Roda de Conversa

04/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC2.3 - Acesso à saúde de pessoas LGBTQIA+

53434 - EDUCAÇÃO EM SAÚDE EM UMA UNIDADE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA: REFLETINDO SOBRE A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRAL LGBTQIA+
CARLOS ALBERTO CAVALCANTE DE LIMA - FACULDADE PRINCESA DO OESTE - FPO, LUCIANA BATISTA LUCIANO - FIOCRUZ-CE


Contextualização
A Política Nacional de Saúde Integral LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) é uma iniciativa do Ministério da Saúde do Brasil, criada para garantir o acesso equitativo e integral à saúde para a população LGBT. Lançada oficialmente em 2011, esta política reconhece a necessidade de combater a discriminação e a exclusão social no sistema de saúde e promover o respeito à diversidade (Prado, 2022). A política estabelece como objetivos principais: acesso equitativo à saúde; a abordagem das necessidades específicas de saúde dessa população incluindo prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças; treinamento dos profissionais de saúde para atender às necessidades da população LGBT e a implementação de ações para prevenir e combater a discriminação e a violência conta esta, principalmente nos serviços de saúde (Silva et. al., 2022). Vale destacar que todas as ações voltadas para a sensibilização do tema são de grande valor. Combater o desconhecimento e os preconceitos preexistentes entre os profissionais de saúde e no meio da comunidade na qual estão inseridos esse público representa o grande desafio da atualidade. Garantir que a população LGBT tenha acesso fácil e seguro aos serviços de saúde diz respeito às ressalvas que muitos dos usuários do sistema referem ao buscar atendimento principalmente no setor da saúde (Nascimento et. al., 2024).

Descrição da Experiência
Durante as práticas curriculares obrigatórias, dentro da disciplina de saúde da mulher II, do curso de bacharelado em enfermagem de uma instituição de ensino superior privada, realizada em uma unidade de atenção primária à saúde, no município de Crateús - CE, os acadêmicos realizaram ações de educação e orientação acerca das principais políticas públicas inerentes à população LGBT. Através de material educativo elaborado com base na política nacional de saúde integral LGBT, durante a sala de espera de atendimento daquela unidade básica, os acadêmicos desenvolveram uma atividade de reflexão por meio de roda de conversa, acerca das principais diretrizes que fazem referência a população LGBT. Com ajuda de tecnologias de informação e comunicação (TIC’s), uma cartilha planejada pelo grupo de alunos foi apresentada aos participantes. A cartilha trazia em seu teor, as principais diretrizes da política voltadas ao atendimento da população LGBT, contendo os pontos mais relevantes que fundamentam a sua criação, tais como: acesso universal e igualitário aos serviços de saúde, acolhimento e humanização do atendimento, integralidade do cuidado, produção e disseminação do conhecimento e promoção da equidade em saúde. O momento foi realizado durante a sala de espera de atendimento que acontecia de acordo com agenda semanal e contou com a participação de usuários e funcionários do serviço.

Objetivo e período de Realização
Este trabalho tem como objetivo descrever as ações de promoção das principais diretrizes e orientações acerca da política nacional de saúde integral LGBT desenvolvidas por acadêmicos do curso de bacharelado em enfermagem, durante o período de maio de 2024, em uma unidade de atenção primária à saúde no município de Crateús - CE.

Resultados
O momento foi de suma importância considerando a urgência da temática envolvida. É necessário investir no preparo dos profissionais da saúde não se sente preparada para lidar com algumas situações vivenciadas ao atendimento ao público LGBSTQIA+. Os participantes da roda de conversa, embora não façam parte do grupo LGBTQIA+, acreditam que os pacientes que se encaixam nessa população evitam usar o sistema de saúde por não se sentirem acolhidos pelos profissionais responsáveis pelo atendimento como pela população em geral quando na espera do atendimento. Fomentar discussões e reflexões acerca do tema, como a desenvolvida pelos acadêmicos, pode reduzir estigmas e melhorar o acolhimento dentro das unidades de saúde. A sensibilização com relação ao tema trouxe uma nova perspectiva tanto para profissionais de saúde como para os usuários que participaram da roda de conversa planejada pelos alunos de enfermagem. Entretanto, se faz necessário um número muito mais expressivo de ações de promoção de saúde, no sentido de captar essa população não apenas em nossas unidades de atenção primária à saúde, mas também em hospitais, e demais serviços assistenciais.

Aprendizado e Análise Crítica
As ações de promoção em saúde voltadas para a população LGBT em unidades de saúde são urgentes por várias razões. Elas não apenas garantem o direito à saúde, mas também contribuem para a criação de um ambiente mais inclusivo e equitativo e ajudariam em questões como a desigualdade em saúde, prevenção de doenças, educação de profissionais de saúde e acolhimento.

Referências
NASCIMENTO, Elaine Medeiros do et al. Acesso aos serviços de saúde e suas interfaces com as violências: perspectivas das mulheres transgênero e travestis. 2024.
PRADO, Elizabeth Alves de Jesus. Do ideal para o real: o desafio da implantação da política de saúde LGBT no município de Santarém-PA. 2022.
SILVA, Daiana Mateus da et al. Representações de gênero na assistência de enfermagem: contribuições ao processo de humanização no atendimento à população LGBT. 2022. Tese de Doutorado.


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