53245 - AVALIAÇÃO DO IMPACTO DE PESQUISAS DE DENGUE FINANCIADAS PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE
GABRIELA BARDELINI TAVARES MELO - MINISTÉRIO DA SAÚDE, MARCOS TAKASHI OBARA - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, PATRICIA DE CAMPOS COUTO - MINISTÉRIO DA SAÚDE, SILVIA TAVEIRA ELIAS - MINISTÉRIO DA SAÚDE, MARTA ROBERTA SANTANA COELHO - MINISTÉRIO DA SAÚDE, MICAELA ALEXANDRA DA SILVA PAULINO - MINISTÉRIO DA SAÚDE, LETÍCIA ALVES TADEU SANTIAGO - MINISTÉRIO DA SAÚDE, ANTONIA ANGULO-TUESTA - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
Apresentação/Introdução
A dengue é umas das Doenças Tropicais Negligenciadas que mais trazem preocupações para a saúde pública mundial. É endêmica em mais de 100 países da África, Américas, Mediterrâneo Oriental, Sudeste Asiático e Pacífico Ocidental. O Brasil, quando comparado aos outros países da América do Sul, apresenta a maior prevalência da doença. Sem prevenção e tratamento adequados, a carga da dengue vem aumentando e, dessa forma, o investimento em ações intersetoriais, principalmente de vigilância e controle do vetor, associados a melhoria das condições sanitárias nos municípios brasileiros são essenciais para minimizar seu impacto na situação de saúde e socioeconômica da população. Ademais, investir em Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (CTIS), para buscar novos conhecimentos, propor novas tecnologias, e aprimorar as que já existem torna-se essencial diante do cenário epidemiológico causado pela dengue em todo mundo. Cada vez mais vem crescendo o interesse das agências de fomento, governos e instituições de ciência e tecnologia em demonstrar a importância da CTIS para alcance da universalidade e da cobertura global de saúde. Assim, a avaliação do impacto de pesquisas em saúde tem sido utilizada para demonstrar os benefícios alcançados por meio da pesquisa para a melhoria da qualidade de vida.
Objetivos
Avaliar os impactos das pesquisas sobre dengue financiadas por chamadas públicas financiadas pelo Decit/MS em parceria com Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, nos anos de 2006, 2008 e 2012.
Metodologia
Avaliou-se o impacto de 24 pesquisas de dengue, utilizando indicadores de 4 dimensões da matriz de avaliação de impacto de pesquisas em saúde da Canadian Academy of Health Science (CAHS): avanços do conhecimento - refletem os conhecimentos produzidos e publicados a partir das descobertas das pesquisas; capacidade de pesquisa - demonstram a formação de recursos humanos e estrutura disponível para a realização da pesquisa; tomada de decisão informada - utilização dos resultados da pesquisa para a tomada de decisão; impactos na saúde - influência dos resultados das pesquisas sobre medidas de saúde. Para coleta dos dados, foram utilizados três métodos: a) levantamento documental (relatórios finais das pesquisas, currículos lattes dos coordenadores e equipes da pesquisa, dados de sites institucionais); b) questionários virtuais aplicados aos coordenadores das pesquisas e c) entrevistas semiestruturadas, com os coordenadores das pesquisas. A entrevista também teve como objetivo compreender as perspectivas dos/as coordenadores/as das pesquisas sobre dengue quanto aos impactos produzidos por suas pesquisas, a disseminação dos resultados e sua relevância para o SUS.
Resultados e Discussão
Foram identificados 1.108 impactos, sendo a maioria em avanços do conhecimento e capacidade de pesquisa (712 e 314 impactos) e a minoria em tomada de decisão informada e impactos na saúde (75 e 7 impactos). Destacaram-se na dimensão avanços do conhecimento a divulgação dos resultados da pesquisa em congressos (390) e publicação de artigos (134). Por meio das entrevistas, verificou-se a relevância da divulgação dos resultados da pesquisa para alcance do reconhecimento da competência científica por grupos de pesquisa fora do país. Em capacidade de pesquisa, evidenciou-se a formação de recursos humanos (186 – alunos de graduação, mestrado e doutorado) e o estabelecimento de parcerias (123 pesquisadores e 74 instituições - 62 brasileiras e 12 internacionais). Nas entrevistas, houve relatos da relevância desses impactos para a estruturação e manutenção das equipes de pesquisas e formação de redes de colaboração científica. Na dimensão tomada de decisão informada, destacou-se as citações das pesquisas na mídia (43; 57,3%). Nas entrevistas, as falas mostraram a utilização dos resultados das pesquisas para a tomada de decisão de gestores e profissionais de saúde. Na dimensão impactos na saúde, destacaram-se os impactos em determinantes de saúde (6). Nas entrevistas os pesquisadores reconheceram a importância de se obter impactos que possam ser aplicáveis ao Sistema Único de Saúde (SUS). Tais achados evidenciaram a relevância das pesquisas para a qualificação e fortalecimento da capacidade de pesquisa brasileira em busca de soluções inovadoras para combate à dengue. Ademais, o baixo alcance de impactos nas dimensões tomada de decisão informada e impactos na saúde mostraram a necessidade de se buscar novos percursos, para além do caminho tradicional acadêmico.
Conclusões/Considerações finais
Os achados permitiram identificar a diversidade de alcance de impactos nas dimensões avaliadas, demonstrando a produção científica das pesquisas e sua capacidade para formação de recursos humanos qualificados e fortalecimento de parcerias/redes colaborativas científicas; a utilização dos resultados da pesquisa na tomada de decisão de gestores e profissionais da saúde e a influência desses resultados em indicadores de saúde. Esses achados são oportunos para evidenciar a importância da avaliação de impacto de pesquisas em relação ao papel da pesquisa na construção de novos saberes e no fortalecimento da capacidade científica, para justificar os investimentos realizados e consequentemente para subsidiar nas ações para enfrentamento da dengue no país, tendo como bases evidências científicas.
Referências
Adam P, Ovseiko PV, Grant J, Graham KEA, Boukhris OF, Dowd AM, et al. ISRIA statement: Ten-point guidelines for an effective process of research impact assessment. Heal Res Policy Syst. 2018;16(1):1–16.
Canadian Academy of Health Sciences. Making an impact: a preferred framework and indicators to measure returns on investment in health research; 2009.
Abudu R, Oliver K, Boaz A. What funders are doing to assess the impact of their investments in health and biomedical research. Heal Res Policy Syst. 2022;20(1):1–18.
Mota FB, Fonseca BDPF, Galina AC, Silva RM. Mapping the dengue scientific landscape worldwide: A bibliometric and network analysis. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2017;112(5):354–63.
Shabankareh K, Mojiri S, Soleymani MR, Hamidi A, Sajadi HS, Alavi M. Strategies, facilitators, and barriers to interaction between health researchers and policy makers: protocol for a systemactic review. J Educ Health Promot. 2022;11:1–6.
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