Roda de Conversa

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
RC2.4 - Acesso à saúde das pessoas idosas

50075 - O IMPACTO DO CURSO DE ARTE, CULTURA E PROMOÇÃO DE SAÚDE NO BEM ESTAR E NO PROTAGONISMO DA PESSOA IDOSA
WALTER FERREIRA DE OLIVEIRA - UFSC, SOFIA ROMANENKO HALFPAP - UFSC, VICTOR ERIDES PACHECO COELHO - UFSC


Apresentação/Introdução
O aumento da população de idosos em todo o mundo nos leva a repensar a organização social no que se refere à lida com essa realidade. No Brasil essa população cresce de forma rápida, atingindo 13,5% da população em 2018 (Souza, 2018).
No Brasil, embora os direitos da pessoa idosa tenham avançado, ainda há problemas referentes à qualidade de vida na fase de envelhecimento: sofrem com diversas vulnerabilidades, são invisibilizadas e estigmatizadas com base na idade (Andrade, 2011). Diversas iniciativas têm sido criadas para aumentar a inclusão de idosos, incluindo os programas de Universidades Abertas para pessoas idosas, onde podem participar de ambientes acadêmicos, prevenindo o isolamento e promovendo processos intergeracionais. (Ordonez & Cachioni, 2009).
Nesse contexto, o Núcleo de Estudos da Terceira Idade em parceria com o Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) promove semestralmente o curso de Arte, Cultura e Promoção de Saúde para pessoas idosas, considerando que as atividades artísticas e culturais são importantes ferramentas para a promoção da saúde e instrumentos poderosos para a superação do isolamento, aumento da autoestima e inclusão social dos idosos. Estes cursos pretendem, através de atividades ligadas às Artes e à Cultura, ofertar conhecimentos que possam contribuir para o bem estar dos participantes.


Objetivos
O objetivo do trabalho é mostrar o impacto do curso de Arte, cultura e promoção de saúde, realizado de 2022 a 2024, na qualidade de vida, no bem estar e na diminuição da invisibilidade dos idosos.
Compartilhar conhecimentos sobre práticas pedagógicas utilizadas no curso;
Discutir o conceito e a prática da Promoção da saúde, com base em ações artísticas e culturais;
Discutir a relação intergeracional entre jovens estudantes que atuam como auxiliares pedagógicos no curso e os participantes idosos.


Metodologia
O presente estudo foi realizado a partir da consulta de um banco de dados composto por questionários semi abertos aplicados no início e final de cada edição do curso. Esses questionários foram criados com o intuito de avaliar quanti e qualitativamente a expectativa e a experiência dos idosos no curso. Ambos continham questões de ordem sociodemográfica como idade, sexo e estado civil. O questionário inicial perguntava acerca das motivações para inscrição e expectativas para o curso. Já o questionário final possuía um caráter avaliativo, em que os participantes responderam se as suas expectativas foram cumpridas, se houve impactos positivos do curso sobre sua saúde e sobre possíveis aprendizados adquiridos.
Esses questionários foram aplicados de forma online através da plataforma Google Forms. O curso incluía pessoas com 50 anos e mais, critério adotado pelo Núcleo da Terceira Idade da UFSC, embora a definição de idoso aponte para pessoas acima de 60 anos. Como critério de exclusão, foi levada em consideração a idade menor que 50 anos visto que o curso era voltado à pessoa idosa. Para análise estatística e tabulação foi utilizado o aplicativo Excel.

Resultados e Discussão
Questionários aplicados ao início e final do curso proporcionam uma visão do perfil dos participantes. No segundo semestre de 2023 houve 19 participantes, sendo 18 mulheres,com idades de 51 a 78 anos, e média 62,2 anos. Dez participantes responderam ao questionário final, sendo nove mulheres com idades de 55 a 77 anos, com média de 67,5 anos. Os dados sociodemográficos apresentados a seguir tratam do total de 19 participantes. Destas, apenas duas (1,05%) não possuíam ensino superior completo, tendo finalizado curso técnico e 12 (63,1%%) completaram pós graduação. Em relação à situação profissional 13 (68,4%) eram aposentadas. Quanto à sua saúde, sete (36,8%) declararam possuir alguma doença diagnosticada e 18 (94,7%) relataram considerar sua qualidade de vida “boa” ou “muito boa”.
Quanto às motivações que levaram as idosas a se inscreverem no curso e suas expectativas para o semestre, as respostas variam de “preencher o vazio do dia a dia” ao "combate à solidão”, ressaltando o isolamento social. Outro motivo foi a socialização: “quero compartilhar vivências com pessoas da minha geração”, “interagir com pessoas”, “fazer amizades”. Ficou evidente a demanda por contato social e a importância das relações interpessoais. Outro fator que apareceu em várias respostas foi a busca de conhecimento: “busquei o curso para me atualizar”, “aprender novas coisas”.
No questionário aplicado ao final do curso as participantes ressaltaram suas impressões do curso oferecendo em geral respostas positivas. Muitas respostas foram acerca do conhecimento adquirido ao longo do curso: “ampliou meus conhecimentos, ensinou novas vias de acesso a informações e direitos”; “As expectativas foram cumpridas. Sempre aprendo com outras pessoas”, “o curso proporcionou muito conhecimento e interação”.


Conclusões/Considerações finais
A crescente população idosa no Brasil propicia o surgimento de novas demandas que necessitam acolhimento, como questões ligadas à exclusão, isolamento social e etarismo. Nesse sentido, iniciativas como o curso de Arte, cultura e promoção saúde surgem como forma de lidar com estes problemas, oferecendo novas possibilidades de papéis sociais, como de estudante, novas relações com os participantes e novas expectativas, a partir de novos conhecimentos. Os participantes também vivenciam o protagonismo, pois o curso estimula a troca de ideias e compartilhamento de saberes profissionais e existenciais. Finalmente, o curso resgata o senso de ludicidade, através de vivências, práticas e atividades com jogos e técnicas interpessoais, além das relações intergeracionais, já que a equipe ministrante inclui estudantes da UFSC. A inserção no meio acadêmico, novos aprendizados e formas de socialização são em grande parte responsáveis pelos efeitos positivos do curso no cotidiano desses idosos.


Referências
ANDRADE, M. A. R. Estigma e Velhice: ensaios sobre a manipulação da idade deteriorada. Revista Kairós-Gerontologia, v. 14, n. 1, p. 79–97, 2011.
DOMINGUES, M. A. R. da C., Santos, A., & Duarte, Y. A. de O. Rede de suporte social e idosos que moram sós: desafios para políticas públicas. Mais 60 : Estudos sobre Envelhecimento, 31( 77), 24-37, 2020
OLIVEIRA, W. F. BUENO, S. S. Cultura e arte para o bem estar de pessoas idosas. Anais XIII Encontro Catarinense de Saúde Mental, 2021, Florianópolis. Campinas, Galoá, 2021
SOUZA, A. P. Ações de promoção e proteção à saúde mental do idoso na atenção primária à saúde: uma revisão integrativa. Ciência & Saúde Coletiva v. 27, n. 05, 2018.
TIAGO NASCIMENTO ORDONEZ; MEIRE CACHIONI. Universidade aberta à terceira idade: a experiência da Escola de Artes, Ciências e Humanidades – EACH USP. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, v. 6, n. 1, p. 74–86, 16 nov. 2009.


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