53686 - SOBREPESO E OBESIDADE EM SUJEITOS PRIVADOS DE LIBERDADE NA PARAÍBA GABRIELA MARIA CAVALCANTI COSTA - UEPB, GABRIELA DE SOUSA PONTES - UEPB, MEGGIE ADRIELE DE ALBUQUERQUE MELO - UEPB, LUÍS AUGUSTO PEREIRA SILVA - UEPB, RUDINEY DA SILVA ARAÚJO - UEPB
Apresentação/Introdução No Brasil, os fenômenos de transição epidemiológica e nutricional, ocorreram em decorrência das modificações no padrão de saúde e consumo alimentar e, impactaram as medidas da ocorrência de doenças relacionadas à alimentação e nutrição. Os indicadores de morbidade revelam aumento na prevalência da obesidade e sobrepeso, sendo considerada uma epidemia (Ferreira et al, 2021). Documentos oficiais indicam que no Brasil 54,7% dos óbitos foram causados por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (Brasil, 2021), tendo dentre outros fatores de risco a alimentação não saudável, obesidade e, inatividade física.
Considerando que estes fatores estão presentes no cenário prisional, associados ao aumento e envelhecimento da população carcerária e que, em regiões persistem dificuldades de acesso a serviços de saúde, estudos consideram que o sobrepeso/obesidade são subnotificadas e, manejadas de maneira insatisfatória para enfrentamento das DCNT (Serra et al, 2022) embora tenha sido renovado o Plano de Ações Estratégicas no Brasil 2021-2030, alinhado com os objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS).
O sobrepeso e a obesidade constituem-se problemas de saúde pública global. Compreender o cenário prisional é incursão necessária uma vez que o país tem o terceiro maior número de indivíduos encarcerados no mundo, atrás do Estados Unidos e da China, respectivamente (Azevedo et al, 2022).
Objetivos Estimar a prevalência de sobrepeso e obesidade, e investigar sua associação/correlação com variáveis sociodemográficas entre pessoas privadas de liberdade.
Metodologia Estudo transversal, quantitativo, realizado no estado da Paraíba -nordeste do Brasil-, nos meses de setembro de 2022 a dezembro de 2023, com aplicação de formulário com 157 participantes, após realização de cálculo amostral proporcional por unidade prisional entre os custodiados que estavam há mais de seis meses na unidade, de ambos os sexos, com mais de 18 anos, internos nas 11 penitenciárias que possuíam equipe de saúde implantada. Para a estimativa da amostra, foi considerada a prevalência do desfecho de 50%.
A análise foi realizada a partir da estatística descritiva, com cálculos de frequências relativas e absolutas. As variáveis independentes analisadas foram as características sociodemográficas (faixa etária, escolaridade, raça/cor, atividade física/ tempo de reclusão). As variáveis dependentes foram obesidade e sobrepeso, definido a partir do índice de massa corporal (índice de massa corpórea) de acordo com o cálculo (peso/altura²), utilizando os pontos de corte: “abaixo do peso” < 18,5kg/m², “normal” ≥ 18,5 kg/m² e ≤ 24,9 kg/m², “sobrepeso” ≥ 25,0 kg/m² e < 30 kg/m² e “obesidade” ≥ 307.
Resultados e Discussão Do total de participantes 95,34% são do sexo masculino, 57% da raça/cor parda. A prevalência do sobrepeso foi 34,30% e da obesidade foi de 31,97%. No total 66% têm excesso de peso, com média de 43 anos, 4 anos de estudo e 96,54 cm de circunferência abdominal. Os achados são superiores aos percentuais descritos por Serra et al (2022) que sinalizou em seu estudo que 49,9% de excesso de peso valor maior do que o encontrado entre os dados nacionais (30%). Nesse sentido, estudos sobre a prevalência de excesso de peso revelam que na Espanha, EUA e Austrália tem índices de 51,9%, 69,4% e 72,5%, respectivamente.
55,14% dos participantes, na faixa etária acima de 40 anos estão acima do peso e, 63,20% possuem ensino fundamental incompleto. Para Ferreira 2021 a idade, viver com companheiro e escolaridade, estão entre os fatores associados à obesidade.
Verifica-se correlação positiva entre escolaridade, tempo de reclusão e o sobrepeso/obesidade. Para Serra et al (2022) estes aspectos, associados as características do ambiente prisional e a dificuldade de acesso aos serviços de saúde, findam por favorecer a instalação e agravamento de DCNT e seus fatores de risco.
Por fim, evidenciamos a associação entre não realização de atividade física e o sobrepeso/obesidade. Para Serra et al (2022) o sedentarismo pode ter alto perfil e perpetuar-se em função de aspectos como: ausência de hábito de exercício antes da prisão, lotação dos pavilhões, espaços físicos limitados para as práticas e, ausência de projetos institucionais.
Conclusões/Considerações finais Os achados revelam que, no cenário prisional, a prevalência de sobrepeso e obesidade é superior a indicadores da população extramuros. Para esta população a obesidade/sobrepeso está relacionada a escolaridade, idade, tempo de reclusão e a inatividade física, em uma relação diretamente proporcional. Os achados poderão contribuir: com a gestão dos serviços, sinalizando as necessidades de investimentos para implantação efetiva, ampliação e melhoria das ações de alimentação e nutrição além da organização de redes de atenção com estabelecimento de fluxo e protocolos; com a assistência, implementando o diagnóstico nutricional precoce além do estímulo à hábitos saudáveis e de ações de assistência, tratamento e cuidado para PPL com sobrepeso e obesas e, com a instituições de ensino superior, incorporando nos projetos pedagógicos dos cursos da área da saúde o treino de habilidades e competências para atenção integral.
Referências 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos não Transmissíveis no Brasil 2021-2030 – Brasília : Ministério da Saúde, 2021.
2. Ferreira, A.P.S. et al. . Aumento nas prevalências de obesidade entre 2013 e 2019 e fatores associados no Brasil . REV BRAS EPIDEMIOL 2021; 24: E210009.SUPL.2. https://doi.org/10.1590/1980-549720210009.supl.2
3. Serra, R.M. et al. Prevalência de doenças crônicas não transmissíveis no sistema prisional: um desafio para a saúde pública . Ciência & Saúde Coletiva, 27(12):4475-4484, 2022 . https://doi.org/10.1590/1413-812320222712.10072022
Fonte(s) de financiamento: EDITAL Nº 09/2021 DEMANDA UNIVERSAL / Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia – SEECT / Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado da Paraíba - FAPESQ
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