Produção Artística

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
PA2 - Poética e Imagens: Saúde Coletiva em ação

53322 - IMAGENS ENTRE O MAR E O MANGUE: AS VIVÊNCIAS ESTUDANTIS EM UMA COMUNIDADE TRADICIONAL PESQUEIRA NO LITORAL DA PARAÍBA
LUCAS COSTA NUNES - UFPB, SARA REBECA DA SILVA OLIVEIRA - UFPB, GABRIELL BRUNO MATIAS PONTES - UFPB, JUSTINO PEDRO DA SILVA NETO - UFPB, JOSÉ RICARDO ARAÚJO CARDOSO - UFPB, CÂNDIDA VIRLLENE SOUZA DE SANTANA - UFPB, GABRIELLA BARRETO SOARES - UFPB, DANIEL FIGUEIRAS ALVES - UFPB, JANINE AZEVEDO DO NASCIMENTO - UFPB, DANILO FERNANDES COSTA - UFPB


Contextualização
Povos e comunidades tradicionais são grupos que mantêm uma relação duradoura e profunda com seus territórios e recursos naturais, fundamentando suas práticas e modos de vida em conhecimentos transmitidos por gerações. Estas comunidades dependem da natureza para subsistência e sobrevivência, utilizando recursos naturais de maneira sustentável (Lima, 2016).
As comunidades tradicionais de pesca artesanal sofrem ameaças permanentes de ações predatórias relacionadas à expansão de investimentos em seu entorno (Lima, 2016). À vista disso, a Reserva Extrativista (Resex) Acaú-Goiana, situada entre os estados da Paraíba e Pernambuco, também se insere nessa realidade, por ser uma área de grande interesse econômico por empresas que a cercam (Silva, 2017).
Nessa perspectiva, tem sido desenvolvido um projeto de pesquisa-ação na comunidade de Acaú-Pitimbu, junto com as marisqueiras da Associação das Marisqueiras de Acaú (AMA), perpassando pelas fases de planejamento, ação, observação, reflexão, novo planejamento, nova ação, e segue em um espiral de permanentes reflexões sobre o fazer, gerando mudança e construindo saberes com o povo e para o povo (Thiollent, 1986).
Inicialmente, foi realizada a primeira oficina da pesquisa-ação: uma roda de conversa com a AMA, pescadores, pescadoras e cidadãos de Acaú. A partir da qual foi levantada uma lista dos principais problemas que afligem a população.

Processo de escolha do tema e de produção da obra
A execução da oficina de pesquisa-ação foi registrada de forma audiovisual, durante as atividades foram registrados os debates, articulações e fazeres da oficina coletiva. Dessa forma, os registros fotográficos foram gravados e armazenados para serem analisados. A primeira análise desse conteúdo ocorreu através da técnica de pesquisa intitulada Foto Voz, a qual será descrita na experiência deste trabalho.
Foto-Voz é uma técnica de pesquisa qualitativa, baseada no Método Criativo Sensível (MCS), o qual se baseia nas ideias crítico-reflexivas de Paulo Freire acerca da educação problematizadora. Uma ferramenta capaz de investigar as experiências, sentimentos e percepções de uma determinada população diante de uma mesma situação – sendo capaz construir a partir do indivíduo um panorama coletivo (Costa, 2022).
Dessa forma, seguiu-se as etapas de execução do Foto-Voz: captação de imagens, reunião e observação das fotografias, com posterior discussão a partir de uma pergunta norteadora acerca das imagens. O grupo que participou do Foto-Voz foram os discentes pesquisadores que estavam durante a atividade da oficina. Tendo sido a pergunta inicial feita a cada estudante sobre quais as ideias e significados que as imagens traziam consigo. Cada participante expôs os significados e os sentidos que os registros fotográficos traziam, sendo gravado e posteriormente transcrito e analisado.

Objetivo e período de Realização
A oficina de Pesquisa-ação foi realizada em março de 2024 e a experiência do Foto-Voz foi aplicada em abril de 2024, com o objetivo de desenvolver com o grupo de discentes da pesquisa-ação, através de uma análise audiovisual, o debate em torno das concepções e problemas envolvidos no território de pesca artesanal de Acaú, na perspectiva do trabalho, saúde e ambiente. Além disso, buscou-se compreender os significados, sentidos e aprendizados que emergiram, no tocante à formação em saúde.

Descrição da Produção
Foram fotografadas e selecionadas 10 imagens, a partir das quais foi possível tecer as reflexões e aprendizados acerca do território e da população da pesca artesanal de Acaú. Através dos significados trazidos pelos discentes e correlacionado com os signos das fotos é possível compreender a profundidade da vivência de cada um, bem como observar o panorama de construção da análise dos indicadores de saúde e das iniquidades daquele território.
Sendo assim, a dinâmica resultou nas seguintes fotografias: www.issuu.com/lucascnunes/docs/portif_lio-foto-voz. A partir da análise das fotografias, foi possível construir um acervo de percepções e reflexões dos discentes acerca da vivência em conjunto com a comunidade tradicional de pesca.
A técnica Foto-Voz, aplicada como parte do projeto, mostrou-se uma ferramenta potente para captar e interpretar as percepções e sentimentos proporcionados pela vivência. Os benefícios gerados aos discentes pesquisadores, inclusive, mostraram-se evidentes a partir da interação direta com a comunidade e a aplicação prática da pesquisa qualitativa, que permitiram o desenvolvimento de habilidades críticas de observação, reflexão e interpretação.

Análise crítica da obra
Foi possível perceber a figura da mulher marisqueira como liderança da comunidade no enfrentamento de problemas e no processo de formação de outras mulheres, demonstrando a construção de uma rede de apoio e incentivo à continuidade dessas agentes.
A dinâmica foi efetiva para o entendimento dos discentes sobre o plano de pesquisa e conceito de pesquisa-ação: tomando a população não como objeto de pesquisa, mas como participante do processo científico. Foram construídos em meio à pesquisa e aos mariscos, percepções sobre o SUS que acreditam.
A aplicação da ferramenta permitiu expandir a análise das questões para além do ambiente físico da oficina. Sendo possível compreender a relação dos moradores com o ambiente, bem como as dicotomias presentes no território: de um lado o avanço das indústrias que degradam o meio ambiente e disputam o território e do outro, a indústria do mar, da natureza e do sagrado. Essa é empreendida pelas comunidades tradicionais e que produz riquezas para além da atividade econômica, pois seus modos de compreensão sobre o território não se atêm apenas à noção de mercadoria. Formulando o seguinte questionamento: em que momento a sociedade se perdeu nos meios da razão, da instrumentalização e da biomedicina? Esquecendo que para entender relações comerciais, políticas públicas ou conservação da natureza dever-se-ia, antes de tudo, conversar com um pescador.

Referências
COSTA, Maria Cristina Castilho. Foto Voz – novas técnicas de pesquisa, educação e intervenção social. Comunicação & Educação, São Paulo, Brasil, v. 27, n. 2, p. 78–87, 2022. DOI: 10.11606/issn.2316-9125.v27i2p78-87. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/comueduc/article/view/196617.
LIMA, Maira Egito Alves de. Gestão participativa na reserva extrativista Acaú-Goiana: o papel da comunidade de Acaú-PB. 2016. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco.
SILVA, F. C. C. M. Contribuições do Programa Mais Médicos e da Estratégia Saúde da Família no acesso à saúde das populações do campo, da floresta e das águas. In: CARNEIRO, F. F.; PESSOA, V. M.; TEIXEIRA, A. C. DE A. Campo, Floresta e águas: práticas e saberes em saúde. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2017. 464 p.
THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1986. 107p.

Fonte(s) de financiamento: CNPQ e Ministério da Saúde


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