atenção Básica (PNAB). Nisso, territorializar possibilita conhecer as particularidades políticas, socioeconômicas, culturais, bem como consiste identificar as demandas de saúde presentes no território, viabilizando planejar ações de saúde de maneira a intervir nas problemáticas existentes. (Araújo et. al. 2017)
A territorialização no município foi realizada pela turma XI da Residência Multiprofissional em Saúde em Horizonte/CE, município de médio porte e industrial, a qual ocorreu mediante percurso itinerante na rede de saúde, que dispõe de 26 equipes de saúde da família, Hospital, Maternidade e UPA, inclusive, nos equipamentos de Educação, de Cultura, de Turismo e da Assistência Social.
Desse modo, a equipe de residentes pôde perceber como a intersetorialidade é importante no desenvolvimento da promoção de saúde e que o processo de referência e contrarreferência são essenciais nos espaços sócio-ocupacionais que promovem outras políticas públicas.
Logo, em cada visita foi observado como o município é bem estruturado e organizado, estando em constante diálogo com os gestores, sujeitos e comunidade, mediante participação em conselhos representativos, conferências e audiências, dentre outros, possibilitando o desenvolvimento de práticas profissionais que favoreçam o acesso e o cuidado em saúde.


Objetivo e período de Realização
A territorialização aconteceu entre março e maio de 2024, objetivando adentrar no território reconhecendo as potencialidades e vulnerabilidades do mesmo, para assim, subsidiar a inserção da equipe multiprofissional de saúde formada por Assistente Social, Psicóloga, Nutricionista, Dentista, Enfermeira e Fisioterapeuta, atuantes na comunidade de Dourado, de Aningas e de Coqueiros, no intuito de efetivar ações de educação em saúde para minimizar agravos em saúde e promover a igualdade social local.

Resultados
O processo de territorialização resultou à equipe multiprofissional do Programa Saúde da Família e Comunidade (SFC), na construção de uma visão ampla do território no município de Horizonte/CE. Tal processo possibilitou vivenciar um território vivo, bem como propiciou aos residentes compreender a realidade da região e as condições objetivas e subjetivas dos indivíduos sociais.
Ademais, a partir do matriciamento realizado em cada Unidade Básica de Saúde (UBS) de atuação profissional, foi fundamental identificar as potencialidades como: a qualidade no atendimento, a empregabilidade e a oferta de equipamentos de saúde. Todavia, as fragilidades observadas foram: a falta de transporte coletivo, a incidência do alcoolismo, da violência e da insegurança, bem como a prevalência de doenças crônicas como a diabete e hipertensão.
Logo, o processo vivenciado pelos residentes da SFC, propicia a estes traçar um plano de ação para desenvolver atividades de saúde, seja no âmbito individual ou coletivo, bem como potencializa a prática profissional no campo de atuação, auxiliando compreender que a saúde é ampla e potente, sem prescindir a participação da comunidade nos processos de tomada de decisões.

Aprendizado e Análise Crítica
O processo de territorialização da Residência Multiprofissional ocorreu de forma grandiosa e rica em aprendizado. Neste, foi possível visualizar um SUS que está presente e que funciona mesmo diante das diversas contrarreformas existentes que almejam o SUS do Projeto Privatista. Tal prática, vem se reproduzindo na saúde na totalidade, de modo que na AB não é distinto, como a precarização dos serviços de saúde, a insuficiência de financiamento, a prevalência do modelo biomédico, as altas demandas reprimidas na média complexidade, bem como a redução dos direitos sociais.
Contudo, a Residência Multiprofissional, dentro do cenário de desmonte dos direitos sociais, sobretudo do direito à saúde, tem papel fundamental na AB, de modo que, através da multiprofissionalidade, desenvolve ações que promovem o fortalecimento do SUS. Esta, viabiliza ainda práticas que propiciam a educação em saúde, possibilitando a ampliação e o acesso aos mínimos sociais, permitindo identificar que são diversas as potencialidades e vulnerabilidades existentes no território de cada UBS.
Destarte, a territorialização consolida a prática profissional de forma autônoma e permite conhecer e ouvir a vida em comunidade, uma vez que compreende que a saúde é feita para ela e com ela. Além disso, a partir desse contato, é possível criar o primeiro vínculo dos profissionais residentes recém-chegados com a comunidade viva.

Referências
ARAÚJO, Guilherme Bruno et al. Territorialização Em Saúde Como Instrumento De Formação Para Estudantes De Medicina: Relato De Experiência. Sanare, Sobral, v. 16, n. 1, p. 124-129, jun. 2017.
BRASIL. LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2017.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.
TETEMANN, E. C. TRUGILHO, S. M. SOGAME, L. C. M. Universalidade e Territorialização no SUS: contradições e tensões inerentes / universality and territorialization in sus. Textos & Contextos (Porto Alegre), [S.L], v. 15, n. 2, p. 356, 19 dez. 2016. EDIPUCRS. http://dx.doi.org/10.15448/1677-9509.2016.2.25456.


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