Roda de Conversa

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
RC2.4 - Acesso à saúde das pessoas idosas

48882 - FATORES DETERMINANTES DO EXCESSO DE PESO EM CRIANÇAS NA IDADE ESCOLAR NOTIFICADAS COM SÍFILIS CONGÊNITA
STHEFANI DA COSTA PENHA - UFC, MARIA ALIX LEITE ARAUJO - UNIFOR, RIVIANNY ARRAIS NOBRE - UNIFOR, ANA PATRÍCIA ALVES DA SILVA - UNIFOR, SAMUEL MONTENEGRO PEREIRA - UECE, ANTÔNIO AUGUSTO FERREIRA CARIOCA - UNIFOR


Apresentação/Introdução
O excesso de peso em crianças é um fator de risco para doenças cardiometabólicas na idade adulta e tem impacto social negativo, principalmente, diante da maior probabilidade de ter baixa autoestima, sintomas depressivos e sofrer bullying (ABESO, 2022; Alvarenga et al., 2019).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou mais de 390 milhões de crianças e adolescentes com idades de 5 a 19 anos acima do peso e 160 milhões que viviam com obesidade no ano de 2022, observando-se uma prevalência semelhante entre meninas (19%) e meninos (21%) (WHO, 2024).
A obesidade e o sobrepeso têm causa multifatorial, estando relacionados, principalmente, a fatores estruturais que limitam o acesso a alimentos in natura ou minimamente processados (Alvarenga et al., 2019; WHO, 2024). A literatura indica que fatores sociodemográficos, especialmente pré-natais e ao nascer, repercutem sobre o seu desenvolvimento na infância (Ardic et al., 2019; Martín-Calvo et al., 2021).
A identificação destes fatores é essencial para a compreensão de como características de nascimento podem influenciar o excesso de peso, possibilitando intervenções protetoras.

Objetivos
Analisar os fatores determinantes do excesso de peso em crianças na idade escolar notificadas com sífilis congênita.

Metodologia
Estudo transversal, realizado com crianças notificadas com sífilis congênita nascidas em 2015 e residentes das regionais II e VI de Fortaleza/CE.
Foram realizadas entrevistas, coletando dados sociodemográficos, de nascimento e estado nutricional atual da criança. O estado nutricional foi avaliado pelo índice de massa corporal para a idade (IMC/I), com ponto de corte para diagnóstico em escore-z (WHO, 2007).
A variável de desfecho foi excesso de peso (dicotomizada em sim ou não) e as variáveis de exposição foram fatores sociodemográficos (tipo de moradia, mãe trabalhar fora e escolaridade materna) e de nascimento (baixo peso).
Realizaram-se análises descritivas por meio de frequências absoluta e relativa e analítica pelo teste qui-quadrado ou exato de Fisher. Foi feita associação entre variáveis de exposição e desfecho por análise bivariada e múltipla através de modelo de regressão logística. O critério para inserção da variável no modelo multivariado foi a presença de valor p<0,20 na análise bivariada. Consideraram-se significativos p<0,05. Utilizou-se Stata versão 17.0 para análises estatísticas. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Fortaleza (Nº 2.110.189).

Resultados e Discussão
Do total de 75 crianças, 38 (50,7%) eram do sexo masculino e 32% apresentaram excesso de peso. A idade materna prevalente foi de 20 a 29 anos (57,3%), 66,7% das mães tinham ensino fundamental II, 61,3% não trabalhavam fora e 38,6% não possuíam moradia própria.
A análise bivariada demonstrou que o baixo peso ao nascer comparado ao peso normal foi associado ao excesso de peso em idade escolar (OR 3,78; IC95% 1,05-13,56), coincidindo com estudo que avaliou baixo peso ao nascer e estado nutricional em crianças chinesas, observando maior prevalência de obesidade naquelas com baixo peso no nascimento (Chen et al., 2019). Verificou-se que crianças cujas mães tinham ensino fundamental II comparadas àquelas com ensino fundamental I apresentaram menor risco de ter excesso de peso (OR 0,15; IC95% 0,25-0,97), confirmando o encontrado por estudo que analisou obesidade em crianças americanas, que averiguou menor nível de educação familiar associado a risco aumentado de obesidade (Inoue et al., 2023).
Na análise múltipla, observou-se maior chance de excesso de peso no modelo 1, caracterizado por crianças que as mães não possuíam moradia própria (OR 3,95; IC95% 1,16-13,39) e menor risco para aquelas cujas mães não trabalhavam fora (0,23 IC95% 0,71-0,78) e tinham maior escolaridade (OR 0,86 IC95% 0,01-0,64). Verificou-se maior chance de excesso de peso em modelo 2, constituído por crianças que nasceram com baixo peso (OR 4,08; IC95% 1,02-1,29) e cujas mães não possuíam moradia própria (OR 3,26; IC95% 1,02-10,44) e menor risco para aquelas cujas mães não trabalhavam fora (OR 0,28 IC95% 0,90-0,89). Estes resultados confirmam achados de Andriani (2021), constatando que crianças nascidas com baixo peso e de famílias com menor nível socioeconômico tiveram maior chance de obesidade.

Conclusões/Considerações finais
Conclui-se que os fatores determinantes do excesso de peso em crianças na idade escolar notificadas com sífilis congênita incluem fatores sociodemográficos e de nascimento, como ausência de moradia própria, menor escolaridade materna, mãe trabalhar fora de casa e baixo peso ao nascer. Diante disso, observa-se que maiores oportunidades e menor vulnerabilidade no início da vida, sobretudo no nascimento, contribuem como fator protetor contra o desenvolvimento do excesso de peso.

Referências
ALVARENGA, M. Nutrição Comportamental. 2 ed. Barueri [SP]: Manole, 2019.

ANDRINI, H. Birth weight and childhood obesity: effect modification by residence and household wealth. Emerg Themes Epidemiol, v. 18, n. 1, p. 1-9, 2021.

ARDIC, C. et al. Effects of infant feeding practices and maternal characteristics on early childhood obesity. Arch Argent Pediatr, v. 117, n. 1, p. 26-33, 2019.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E SÍNDROME METABÓLICA - ABESO. Posicionamento sobre o tratamento nutricional do sobrepeso e da obesidade. São Paulo: ABESO, 2022.

INOUE, K. et al. The effect of poverty on the relationship between household education levels and obesity in U.S. children and adolescents: an observational study. Lancet Reg Health Am, v. 25, p. 1-11, 2023.

WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO. Growth reference data. Geneva: WHO, 2007.

Fonte(s) de financiamento: Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FUNCAP (BMD-0008-02111.01.13/23)


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