52013 - FATORES AMBIENTAIS COMO ELEMENTOS DE INIQUIDADE DA PESSOA IDOSA FRENTE A QUEDAS MURILO SANTOS DE CARVALHO - UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE - UFCSPA, TÂNIA CRISTINA FLEIG - UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE - UFCSPA, MAURO ANTÔNIO FELIX - UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE - UFCSPA, FRANCIELE SOUZA SANTOS - UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS, LUÍS HENRIQUE TELLES DA ROSA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE - UFCSPA
Apresentação/Introdução Cerca de 30% dos idosos brasileiros sofrem queda pelo menos uma vez ao ano e o risco de cair aumenta com a idade, chegando a 50% em pessoas com ≥80 anos. Análise de tendência temporal recente estima um impacto econômico causado por internações por quedas de R$260 milhões para o governo brasileiro em 2025.
A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) define elementos intrínsecos e extrínsecos relacionados a quedas da pessoa idosa. Como fenômeno intrínseco apresenta-se o componente estrutura do corpo expresso na sarcopenia, bem como nas funções do corpo manifestado na dinapenia, alterações sensoriais e vestibulares, diminuição da acuidade visual e desajustes psíquicos.
O Fator Ambiental (extrínsecos) possui três dimensões: ambiente físico, social e atitudinal. Dimensão física reconhecida como as barreiras arquitetônicas, iluminação, tapetes, entre outros. Dimensão social, representada pelas políticas públicas que perpassam a vida da pessoa permitindo acesso à educação ao longo da vida, moradia, transporte e previdência social. Dimensão atitudinal, que faz relação entre a pessoa idosa e seus familiares, amigos, profissionais de saúde, dentre outros. A interação entre estes componentes da CIF repercute no evento queda, seja no risco de episódios ou na possibilidade de elementos modificáveis gerando proteção desta população e reduzindo a iniquidade.
Objetivos Compreender os fatores ambientais como elemento gerador de inequidades em relação ao risco de quedas da pessoa idosa que vive na comunidade.
Metodologia Estudo desenvolvido a partir da revisão narrativa de literatura, para abordar os fatores ambientais como o conjunto de elementos extrínsecos, que demonstra iniquidades sociais e são preditores de quedas da pessoa idosa que vive na comunidade. Esse tipo de revisão analisa a literatura, interpreta e apresenta uma análise crítica a partir da visão do pesquisador acerca do tema.
Realizou-se levantamento bibliográfico entre janeiro a junho de 2024, por meio das bases de dados LILACS, MEDLINE, SciELO e PubMed, selecionando artigos em português e inglês, utilizando os seguintes descritores: quedas, idosos, avaliação de risco, riscos ambientais, fatores de risco, e seus correspondentes em inglês. As publicações atualizadas forneceram as informações que compuseram as seguintes categorias: 1) Diretrizes nacionais e internacionais para avaliação do risco de quedas em idosos da comunidade; 2) Fatores ambientais e risco de quedas em idosos da comunidade; e 3) Instrumentos de rastreio nacionais e internacionais validados para avaliar os riscos ambientais relacionados a quedas em idosos na comunidade.
Resultados e Discussão Intervenções abrangentes, que incluem avaliação ambiental, comportamental e de fatores intrínsecos, são eficazes na prevenção de quedas. Para ser considerada de alta qualidade, a intervenção que objetiva prevenir quedas deve apresentar pelo menos três dos seguintes critérios: a) processo de avaliação abrangente de identificação de perigos de quedas, consideram tanto os fatores intrínsecos, assim como os fatores ambientais (extrínsecos), (b) uso de instrumentos válidos para avaliação multidimensional de potenciais riscos de queda, (c) inclusão da avaliação formal ou observacional do contexto do meio ambiente e (d) possibilidade de acompanhamento adequado pelo profissional de saúde para adaptações e modificações e incremento no letramento em saúde.
As intervenções multidomínios combinam diferentes componentes, como exercícios e modificações ambientais, baseadas em avaliações personalizadas para prevenir quedas. Já as intervenções multicomponentes, são limitadas, pois usam combinações fixas, como revisão de medicação e conselhos de exercícios, sem personalização individual. Sistemas domésticos inteligentes podem utilizar sensores e Inteligência Artificial (IA) para diminuir riscos ambientais e prever quedas iminentes e ambientes seguros.
As estratégias para prevenir quedas em idosos, sejam individuais ou coletivas, devem enfatizar a educação e a criação de ambientes mais seguros, dando prioridade à investigação relacionada com as quedas e estabelecendo políticas eficazes para reduzir o risco e iniquidades.
É necessário monitorizar, gerir e promover programas de rastreio e intervenção para prevenção de quedas na população idosa, incluindo os determinantes sociais de saúde, geradores de iniquidades e riscos ambientais.
Conclusões/Considerações finais Todos os componentes ambientais da CIF repercutem no domínio representados pela atividade e participação. Deste modo, os fatores ambientais apresentam-se como elementos que podem gerar risco a quedas, mas por suas características modificáveis são potencializadores da proteção da pessoa idosa. Envelhecer de modo saudável pode ser um indicativo de que há fatores modificáveis neste processo, principalmente quando há incremento no letramento em saúde sobre o autocuidado apoiado por profissionais de saúde.
Reduzir a iniquidade ao gerar acesso à educação, trabalho, renda, moradia, lazer, como determinantes sociais de saúde, são fatores ambientais modificáveis.
Os resultados dessa pesquisa podem subsidiar o sistema e serviços de saúde voltados à pessoa idosa, promovendo políticas públicas informadas, alocação eficiente de recursos e intervenções mais eficazes, e a implementação de práticas preventivas que possam reduzir a incidência de quedas, promovendo equidade da população idosa.
Referências NOVAES, ADC et al. Acidentes por quedas na população idosa: análise de tendência temporal de 2000 a 2020 e o impacto econômico estimado no Sistema de Saúde brasileiro em 2025. Ciência & Saúde Coletiva, 28(11):3101-3110, 2023.
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MENEZES, M. et al. ‘Believe the positive’ aggregation of fall risk assessment methods reduces the detection of risk of falling in older adults. Arch. Gerontol. Geriatr. 2020;91:1–8.
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Fonte(s) de financiamento: CAPES
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