Roda de Conversa

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
RC2.4 - Acesso à saúde das pessoas idosas

51740 - ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA IDOSA PARA O DIAGNÓSTICO PRECOCE DO HIV/AIDS: RELATO DE EXPERIÊNCIA
ANA PAULA RIBEIRO DE CASTRO - UECE, GEANNE MARIA COSTA TORRES - UECE, AMANDA ROBERTA FONSÊCA DO NASCIMENTO - UECE, ANA PATRÍCIA PEREIRA DE MORAIS - UECE


Contextualização
O fenômeno do envelhecimento com HIV/AIDS desafia o campo da saúde coletiva a repensar tecnologias e estratégias para a prevenção, com atividades individuais e coletivas. Contudo, conhecer sobre o assunto não é suficiente, urge uma mudança de comportamento com adoção de práticas seguras capazes de evitar a infecção (Castro et al.,2023). A abordagem terapêutica de pessoas idosas que convivem com o HIV/AIDS não se limita à terapia antirretroviral, exames e orientações acerca do processo de adoecimento crônico (Ducan, Schmidt, Giuliane, 2013; Stewart et al., 2017). Necessária, assim, a reflexão sobre a implementação da assistência multidimensional, com orientação e desmistificação dos tabus, estigmas e preconceitos sobre o HIV/AIDS, bem como o oferecimento e a realização dos testes rápidos a essa população. Considerando a potencial concomitância de condições crônicas, além dos aspectos que envolvem as questões de sexualidade, gênero e estigmas sobre viver e conviver com HIV/AIDS. Buscou-se, assim, a exposição de conteúdos contextualizados à realidade social em que estão inseridas pessoas idosas, profissionais e estudantes, de tal maneira que possibilitassem a instrumentalização dos cursistas, para a atuação em situações reais, por meio da construção do processo de ensino-aprendizagem com a participação ativa de todos os envolvidos no processo.

Descrição da Experiência
O grupo foi acolhido com a apresentação, seguida da dinâmica “Como me vejo com 80 anos?”. Ao longo de 3 dias estratégias pedagógicas ativas foram executadas, tais como: estudo dirigido, com Grupos de Verbalização e de Observação, simulações e representações artísticas, com vistas à apresentação final de um plano de cuidado. Por meio da dinâmica inicial “Como me vejo aos 80 anos?”, os cursistas, 15 alunos de graduação dos cursos de enfermagem, serviço social, ciências biológicas e educação física, com faia etária compreendida no intervalo 20 a 25 anos, realizaram desenhos representativos das características que presumem apresentar aos 80 anos. Outro momento realizado foi a divisão de 2 grupos, para leitura de estudo de casos tratando sobre pessoas idosas em diversas situações de cuidado, estimulou-se a apresentação de um planejamento para o cuidado. Atribuiu-se ao primeiro grupo, chamado de verbalização (GV), a função de discutir um tema e ao segundo, chamado de observação (GO), a análise crítica da dinâmica de trabalho seguida pelo primeiro grupo. Por fim, realizou-se a dinâmica intitulada de, “Construindo corpos idosos”, apresentando diversos contextos de pessoas idosas em relação ao gênero e formas de relacionamento, com o objetivo de entender como cada grupo representa “essa pessoa idosa” e quais elementos são importantes a serem considerados na abordagem das IST/HIV/AIDS.

Objetivo e período de Realização
Descrever uma experiência, mediante perspectiva multidisciplinar e com estratégias pedagógicas pautadas em metodologias ativas, de um minicurso realizado durante evento direcionado a estudantes de graduação e pós-graduação, na Universidade Estadual do Ceará, em Setembro de 2023, com objetivo de refletir sobre o diagnóstico precoce do HIV/AIDS, por meio do Método Clínico Centrado na Pessoa Idosa.

Resultados
Observou-se a discussão reflexiva para a desconstrução de estigmas relacionados às limitações de relações afetivas, comportamento sexual e socialização, a partir de desenhos realizados coletivamente em papel cartão. As representações que emergiram de tal atividade ressaltaram um processo de envelhecimento ativo, com a manutenção da independência funcional e promoção da dignidade. A partir das reflexões, houve a construção de um planejamento de cuidado cooperativo e fomentador da interdisciplinaridade. O envolvimento e a participação ativa dos estudantes se refletiram no baixo número de absenteísmo/ desistência, ao longo dos 3 dias de minicurso: 1 pessoa desistiu, a partir do segundo dia. A avaliação conjunta, com a construção de um mural a partir da pergunta: “O que me afetou nesses dias de encontros?” Trouxe respostas positivas, ressaltando a oportunidade de aprendizado. Com a utilização de QR code para acesso a formulário do Google Docs, foi registrada a presença e a avaliação individual do minicurso.

Aprendizado e Análise Crítica
A partir do encontro foi possível refletir que diante dos estigmas e preconceitos vivenciados pelos idosos, reconhecer o modo de lidar e conviver com uma condição crônica é fundamental para uma abordagem holística a esta população. Então, o acompanhamento das pessoas que convivem com o HIV/AIDS não deve limitar-se as informações relacionadas ao tratamento, medicação e exames, pois os aspectos emocionais que podem elucidar enfoques correlatos à saúde mental, ultrapassando o sentimento de tristeza. Sendo extremamente necessário o diagnóstico precoce em todos os ciclos de vida, pois no Brasil, a investigação da sorologia anti-HIV está concentrada na população acima de 18 anos, quando analisa a maior vulnerabilidade, pouco se faz referências à população idosa. Assim, uma falta de diretrizes específicas para a solicitação da sorologia anti-HIV para os idosos pode colaborar para diagnósticos tardios e má condução no acompanhamento de saúde. A abordagem terapêutica de pessoas idosas que convivem com o HIV/AIDS não se define a terapia antirretroviral, exames e orientações acerca do processo de adoecimento crônico. Refletir sobre a implementação da assistência multidimensional para a pessoa idosa, orientar e desmistificar os tabus, estigmas, preconceitos sobre o HIV/AIDS no Brasil deve ser ponto de reflexão.



Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico HIV/Aids - 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2023.
CASTRO A.P.R. et al. Incidentes críticos na convivência familiar e social de idosos com HIV/AIDS. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, Umuarama, v.27, n.6, p. 2863-2882, 2023.
Duncan, B. B., Schmidt, M. I.; Giuliani, E. R. J. Medicina Ambulatorial: Condutas de Atenção Primária Baseadas em Evidências. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.

Stewart, M., Brown, J.B.; Weston, W. W., McWhinney, I. R., McWilliam, C. L., Freeman, T. R. Medicina centrada na pessoa: transformando o método clínico. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2017.

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