Roda de Conversa

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC2.7 - Segurança alimentar

51456 - INSEGURANÇA ALIMENTAR ENTRE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS EM RESIDÊNCIAS DA UFPB EM JOÃO PESSOA
LEILA NOBRE BRAZ - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DA PARAÍBA, FLAVIA EMÍLIA LEITE DE LIMA FERREIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA


Apresentação/Introdução
A Insegurança Alimentar e Nutricional (IAN) está em maior parte associada a variáveis demográficas e socioeconômicas, principalmente à renda familiar, a IAN é uma questão crítica que afeta diversas populações vulnerabilizadas no Brasil, incluindo estudantes universitários de baixa renda, uma população que necessita de auxílios para permanência na instituição de ensino superior. Este estudo visa descrever os níveis de insegurança alimentar e nutricional entre estudantes universitários residentes em moradias estudantis na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), destacando as desigualdades regionais e socioeconômicas que perpetuam a vulnerabilidade desses indivíduos. No Brasil, 125,2 milhões de pessoas estão em IA e mais de 33 milhões em situação de fome, expressa pela IA grave, sendo a maior concentração dessas pessoas residentes nas regiões Norte e Nordeste. A pandemia de COVID-19 exacerbou essas condições, aumentando a vulnerabilidade socioeconômica dos estudantes. A falta de políticas públicas eficazes e a redução de investimentos em programas de segurança alimentar e nutricional agravam a situação. É crucial adotar abordagens interseccionais para enfrentar essas iniquidades, considerando as múltiplas dimensões de vulnerabilidade que afetam esses estudantes.

Objetivos
Descrever os níveis de insegurança alimentar e nutricional entre estudantes universitários moradores de residências universitárias na UFPB e analisar as associações com características sociodemográficas.

Metodologia
Foi realizado um estudo observacional descritivo com abordagem quantitativa, em agosto de 2022. O estudo foi realizado no Campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), utilizando a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) para avaliar a percepção da insegurança entre estudantes universitários residentes na UFPB e um questionário sociodemográfico, de características econômicas . A amostra foi composta por 44 estudantes de graduação, com idades entre 19 e 32 anos, provenientes majoritariamente de zonas urbanas de cidades do interior da Paraíba e Pernambuco.

Resultados e Discussão
A amostra total foi composta por 44 estudantes de graduação, majoritariamente dos cursos da área de humanas (47,67%), com idades entre 19 e 32 anos, sendo 56,8% do sexo masculino e 43,2% do sexo feminino. A identificação de raça/cor foi distribuída em: 43,18% de pardos, 29,55% de brancos, 22,73% de pretos e 4,55% de amarelos. A maioria ingressou na residência antes de 2020, vindos principalmente da zona urbana (77,3%) de cidades do interior da Paraíba e Pernambuco.

Os resultados indicam que 80% da população estava em insegurança alimentar, com alta prevalência de IA moderada (25%) e grave (43,18%). Verificou-se um alto nível de desconfiança quanto à qualidade da água, com 75% das pessoas não a considerando apropriada. Durante o período sem a oferta de alimentação do restaurante universitário, por conta da pandemia, 43,18% dos estudantes relataram uma diminuição no consumo de vegetais, enquanto 50% indicaram um aumento no consumo de ultraprocessados. Além disso, 52,27% acreditam que as mudanças na alimentação afetaram negativamente seu desempenho acadêmico.

Esses dados demonstram a fragilidade da assistência estudantil da Universidade Federal da Paraíba e a necessidade urgente de políticas públicas que promovam a segurança alimentar. A pandemia de COVID-19 exacerbou essas condições, aumentando a vulnerabilidade socioeconômica dos estudantes. A falta de políticas públicas eficazes e a redução de investimentos em programas de segurança alimentar e nutricional agravam a situação, refletindo as iniquidades estruturais que permeiam a sociedade brasileira.

Não houve associações estatisticamente significativas entre variáveis sociodemográficas e os níveis de IA.

Conclusões/Considerações finais
Diante do exposto, conclui-se que a população de estudantes universitários moradores de residência universitária em João Pessoa está em mais de 80% em Insegurança Alimentar. Averiguou-se uma alta prevalência de IA moderada/grave, sugerindo a fragilidade da assistência estudantil da Universidade Federal da Paraíba. Sem a assistência adequada do Restaurante Universitário durante o período de isolamento da Pandemia, os estudantes relataram diminuição do consumo de alimentos saudáveis e aumento do consumo de ultraprocessados, sendo considerado um fator de interferência no desempenho acadêmico desse período. É necessário ainda, nos debruçarmos sobre mais estudos a fim de esclarecer a relação hídrica e a IA aferida e também sobre a insatisfação com os valores assistenciais estabelecidos e suas consequências na qualidade de vida do morador universitário.

Referências
ARAUJO, T. A. et al. (in)segurança alimentar e nutricional de residentes em moradia estudantil durante a pandemia do covid-19. Segur. Aliment. Nutr., Campinas, 2021.
BRASIL. Lei n° 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional - SISAN com vistas em assegurar o direito humano à alimentação
adequada e dá outras providências. Diário Oficial da União, 2006.
_______. Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional. Balanço das ações do Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional - PLANSAN 2012-2015. Brasília:
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2014.
_______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação. Escala Brasileira de Insegurança Alimentar – EBIA: análise psicométrica de uma dimensão da Segurança Alimentar e Nutricional. Estudo Técnico No 01/2014. Brasília, 2014.

Fonte(s) de financiamento: Não houve


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