50600 - ANÁLISE DA MORTALIDADE EVITÁVEL POR CAUSAS IMUNOPREVENÍVEIS EM MENORES DE CINCO ANOS: INDICADORES DA SAÚDE INFANTIL NO BRASIL KELLY HOLANDA PREZOTTO - UNICENTRO, ALINE FÁTIMA DE LIMA PACHECO PITNER - UNICENTRO, EMILIANA CRISTINA MELO - UENP, LETÍCIA GRAMÁZIO SOARES - UNICENTRO, WILLIAM CESAR BISPO BARRETO - UNICENTRO, SILVIA MARA DE SOUZA HALICK - UNICENTRO, REGINA MAURA DINIZ - UNICENTRO, EMILY GIROTI - UNICENTRO, JHONATHAN ALVES FRANCIOLI - UNICENTRO, DANILA MOREIRA ROQUE - UNICENTRO
Apresentação/Introdução O Programa Nacional de Imunização (PNI) é considerado um grande avanço para a saúde pública brasileira. Mesmo com os importantes progressos alcançados ao longo de décadas, o processo de imunização no país enfrenta grandes desafios, como o não cumprimento das metas estabelecidas (LOUREIRO et al., 2024).
As vacinas protegem as crianças contra doenças graves que podem levar à hospitalização ou até mesmo à morte. Doenças como sarampo, poliomielite, difteria, coqueluche e hepatite B são prevenidas de forma eficaz através da imunização. Ao prevenir essas doenças, as vacinas evitam complicações sérias que poderiam afetar permanentemente a vida e a saúde das crianças (OLIVEIRA et al., 2024).
A imunização tem contribuído significativamente para a redução da mortalidade infantil em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as vacinas evitaram mais de 100 milhões de mortes de crianças no mundo. A vacinação em massa é fundamental para atingir metas globais de saúde, como a redução da mortalidade infantil estabelecida nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) (PNUD, 2020).
A análise das mortes de crianças por causas evitáveis por ações de imunização pode auxiliar no conhecimento de acesso e qualidade das políticas e serviços implantados.
Objetivos Analisar tendência da mortalidade evitável por ações de imunização em menores de cinco anos e o perfil dos óbitos segundo causas, faixa etária e regiões brasileiras.
Metodologia Estudo de séries temporais do tipo ecológico sobre a mortalidade em menores de cinco anos, no período de 2010 a 2022 por causas evitáveis por ações de imunização.
O banco de dados foi construído com os registros do Sistema de informação sobre Mortalidade e do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos. Foram calculadas as taxas de mortalidade por 1.000 nascidos vivos.
A análise foi realizada a partir das frequências absolutas e relativas das variáveis: causa evitável, local de residência (região Norte, Sul, Centro Oeste, Nordeste e Sudeste) e faixa etária (“0 a 27 dias”, “28 a 364 dias” e “1 a 4 anos”). Em seguida foram construídos modelos de regressão por meio do programa Joinpoint Regression Analysis, O método possibilita a indicação da tendência por meio do cálculo da porcentagem anual de mudança (Annual Percentage Change – APC) e a porcentagem anual média de toda a série histórica (Average Annual Percent Change - AAPC). Foi admitido o nível de significância estatística p < 0,05.
O estudo foi dispensado de análise pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos por tratar da análise de dados secundários, de consulta pública, sem informações que identifiquem os participantes.
Resultados e Discussão No período de 2010 a 2022, houve 776 óbitos evitáveis por ações de imunização no Brasil. A maior parte dos óbitos ocorreu na faixa etária de 7 a 364 dias de vida (72,3%). A região Norte apresentou a maior taxa de mortalidade evitável, enquanto a região Sul teve a menor taxa. As principais causas de mortalidade foram coqueluche (58,5%), tuberculose do sistema nervoso (10,1%) e meningite por Haemophilus (9,4%).
Considerando os óbitos de menores de um ano, observou-se estabilidade no período de 2010 a 2013 (APC=54,2 e p=0,108) e uma redução de 2013 a 2022 (APC=-27,2% e p=0,001).
As políticas buscam a tendência de redução pois as vacinas são uma das intervenções de saúde pública mais eficazes e custo-efetivas, desempenhando um papel crucial na proteção da saúde infantil (OLIVEIRA et al., 2024).
Para as crianças de um a quatro anos, foi observada estabilidade ao longo do período analisado (APC/AAPC=0,6 e p=0,849). A estabilidade encontrada nas taxas é preocupante e pode ser resultado da hesitação da população em relação à imunoprevenção (SILVA et al., 2023).
A vacinação não apenas protege os indivíduos vacinados, mas também ajuda a proteger comunidades inteiras através da imunidade coletiva. Quando uma alta porcentagem da população está imunizada, a propagação de doenças contagiosas é dificultada, protegendo aqueles que não podem ser vacinados, como recém-nascidos ou pessoas com determinadas condições médicas (LOUREIRO et al., 2024).
Além disso, crianças saudáveis têm maior probabilidade de desenvolver todo o seu potencial físico e cognitivo. A imunização ajuda a garantir que as crianças possam crescer sem interrupções causadas por doenças evitáveis, contribuindo para um melhor desempenho escolar e uma vida mais produtiva.
Conclusões/Considerações finais Foi identificado tendência de redução na mortalidade evitável por ações de imunização em menores de um ano, embora com um período de estabilidade. No entanto é preocupante a estabilidade encontrada nas taxas de mortalidade de crianças de 1 a 4 anos. A imunização é uma ferramenta essencial na luta contra doenças evitáveis, desempenhando um papel crucial na redução da mortalidade infantil e na promoção de uma população infantil saudável. A continuidade e a expansão dos programas de vacinação, principalmente para as crianças de 1 a 4 anos, são vitais para manter e melhorar os avanços obtidos na saúde infantil brasileira. Investir em vacinas é investir no futuro das crianças e na saúde das comunidades em todo o mundo.
Referências LOUREIRO, A. A. R., et al. Efeitos da campanha de vacinação nas internações e mortalidade relacionados ao sarampo no Brasil na última década. Ciência & Saúde Coletiva, v. 29, n. 5, p. e20042022, 2024.
OLIVEIRA, B. M. F. S., et al. Challenges and consequences of the drop in pediatric vaccination rates in Brazil. Seven Editora, [S. l.], p. 154–160, 2024.
SILVA, G. M. et al.. Desafios da imunização contra COVID-19 na saúde pública: das fake news à hesitação vacinal. Ciência & Saúde Coletiva, v. 28, n. 3, p. 739–748, mar. 2023.
UNIÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA. UNICEF: WHO: World Bank: UN DESA. Esforços globais de imunização salvaram pelo menos 154 milhões de vidas nos últimos 50 anos. 2024.
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD). Organização das Nações Unidas. Objetivos para Desenvolvimento Sustentável. 2020.
Fonte(s) de financiamento: Agradecemos à Fundação Araucária pelo apoio na divulgação da pesquisa.
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