Roda de Conversa

04/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC2.2 - Povos Indígenas, Quilombolas e Comunidades Tradicionais

54034 - PREVALÊNCIA E DETERMINANTES SOCIAIS DE SAÚDE ASSOCIADOS À SÍFILIS EM ADULTOS DE COMUNIDADES URBANAS POBRES, AMAZÔNIA BRASILEIRA
GLENDA ROBERTA OLIVEIRA NAIFF FERREIRA - UFPA, LUCAS BITTENCOURT DANTAS - UFPA, BRUNA TAIS ROCHA DAMASCENO - UFPA, CINTIA YOLETTE URBANO PAUXIS ABEN-ATHAR - UFPA, JANAINA DE FREITAS VALE - UFPA, JOSÉ JORGE DA SILVA GALVÃO - UFPA, MELISSA BARBOSA MARTINS - UFPA, ELIÃ PINHEIRO BOTELHO - UFPA


Apresentação/Introdução
Considerando o cenário da Atenção Primária à Saúde em cidades da região amazônica brasileira (Souza Junior et al., 2021; Galvão et al., 2021), os diferentes fatores associados à sífilis de acordo com as características da população (Pereira et al., 2022) e a maior prevalência da infecção na população até 49 anos de idade (Brasil, 2023). É relevante conhecer os determinantes sociais da saúde que estão associados à sífilis em uma população que reside em um aglomerado de comunidades urbanas pobres de uma capital da Amazônia brasileira. As favelas e comunidades urbanas pobres têm predominância de domicílios com diferentes níveis de insegurança jurídica quanto à propriedade e, pelo menos, um dos demais critérios; falta ou prestação incompleta de serviços públicos; predominância de edifícios, ruas e infraestruturas geralmente produzidas por moradores ou que seguem padrões urbanísticos e construtivos diferentes dos adotados pelas autoridades; localização em áreas com restrições de ocupação devido a regulamentações urbanas ou ambientais. No Brasil, populações pobres e com baixa escolaridade são desproporcionalmente afetadas pela infecção causada por T. pallidum (Brasil, 2023).

Objetivos
Este estudo tem como objetivo estimar a prevalência de sífilis e fatores associados entre pessoas de 18 a 49 anos na cidade de Belém, Amazônia brasileira.

Metodologia
Estudo observacional, transversal, realizado em um distrito administrativo sanitário de uma capital da Amazônia brasileira, Belém, estado do Pará, Brasil. A coleta de dados foi realizada no período de agosto de 2021 a fevereiro de 2022. Os participantes foram moradores dos bairros Montese, Guamá e Condor. Foram incluídas pessoas de 18 a 49 anos.. A amostra foi composta de 176 participantes. O questionário estruturado foi baseado em estudos anteriores. Os fatores estudados foram agrupados em duas dimensões. Fatores sociais e fatores de acesso aos serviços de saúde. Para realizar o teste rápido para detecção de marcadores de T. pallidum, os participantes receberam aconselhamento antes e depois do teste. Foi utilizado teste rápido para determinação qualitativa de anticorpos totais (IgG, IgM e IgA) contra Treponema pallidum. Os dados foram armazenados em banco de dados criado no programa EPI INFO 7.2.3. As questões não respondidas (dados faltantes) não tiveram seu percentual calculado e não foram incluídas na análise estatística. As análises foram realizadas no programa Bioestat 5.3®.

Resultados e Discussão
Participaram 178 pessoas; a média de idade foi de 34,04 anos (desvio padrão = 10,01). Dentre as características da população estudada, a faixa etária de 36 a 45 anos apresentou maior frequência com 35,2% (58), 61,1% (107) eram mulheres, 84,1% (149) se declararam pardos, indígenas ou negros, 61,1% (107 pessoas) referiram não estar em união estável (divorciados, solteiros ou viúvos), 76% (130 pessoas) declararam ter o ensino secundário ou superior. A prevalência de anticorpos IgG e/ou IgM contra T. pallidum foi de 7% (13, IC95%: 3,3%; 10,7%). Nenhum fator social esteve associado à presença de anticorpos contra T. pallidum. O conhecimento sobre formas de prevenção das IST foi associado à presença de anticorpos contra a bactéria; pessoas que não sabem têm cerca de 6,5 vezes mais probabilidade de ter marcadores para T. pallidum do que aquelas que sabem (p=0,01).
No Brasil, até 2017, a comunicação como ferramenta de prevenção da sífilis era pouco utilizada pelos órgãos governamentais. Só que a partir de 2018 houve uma intensificação das campanhas de comunicação em saúde pública, em diferentes meios de comunicação, para promover a sensibilização e aumentar o conhecimento, especificamente, sobre a sífilis, a campanha de saúde denominada “Sífilis Não!”. As campanhas nos meios de comunicação de massa são importantes para atingir um maior número de pessoas. No entanto, podem não atingir grupos específicos. Atualmente, as mídias sociais são um meio de divulgação que pode atingir diversos públicos que tenham acesso à internet.


Conclusões/Considerações finais
Este estudo identificou que apesar dos avanços na descentralização da testagem rápida e do tratamento da sífilis para a atenção primária à saúde, a falta de conhecimento é um fator que aumenta as chances de exposição à bactéria entre adultos. Neste contexto, é importante que os materiais educativos sejam elaborados de acordo com as características da população a que se destinam . Ao contrário do uso de folhetos impressos, nas redes sociais este alcance pode ser mais rápido quando as mensagens são adaptadas e direcionadas a populações específicas, selecionando idade, gênero, língua falada; interesses; por localização geográfica em nível de estado, cidade ou código postal. Outra estratégia é incluir membros da população-alvo no desenvolvimento da mensagem.

Referências
1. Souza Júnior PRB, Szwarcwald CL, Damacena GN, Stopa SR, Vieira MLFP, Almeida WDS, Oliveira MM, Sardinha LMV, Macário EM. Health insurance coverage in Brazil: analyzing data from the National Health Survey, 2013 and 2019. Cien Saude Colet. 2021; 26(suppl 1): 2529-2541.
2. Galvao TF, Tiguman GMB, Pereira Nunes B, Correia da Silva AT, Tolentino Silva M. Continuity of Primary Care in the Brazilian Amazon: A Cross-Sectional Population-Based Study. Int J Prev Med. 2021; 12:57.
3. Pereira Nogueira W, Figueiredo Nogueira M, de Almeida Nogueira J, Freire MEM, Gir E, Silva ACOE. Syphilis in riverine communities: prevalence and associated factors. Rev Esc Enferm USP. 2022; 56:e20210258.
4. Brasil. Ministério da Saúde. Boletim epidemiológico 2023 (Acessado em 03 de agosto 2023).

Fonte(s) de financiamento: Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (PROCAD) Amazônia 2018/CAPES, grant number Processo no. 1699/2018 /88881.200527/2018-01.


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