54367 - ANTIFRAGILIDADE E SISTEMAS UNIVERSAIS DE SAÚDE: INTERLOCUÇÃO ENTRE A RESISTÊNCIA E EVOLUÇÃO BERGSON DO NASCIMENTO CAVALCANTE - FLF, DANIELE PAULA ALVES MOUTA - FLF, ANA BEATRIZ OLIVEIRA MARQUES DOS SANTOS - FLF, MARIA IASMYM VIANA MARTINS - FLF, MARINA PEREIRA MOITA - UFC, PALOMA DE VASCONCELOS RODRIGUES - ESP - VISCONDE DE SABOIA, MARIA DA CONCEIÇÃO COELHO BRITO - FLF
Apresentação/Introdução Historicamente, a saúde era referenciada de forma que o cuidado era empírico e religioso, assim sob a perspectiva de crenças à época (Scliar, 2007). À medida que a sociedade se desenvolveu, a saúde perpassou por estudos mais aprofundados garantindo a qualidade do cuidado e objetivando no bem-estar do indivíduo (Segre; Ferraz, 1997).
Nesse contexto, torna-se necessário retomar o conceito de saúde proposta Organização Mundial da Saúde (OMS) definido como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença” (OPAS, 2018). A saúde e doença se relacionam; o olhar é para além, e engloba o contexto econômico, cultural, social e político do ser social.
Sob essa tessitura, reflete-se que as crises sanitárias imprimem repercussões significativas nos modos de vida das pessoas e, consequentemente, na sua saúde e na instauração da doença. Ademais, implicam nos sistemas de saúde universais e nas respostas ofertadas à população, podendo influenciar no acesso qualificado e equitativo em saúde.
Depreende-se, portanto, que a conformação dos sistemas de saúde deve considerar as necessidades emergentes e reemergentes, mediante ações estratégicas que envolvam o planejamento coletivo e individual, bem como as cooperações internacionais, em uma colaboração íntima para a evolução do sistema de saúde.
Objetivos Refletir o conceito de antifragilidade e sua relação com os sistemas universais de saúde resistentes e evolutivos.
Metodologia Trata-se de um estudo teórico-reflexivo, de caráter descritivo. A busca ocorreu em abril e maio de 2024, nas Bases de Dados e Portais da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PubMed, EBSCO e SCOPUS, via Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Para estruturação da estratégia, utilizou-se o operador booleano “AND” e os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH), sendo eles “health” e “antifragility”.
Inicialmente, a busca resultou em 85 artigos, destes 45 eram duplicados e 35 foram excluídos pela ausência de relação com o objeto de estudo. Desse modo, foram integrados a pesquisa 5 artigos.
Para seleção dos artigos utilizou-se do Rayyan, um software gratuito. Posteriormente, agrupou-se o material em um quadro no Google Sheets, contendo título, ano, objetivo, relação com o objeto de estudo e conclusão.
Por se tratar de um estudo que tem por base uma pesquisa com dados secundários, não foi necessária apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). No entanto, os autores mantiveram compromisso com os preceitos éticos com os resultados das pesquisas.
Resultados e Discussão Em um contexto de crise sanitária, há a expectativa que os sistemas de saúde permaneçam resilientes no seu compromisso de assistir integralmente às pessoas. Contudo, os desafios impostos pela dinamicidade da crise e, por vezes, seus caminhos desconhecidos exigem não somente a capacidade de se adaptar, mas de evoluir.
Nesse âmbito no qual se expressa essa necessidade latente, e que tomou mais força com a Covid-19, reflete-se sobre o conceito de antifrágil. Taleb (2012) descreve o termo antifrágil para compreender como os sistemas se sobressaem diante de desafios. Diante disso, argumenta que a exposição prolongada a uma adversidade específica, tente a quebrar algo frágil; aquilo que é robusto permanece, assumindo uma expressão de antifrágil.
Dada a interlocução proposta do conceito com uma crise sanitária é que se sustenta a necessidade de aproximá-lo de debates importantes do setor saúde. Pois, traz a conotação de que os sistemas de saúde precisam não somente saber como atuar na crise, mas como suplantá-la e assumir um caráter evolutivo em que os momentos de incertezas e obstáculos trazem oportunidades de mudança e aprendizagem. A antifragilidade surge de modo que o sistema resista e evolua, enquanto a resiliência traz a adaptação (Kaveladze et al., 2022)
Ademais, reconhece-se que o contexto histórico dos países também influencia na capacidade do sistema se tornar antifrágil. Os desafios políticos e econômicos podem ter papel de impedimento de resposta acentuada, contribuindo para uma fragilidade do cuidado a população. Como exemplo, retoma-se a Covid-19 no mundo, com impactos visíveis a longo prazo, e dessa forma será possível investigar se as decisões foram adequadas (Tokalic et al., 2021).
Conclusões/Considerações finais Os resultados puderam dar suporte as nuances relevantes para a aplicação de antifragilidade em sistemas de saúde universais, uma vez que oferece uma evolução como forma de garantir o direito a saúde, melhorias no sistema, capacidade de enfrentar crises e prestar assistência à coletividade.
Ademais, retoma que os impactos da Covid-19 serão sentidos ao longo de décadas, o que permitirá refletir se a implementação das atividades de planejamento e estratégias foram eficazes no manejo dos sistemas na crise sanitária. Logo, considera-se que analisar e incorporar o conceito de antifragilidade nos sistemas de saúde universais ensejam examiná-lo cotidianamente no processo de cuidado em saúde, seja em um contexto de crise ou típico, pois isso demonstrará elementos de evolução e fortalecimento do sistema, o qual estará mais apto a oferecer práticas de cuidado mais seguras, resolutivas, equânimes e compromissadas com o respeito à cidadania do ser.
Referências SCLIAR, M. História do conceito de saúde. Rev. Saúde Coletiva, v. 17, n. 1, p. 29-41, 2007. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-73312007000100003
SEGRE, M.; FERRAZ, F. C. O conceito de saúde. Rev. Saúde Pública, v. 31, n. 5, p. 538-542, 1997. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-89101997000600016
Organização Pan-Americana da Saúde. Indicadores de Saúde. Considerações conceituais e operacionais. Washington, DC: OPAS; 2018.
TALEB, N. N. Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos. 15ª ED. Best Business, 2014.
KAVELADZE, et al. Antifragile Behavior Change Through Digital Health Behavior Change Interventions. JMIR Form Res, v. 6, n. 6, 2022. DOI: https://doi.org/10.2196/32571
TOKALIC, et al. Antifragility of healthcare systems in Croatia and Bosnia and Herzegovina: Learning from man-made and natural crises. The Lancet Regional Health - Europe, v. 9, 2021. DOI: https://doi.org/10.1016/j.lanepe.2021.100216
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