Roda de Conversa

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC2.8 - Territorialidades, ambiente e vulnerabilidade

51768 - DETERMINANTES SOCIAIS EM SAÚDE E HANSENÍASE, QUAL A RELAÇÃO?
ANA BEATRIZ DA COSTA ALMEIDA - UFPI, LARA BEATRIZ DE SOUSA ARAÚJO - UFPI, KHAAB GIBRAN LEAL VASCONCELOS - UFPI, FRANCISCA VICTÓRIA VASCONCELOS SOUSA - UFPI, TAYNARA SORIANO SALES - UFPI, AMANDA ANDRADE DE PAIVA - UFPI, EDMÉRCIA HOLANDA MOURA - UFPI, ÉRICA DE ALENCAR RODRIGUES - UFPI, FABIO SOLON TAJRA - UFPI, OLÍVIA DIAS DE ARAÚJO - UFPI


Apresentação/Introdução
A hanseníase, atualmente, está incluída no quadro de Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN) elencado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), as DTN compreendem 20 doenças prioritárias para controle e erradicação. O Brasil ocupa a 2º posição no ranking de países com maior prevalência de hanseníase, onde a maioria dos casos novos encontram-se nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste do país ( Brasil, 2024). Causada por uma bactéria (Mycobacterium Leprae), a hanseníase apresenta uma alta infectividade causando lesões cutâneas e neurológicas, que podem variar entre uma lesão única em nervo, até o comprometimento sistêmico e incapacidade física, em casos mais graves (Soares, et al, 2021). Nos últimos anos, difundiu-se as discussões sobre a influência dos determinantes sociais no perfil de morbimortalidade da população, estudos que trazem o tema hanseníase e a desigualdade social ganharam relevância no cenário brasileiro. Embora a associação entre a transmissão da hanseníase e as condições sociais em que as pessoas vivem não seja um tema recente, e considerando a complexidade da doença e os diferentes cenários socioeconômicos em que se encontra, a verificação de sua associação com as desigualdades sociais continua sendo uma das principais estratégias para compreensão e mapeamento da doença (Nascimento, et al, 2020).

Objetivos
Analisar a relação dos determinantes sociais e a hanseníase no cenário brasileiro.

Metodologia
Trata-se de uma revisão narrativa da literatura, realizada a partir de manuscritos disponibilizados nas bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Web Of Science e Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (Medline) a partir dos Descritores em Ciência da Saúde (DeCs): Leprosy, "Social Vulnerability", "Social Determinants of Health" os quais foram permutados com o operador booleano “AND”. Foram adotados como critérios de inclusão: artigos disponíveis eletronicamente na íntegra, apresentados nos idiomas inglês, português e publicados nos últimos cinco anos (2019-2024). Aos critérios de exclusão tem-se: trabalhos relacionados aos custos com tratamentos. O processo de rastreio de artigos resultou em 20 investigações, que após leitura de títulos, objetivos, resumos, implementação dos critérios inclusão e exclusão foram computados 14 trabalhos. A posteriori, realizou-se a leitura na íntegra de cada um e elegeram-se seis análises.

Resultados e Discussão
Estudos apontam o papel dos determinantes sociais como; condições de habitação, saneamento, fatores ambientais, migração, baixa escolaridade, baixa renda, desigualdades de gênero e desigualdades étnico-raciais na disseminação da doença (Souza, et al 2019). No estudo de Nascimento, et al 2020 foi evidenciado que mesmo em locais com baixa incidencia e prevalencia de hanseníase no Brasil, os determinantes sociais são fatores de risco para a doença, haja vista, os focos são em populações com níveis de escolaridades mais baixos, com condições de moradias precárias e renda per capita abaixo da média para a região. Os estudos apontam que maioria de casos novos estão entre homens, pardos com baixa escolaridade, baixo índice socioeconômico e que convivem na ausência de saneamento básico, podendo ser justificado pela baixa adesão de inviduos do sexo masculino aos serviços de saúde. O baixa escolaridade está relacionado ao desemprego e a baixa renda, o que culmina com a restrição do acesso aos serviços de saúde, pois, as populações com níveis econômicos maiores têm acesso mais rápidos a saúde, enquanto populações vulnerabilizadas não dispõem desse acesso, dificultando e por vezes retardando o diagnóstico e tratamento (Soares, et al, 2021). Como consequência disso, Brasil, 2024 aponta que na região Nordeste do Brasil o índices de pessoas com incapacidade física decorrente de hanseníase é maior, se comparado às demais regiões, evidenciando que as regiões que compreendem amontoados de populações vulnerabilizadas tende a ter casos mais graves de hanseníase, bem como, apresentar maior incidência.

Conclusões/Considerações finais
Diante o exposto, fica claro que os determinantes sociais tem forte relação com o diagnóstico de hanseníase. Está em posição de vulnerabilidade social, aumenta o aglomerado populacional, diminui o acesso aos serviços e informações em saúde, impossibilitando a detecção de sinais e o diagnóstico precoce. Além de potencializar a estigmatização destes indivíduos que convivem com a hanseníase, pois, o risco de lesão irreversível é maior nestas populações, o que potencializa o sofrimento psicossocial e a distorção da imagem pessoal, além de corroborar com o racismo no país. Apesar de ser uma doença milenar, ainda apresenta um problema de saúde pública, em se tratando de populações vulnerabilizadas é necessário que haja um enfrentamento de busca ativa voltada para esta população. Este manuscrito evidencia a escassez da literatura acerca da hanseníase e os determinantes sociais.


Referências
BRASIL, Ministério da Saúde. Doenças Tropicais Negligenciadas no Brasil Morbimortalidade e resposta
nacional no contexto dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2016-2020. Boletim Epidemiológico, Brasília, 2024.

Nascimento, D. S. et al. Limitação de atividade e restrição à participação social em pessoas com hanseníase: análise transversal da magnitude e fatores associados em município hiperendêmico do Piauí, 2001 a 2014. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 29, p. e2019543, 2020.

Soares, G. M. M. D. M., et al. Fatores sociodemográficos e clínicos de casos de hanseníase associados ao desempenho da avaliação de seus contatos no Ceará, 2008-2019. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 30, p. e2020585, 2021.

de Souza, CD, et al.. Agrupamento espacial, social vulnerabilidade e risco de hanseníase em área endêmica do Nordeste do Brasil: um estudo ecológico. Jornal da Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia , 33 (8), pp.1581-1590.


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