Roda de Conversa

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC1.3 - Direito à Saúde e Políticas de Proteção Social

50898 - FATORES ASSOCIADOS AO EXCESSO DE PESO E OBESIDADE ENTRE IDOSOS A PARTIR DE 65 ANOS NAS CAPITAIS BRASILEIRAS E NO DISTRITO FEDERAL EM 2023
VALDENIR ALMEIDA DA SILVA - UFBA, BÁRBARA SUELI GOMES MOREIRA - UFBA, ANDREIA SANTOS MENDES - UFBA, ANA LÚCIA AGNE SACKS - UFBA, JOÃO HENRIQUE TAVARES ARAÚJO SILVA - SESAB, ROSANA SANTOS MOTA - UFBA


Apresentação/Introdução
O excesso de peso e a obesidade são problemas de saúde pública de origem multifatorial, ganhando maior relevância entre os idosos devido à associação com menor mobilidade, menor gasto energético e perda de massa muscular, com estreita relação com a sarcopenia; além de ser fator de risco para doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão arterial, alguns tipos de câncer e de levar a estereótipos e discriminação, com prejuízos sociais e psicológicos. Os idosos possuem maior predisposição para o desenvolvimento de Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT), que são geralmente múltiplas e crônicas, demandando longo tempo de tratamento e cuidados multiprofissionais, com impactos elevados sobre o Sistema Único de Saúde (SUS). Assim, conhecer a situação de saúde dessa população é o primeiro passo para planejar ações e programas que reduzam a ocorrência e o agravamento destas doenças, aliado à efetivação de políticas públicas já existentes, como a Política Nacional de Saúde do Idoso e as Diretrizes para o cuidado das pessoas idosas no SUS. Além disso, o período de 2021-2030 foi definido pelas Nações Unidas como a Década do Envelhecimento Saudável, com o objetivo de fornecer informações precisas e confiáveis para que os países possam avançar em estratégias, ações e políticas para a promoção do envelhecimento saudável em todas as populações.

Objetivos
Analisar os fatores associados ao excesso de peso e obesidade entre idosos com 65 anos e mais nas capitais brasileiras e no Distrito Federal, no ano de 2023.

Metodologia
Estudo ecológico com dados do sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico (VIGITEL) considerando excesso de peso e obesidade como desfecho principal. O Vigitel atualiza anualmente a frequência e a distribuição dos principais indicadores da carga das DCNT e seus fatores de risco e de proteção associados. Para os fins específicos desta pesquisa, foram compilados dados do ano de 2023 sobre sobrepeso e obesidade de idosos com 65 anos e mais, referentes a 9 variáveis chaves: auto avaliação negativa do estado de saúde; consumo abusivo de bebida alcóolica; consumo de alimentos ultra processados; depressão; diabetes; hipertensão arterial; inatividade física; tempo livre assistindo televisão ou usando computador, tablet ou celular; e tabagismo. A metodologia aplicada pelo Vigitel considera tamanho mínimo da amostra para estimar a frequência das variáveis investigadas com um coeficiente de confiança de 95% e erro amostral de 2%. Os resultados são apresentados em percentuais a partir da relação entre número de indivíduos com os desfechos pesquisados/número de indivíduos entrevistados, e sua associação com as comorbidades pesquisadas.

Resultados e Discussão
O percentual de sobrepeso entre idosos com 65 anos e mais variou entre 46,7% em Cuiabá e 71,9%, em Macapá. Com relação à obesidade, o menor percentual foi encontrado em João Pessoa, 14%, e o maior, em Recife, 28,5% e a média nacional foi de 22,4%. À analise descritivo–analítica nota-se que excesso de peso foi associado ao consumo de alimentos ultraprocessados (p-valor 0,03), com maior percentual no grupo das mulheres (11,5%, p-valor 0,02) do que entre os homens (7%); à hipertensão arterial (p-valor 0), associada tanto ao sexo feminino (61,7%, p-valor 0,04), quanto ao masculino (67,6%, p-valor 0); e ao tabagismo (p-valor 0), que foi associado somente ao sexo masculino (6,8%, p-valor 0). A obesidade foi associada à hipertensão arterial no sexo masculino (p-valor 0); e ao tabagismo (p-valor 0,03), em ambos os sexos. Estudos indicam o crescimento de excesso de peso e obesidade entre idosos brasileiros, em todos os grupos socioeconômicos, com maior prevalência em homens de classes socais vulneráveis na faixa etária entre 70 a 79 anos. Estudos indicam um aumento do consumo de ultraprocessados entre os brasileiros. Estes alimentos possuem baixa qualidade nutricional, alta densidade energética, elevada quantidade de gordura, açúcar e sódio, além de serem feitos com poucas quantidades de alimentos in natura ou minimamente processados, elevando o risco para DCNT, incluindo o sobrepeso e a obesidade.

Conclusões/Considerações finais
Os resultados destacam a necessidade de maior atenção das políticas públicas voltadas aos idosos, sobretudo da PNSPI, que visem o controle de fatores de risco como hipertensão arterial e tabagismo, e a redução do consumo de alimentos ultraprocessados e outros nocivos à saúde, para a mitigação dos efeitos adversos da obesidade e do excesso de peso na saúde dos idosos. A identificação de associações diferenciadas por sexo sugere a necessidade de abordagens específicas para homens e mulheres. Portanto, é crucial que estratégias sejam adotadas no âmbito do SUS nos diversos níveis de atenção à saúde, para prevenir e deter o avanço dessas comorbidades. Isso inclui uma atenção multidisciplinar, que envolvam a promoção de uma alimentação saudável e a prática regular de atividade física, ações reconhecidas como eficazes para a promoção da qualidade de vida e do envelhecimento ativo e saudável.

Referências
BARBOSA, B.B. et al. Cobertura do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), estado nutricional de idosos e sua relação com desigualdades sociais no Brasil, 2008-2019: estudo ecológico de série temporal. Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do Sistema Único de Saúde do Brasil. v.32, n.1, e2022595, 2023.
BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes para o cuidado das pessoas idosas no SUS: proposta de modelo de atenção integral. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Orientações técnicas para a implementação de linha de cuidado para atenção integral à saúde da pessoa idosa no Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
RODRIGUES, L.C.; CANELLA, D.S.; CLARO, R.M.. Time trend of doverweight and obesity prevalence among older people in Brazilian State Capitals and the Federal District from 2006 to 2019. European Journal of Ageing. v.19; 2022.p.555–565.


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