49166 - ACESSO DA POPULAÇÃO TRAVESTI E TRANSEXUAL AOS SERVIÇOS DE SAÚDE RENATA BARCELLOS DE JESUS NUNES MACHADO - UFRJ, VIRGINIA MARIA DE AZEVEDO OLIVEIRA KNUPP - UFF, CAROL RODRIGUEZ - UFF, CAROLINA VILELA SANTOS DA SILVA - UFF, MATHEUS VIDAL AZEVEDO PALERMO - UFF, RAPHAELA MOREIRA GOMES DA SILVA - UFF, LUCAS ALBERNAZ NUNES - UFF, PEDRO HENRIQUE TELES FERREIRA - UFF, RUANNA FAGUNDES DA SILVA - UFF, JANAÍNA LUIZA DOS SANTOS - UFF
Apresentação/Introdução Sexo e gênero são fundamentais, porém completamente diferentes. As características sexuais biológicas, pode-se dizer que são sempre as mesmas e não mudam de acordo com o tempo, a cultura e muito menos a sociedade. Indivíduos travestis e transexuais sempre estiveram na ponta de lança dos preconceitos e das discriminações existentes no Brasil com a população LGBT. Isso ocorre porque essa população ostenta uma identidade de gênero diversa da imposta pelos padrões heteronormativos e qualquer coisa que fuja dessa norma é encarada com estranhamento. Segundo Donabedian (2003), acesso e acessibilidade a ações e serviços de saúde têm conceitos parecidos. Falam sobre ter capacidade de obtenção de cuidados de saúde, quando necessário, de modo fácil e conveniente. Estes conceitos aparecem como um dos aspectos da oferta de serviços relativos à capacidade de produzir serviços e de responder às necessidades de saúde de uma determinada população. O objeto de estudo foi o acesso aos serviços de saúde da população travesti e transexual, pois, a população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) sofre todo tipo de violência diária e reconhece-se os efeitos do tratamento inadequado dos serviços de saúde como uma delas (Ministério da Saúde, 2013).
Objetivos O objetivo geral foi analisar o acesso da população travesti e transexual aos serviços de saúde no estado do Rio de Janeiro durante a pandemia do COVID-19.
Os objetivos específicos foram: descrever perfil socioeconômico da população travesti e transexual acerca do cuidado em saúde e analisar as possíveis barreiras de acesso encontradas pela população travesti e transexual no serviço público de saúde.
Metodologia Estudo transversal que foi realizado com travestis e transexuais dos municípios do estado do Rio de Janeiro durante a pandemia da COVID-19 de Out de 2021 até Fev de 2022. O cenário do estudo foi o Estado do Rio de Janeiro. A população do estudo foi composta por travestis e transexuais originários ou moradores do estado do Rio de Janeiro. A amostra do estudo foi de 33, dos quais quatro foram excluídos e a amostra ficou com 29 pessoas. O tamanho da amostra foi definido por amostragem, dada principalmente a limitação do tempo, custo e restrições operacionais. Os critérios de inclusão: Pessoas que se considerem travestis e transexuais; Maiores de 18 anos; Usuários(as) que utilizam ou utilizaram o Sistema Único de Saúde (SUS) durante ou após a transição de gênero; Usuários que utilizam ou utilizaram o sistema privado de saúde durante ou após a transição de gênero; Usuários que morem no Rio de Janeiro, ou sejam originárias do Estado. Foram excluídos da amostra os indivíduos que não entram nos critérios de inclusão ou que apesar de atenderem aos critérios supracitados não queiram participar do estudo, que não fazem ou nunca fizeram uso do SUS durante ou após a transição de gênero.
Resultados e Discussão Foi possível observa que das vinte e nove respostas, o perfil formado foi da maioria com 20-24 anos, transgênero, solteiros, de raça/cor preta ou parda e com o curso do ensino médio completo. Além de que em sua maioria os relatos apontam que houveram mais de uma barreira presente em seu acesso de saúde. A maioria residia na cidade do Rio de Janeiro (59,1%) ou na região metropolitana (39,1%) (Carrara, et. al, 2021).A escolaridade e renda mensal do grupo desta pesquisa apresenta ter dados divergentes. Das profissões observadas na população do estudo verificou-se que a categoria que desempenha o trabalho com o comércio têm o maior quantitativo apresentado. Sobre o acesso à saúde e aos sistemas utilizados a atenção primária e o sistema público foi o mais comum. Praticamente todos participantes tinham ou têm algum diagnóstico de saúde em que é necessário uma maior intervenção ou tratamento, porém grande parte não realiza o mesmo, classificando o como razoável e o procurando em último caso. Esse fato pode ser demonstrado pelo possível medo de ser exposto ou sofrer preconceito pela unidade que deveria acolher ou por alguma barreira física, ou seja, não tem acessibilidade. Outro ponto que pode ser destacado na pesquisa é a violência vivenciada pelos participantes, somente uma pequena parte não a experienciou, o que infelizmente já era um dado esperado, porém diferente dos dados lançados no primeiro ano da pandemia da COVID-19, a violência teve uma queda entre os participantes da pesquisa.
Conclusões/Considerações finais Os perfis socioeconômicos encontrados vão de acordo com os poucos indicadores que existem no Brasil, foi possível observar e concluir que muitas barreiras de acesso foram encontradas para essa população, entre elas o preconceito e a falta de preparo dos profissionais para seus atendimentos. Como contribuições do estudo, pode-se elencar mais uma literatura que coloque luz ao problema encontrado, focando não apenas na violência em que os corpos trans são atrelados, mas em sua saúde e como a acessibilidade da mesma não é uma realidade total em sua vida.Sobre seus acessos e atendimentos é percebido que os profissionais, precisam de um melhor treinamento para poder atender e acolher, pois foi demonstrado que esta população ainda sofre com o preconceito e violência no momento dos atendimentos fazendo com que assim, os mesmos evitem as unidades de saúde e acabam adoecendo. Ressalta-se a necessidade de se ampliar as ações de educação em saúde voltadas para o atendimento desta população.
Referências ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais). (2020). Dossiê dos assassinatos e da violência contra travestis e transexuais brasileiras em 2019, 2020. Expressão Popular, ANTRA, IBTE. https://antrabrasil.files.wordpress.com/2021/01/dossie-trans-2021-29jan2021.pdf. Arán, M. (2010).
A saúde como prática de si: do diagnóstico de transtorno de identidade de gênero às redescrições da experiência da transexualidade. Em Transexualidade, travestilidade e direito à saúde. Oficina Editorial
Ministério da Saúde. (2013). Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de Apoio à Gestão Participativa.
Ministério da Saúde. (2015). Transexualidade e travestilidade na saúde. Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de Apoio à Gestão Participativa.
Fonte(s) de financiamento: Financiamento próprio.
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