05/11/2024 - 08:30 - 10:00 RC2.8 - Territorialidades, ambiente e vulnerabilidade |
52315 - CONDIÇÕES DE VIDA, SAÚDE E SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL PÓS-PANDEMIA E OS EFEITOS DA OCUPAÇÃO HUMANA NO ENTORNO DO RIO SARAPUÍ, NA BAIXADA FLUMINENSE GIANNE CRISTINA DOS REIS - ESCOLA POLITÉCNICA DE SAÚDE JOAQUIM VENÂNCIO (LATEPS/EPSJV/FIOCRUZ), FERNANDA DO SOCORRO FERREIRA SENRA ANTELO - UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
Apresentação/Introdução O cenário de pandemia mundial suscitou uma série de questões relacionadas à saúde, bem-estar, sustentabilidade, condições de vida e moradia de determinados grupos, principalmente os que vivem em condições mais vulneráveis e que foram afetados de forma desproporcional pelo aumento das desigualdades durante e após a pandemia. E este cenário possui diversas clivagens, que forçam grande parte da população a sobreviver de forma insalubre, muitas vezes em locais que oferecem não somente risco à saúde, como também contribuem para o aumento do adoecimento devido as condições do solo de determinados territórios. E um dos problemas que afetam a saúde e qualidade de vida da população é a qualidade dos rios e neste trabalho, buscamos fazer uma avaliação preliminar do curso do rio Sarapuí na sua dimensão socioambiental, tendo em vista a enorme poluição que este rio apresenta e que afeta uma grande parcela da população residente nas áreas cortadas por ele. Neste sentido, caracterizamos alguns aspectos relacionados a densidade demográfica e a precariedade no acesso a infraestrutura urbana e serviços públicos, que tem como consequência, inúmeros impactos sociais e ambientais, que são causados pela poluição deste rio, considerando que os determinantes sociais da saúde, aliados aos diferentes tipos de vulnerabilidades, contribuem para o aprofundamento das condições de vulnerabilidade.
Objetivos Nosso objetivo foi realizar uma análise exploratória sobre os impactos nas condições de vida, de saúde e sustentabilidade ambiental da poluição do Rio Sarapuí, na Baixada Fluminense/RJ para a saúde a população residente no entorno do curso deste Rio durante e pós-pandemia.
Metodologia Esta pesquisa teve um caráter exploratório e sua realização implicou na utilização de métodos quali-quantitativos. Para tanto, foi realizado o levantamento bibliográfico de literatura especializada no campo e o levantamento de dados estatísticos e vetoriais em bases de dados públicas, tais como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Instituto Estadual do Ambiente (INEA), a Prefeitura Municipal de Duque de Caxias (PMDC) e o Comitê da Bacia Baía de Guanabara (CBBG). Com base nestas informações, elaboramos uma caracterização das condições de saúde, demográficas, econômicas e ambientais da população que tem moradias no entorno do rio Sarapuí, além das características gerais da população dessa área. Além disso, produzimos mapas temáticos da área de estudo, que foram elaborados com o apoio do software QGIS 3.18.
Resultados e Discussão Como principais resultados, foi possível observar uma enorme precarização das condições de vida da população que vive no entorno do rio Sarapuí, durante e no pós-pandemia, primeiro em virtude da elevada densidade demográfica das áreas cortadas pelo rio Sarapuí e que contribuem para o aumento do nível de degradação ambiental e vulnerabilidade social das famílias residentes à margem deste rio. O conjunto de dados analisados nos possibilitou averiguar que a população que vive no entorno deste rio, possui precário acesso a infraestrutura urbana e a serviços públicos, tais como abastecimento de água, serviço regular de coleta de lixo, esgotamento sanitário e embora essa população seja atendida pelos serviços de saúde, a incidência de doenças causadas pela ausência dos serviços acima citados, contribuem para um maior adoecimento da população, bem como para a diminuição da expectativa de vida desses indivíduos, como consequência da enorme poluição este curso d’água, que recebe esgotamento sanitário de indústrias do entorno do rio sem tratamento adequado, além do lixo que são despejados diretamente no curso do rio, aumentando ainda mais o nível de poluição do mesmo. Desta feita, as comunidades que habitam as margens dessa bacia que se encontra em elevado estado de degradação ambiental, caracterizando prejuízos não só ao ecossistema, como à saúde da população local e à economia regional, sofrem os efeitos dessa degradação.
Conclusões/Considerações finais Com base nas informações analisadas, concluímos que a população que vive no entorno do rio Sarapuí sofre cotidianamente com os efeitos da degradação ambiental deste rio, a exemplo do Aterro (lixão) de Jardim Gramacho, que chegou a vazar aproximadamente 5.5 mil toneladas de resíduos sólidos, que eram despejadas diariamente no “lixão”, gerando cerca de 800 mil litros diários de chorume que iam direto para as águas da Baía de Guanabara. Esse é um dos exemplos da enorme poluição deste rio e que afeta diretamente a população residente no seu entorno. Assim, o conjunto de dados que apresentamos neste trabalho, buscou refletir sobre os impactos para a saúde, condições de vida da ocupação do entorno do rio Sarapuí, cujos impactos de poluição, assoreamento e poluição deste rio afeta diretamente as condições e expectativa de vida dessa população, que é majoritariamente pobre, negra, com baixa escolaridade, que são marcadores sociais interseccionais, que refletem o racismo ambiental.
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