Roda de Conversa

04/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC2.3 - Acesso à saúde de pessoas LGBTQIA+

52476 - INCLUSÃO DE PESSOAS GORDAS E LGBTQIA+ NOS ESPAÇOS DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UMA FEIRA CULTURAL
CRISTINA DE SANTIAGO VIANA FALCÃO - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR, BIANCA ABREU BARBAZAN - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR, BIANCA NABUCO DOS SANTOS - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR, BRUNA LARISSA DE SOUSA PONTES - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR, GUILHERME NISHIMURA RIPARDO ALMEIDA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR, ÍTALO FERREIRA DE OLIVEIRA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR, LIVIA BARROSO PEREIRA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR, ANA MARIA FONTENELLE CATRIB - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE, ANTÔNIO AUGUSTO FERREIRA CARIOCA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR


Contextualização
A interseccionalidade da gordofobia e a população LGBTQIA+ quanto ao acesso aos serviços de saúde é uma temática que se faz necessária discussão, devido ao “pre” conceito por parte dos profissionais de saúde, direcionado a esse público, quando buscam os serviços.
Diante do contexto apresentado, a disciplina Estágio em Fisioterapia na Atenção Primária em Saúde (EFAPS) que faz parte do 6º semestre do curso de Fisioterapia, aborda em seu conteúdo programático, discussões sobre as Políticas Públicas, em destaque as políticas direcionadas aos grupos mais vulneráveis, como a Política Nacional de Saúde Integral de LGBT e a importância da criação de politicas direcionadas as pessoas gordas.
Entende-se que durante a formação acadêmica a educação alicerça a formação moral e o desenvolvimento intelectual e social. Fornece as bases cognitivas, ético-morais, políticas e estéticas para a inserção e a participação consciente do indivíduo numa comunidade, em uma determinada cultura e na consolidação de valores que identificam e constituem uma determinada formação societária (DIAS SOBRINHO, 2018).
Bourdieu (1996) observa esse espaço social como um lugar de poder no qual os indivíduos e grupos, enfrentam-se e constroem estratégias que lhes permitem conservar ou melhorar a sua posição social e é nesse contexto que se estimula, na academia, espaços de discussão.


Descrição da Experiência
No dia 29 de maio de 2024, no turno da manhã, aconteceu a Feira cultural envolvendo políticas públicas, em uma universidade particular no munícipio de Fortaleza. Os alunos apresentaram um painel esclarecendo o significado da sigla atual LGBTQIAPN+ e a definição de gordofobia, construíram uma maquete com dados sobre as vítimas de gordofobia no sistema público e privado e percentuais da população LGBTQIA+ vítimas de violência e reportagens disponibilizadas nas mídias sociais sobre a realidade nos atendimentos dos serviços de saúde.
Em outro espaço, disponibilizou-se equipamentos, tais como fita métrica, esfigmomanômetro, cadeiras com frases para os visitantes refletirem sobre o atendimento dos profissionais de saúde e os equipamentos adequados para pessoas gordas disponíveis nos espaços de saúde.
Após visita os participantes foram orientados para participar da Roda de conversa.

Objetivo e período de Realização
Trata-se de um relato de experiência que objetivou conhecer a Política Nacional de Saúde Integral de LGBT associada ao preconceito com a pessoa gorda e os desafios vivenciados nos espaços de saúde.
O primeiro contato com a temática se deu no mês de abril de 2024 com a leitura da política, conhecimento de programas e políticas que apoiam a temática, os desafios encontrados nos espaços de saúde, na busca por grupos, coletivos e culminou com a realização da Feira Cultural ao final do mês de maio.


Resultados
Durante a feira, visitaram a exposição, aproximadamente, 60 estudantes do centro de ciências da saúde (CCS) de uma universidade particular.
Após observarem a apresentação dos alunos sobre o material exposto e objetivos e diretrizes da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais foi liberada a visita a exposição dos materiais.
Em seguida, os visitantes foram convidados a participar de uma roda de conversa intitulada “Inclusão de pessoas gordas e LGBTQIA+ nos espaços de saúde” com os integrantes do grupo @cangayceiros, time de futebol composto por integrantes gays, lésbicas, transexuais, transgêneros, alguns gordos, que conversaram sobre os desafios, em geral, e encontrados ao acessar os sistemas de saúde. Estudantes da disciplina EFAPS mediaram a roda de conversa direcionando alguns questionamentos e depois abrindo para perguntas dos visitantes. Na roda de conversa estavam presentes, também, estudantes de vários semestres do curso de Fisioterapia, estudantes do CCS e professores.


Aprendizado e Análise Crítica
Observou-se a importância de proporcionar momentos como esses no ambiente universitário, pois mesmo sabendo que as diretrizes curriculares do ensino superior orientam a abordagem de políticas públicas, dentre elas, de populações vulneráveis e invisibilizadas como LGBTQIA+ e os gordos, faz-se necessário conhecer e ouvir representantes que tem lugar de fala.
De acordo com o Ministério da Saúde (2013) ao reconhecer as demandas dessa população tão vulnerável, a política reforça a importância da garantia ao atendimento à saúde como uma prerrogativa de todo cidadão e cidadã brasileiros, respeitando-se suas especificidades de gênero, raça/etnia, geração, orientação e práticas afetivas e sexuais para diminuição das iniquidades em saúde.
Destaca-se, também, a abordagem interseccional no enfrentamento das iniquidades, para dar força, por exemplo, a população gorda que luta por políticas públicas contra a gordofobia, pois atualmente, existem apenas projetos de lei em tramitação, em alguns estados brasileiros. A importância dessa política pode ser reforçada pelos dados apresentados pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica - ABESO (2022) um em cada 3 adultos estará obeso em 2030 e aí vai a reflexão: nossos serviços estarão equipados para atender essa população? E os profissionais, também, estarão preparados?


Referências
ABESO. Um em cada 3 adultos no Brasil deve estar obeso em 2030, diz estudo; entenda por quê. Disponível em: https://abeso.org.br/um-em-cada-3-adultos-no-brasil-deve-estar-obeso-em-2030-diz-estudo-entenda-por-que/ Acesso em: 06 jun 2024.
BOURDIEU, P. Razões práticas: sobre a teoria da ação. 9. ed. Campinas, SP: Papirus, 1996.
DIAS SOBRINHO, J. Universidade em tempos de precarização e incertezas. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior (Campinas), v. 23, n. 3, p. 736-753, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-40772018000300736&lng=en&nrm=iso&tlng=pt Acesso em: 06 jun 2024.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Brasília: 1ed., reimp, 2013.

Fonte(s) de financiamento: Vice Reitoria de Pesquisa (VRP) – Projeto de equipes – Universidade de Fortaleza (UNIFOR)


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