48837 - CADEIA DE FRIO DE IMUNOBIOLÓGICOS: AVALIAÇÃO NACIONAL 1. GABRIELA GONÇALVES AMARAL - USP, 2. THAYANE INGRID XAVIER DE ANDRADE - UFSJ, 3. ELIETE ALBANO DE AZEVEDO GUIMARÃES - UFSJ, 4. IONE CARVALHO PINTO - USP, JÚLIA MOREIRA MARTINS DA SILVA - UFSJ, SELMA MARIA DA FONSECA VIEGAS - UFSJ, IZABELA ROCHA DUTRA - UFSJ, RENATA GARCIA - UFSJ, BIANCA RABELO DE OLIVEIRA - UFSJ, VALÉRIA CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA - UFSJ
Apresentação/Introdução A cadeia de frio compreende todo o percurso dos imunobiológicos, desde a fabricação até o momento de administração no usuário. No Brasil, esta cadeia estratifica-se em instâncias: nacional; estaduais; regionais; municipais; e locais, sendo esse último representado pelas salas de imunização. Conforme normativas, nas instâncias municipal e local, os imunobiológicos necessitam ser manuseados em temperaturas entre +2ºC a +8ºC. Exposição a altas temperaturas levam a redução da qualidade e vida útil dos imunobiológicos, enquanto que o congelamento pode gerar perdas irreversíveis de sua potência. Ademais, exposições a temperaturas inadequadas se configuram como falhas da manutenção da cadeia de frio, podendo levar à falta de proteção dos indivíduos contra doenças imunopreveníveis; eventos adversos indesejáveis; e aumento nos custos do Programa Nacional de Imunizações. Para tanto, necessita-se um armazenamento, transporte e manuseio efetivos, garantindo que estes produtos não sofram alterações em sua composição e efetividade e, consequentemente, mantenham seus potenciais imunogênicos. Tendo em vista a grande extensão territorial brasileira, além de disparidades socioeconômicas regionais, pressupõe-se que há fragilidades na manutenção desta cadeia, sendo necessária sua avaliação, de modo a certificar-se da oferta de imunobiológicos eficazes e garantia da segurança dos usuários.
Objetivos Avaliar a cadeia de frio de imunobiológicos brasileira.
Metodologia Estudo misto de delineamento explanatório sequencial (QUAN → qual), realizado nas salas de imunização inseridas nas unidades de saúde das cinco regiões do Brasil, entre 2021 e 2022. De modo a garantir representatividade e realidade da cadeia de frio, estados, municípios e salas de imunização foram selecionados por amostragem probabilística. Etapa quantitativa: estudo transversal analítico, com aplicação, via ligação telefônica ou aplicativo de comunicação, da Escala de Avaliação da Conservação de Imunobiológicos (EACI), aos profissionais de enfermagem atuantes nas salas, além da coleta de variáveis municipais. Utilizou-se a média dos escores obtidos com a EACI pelas salas para classificação da cadeia de frio brasileira; além de um modelo de regressão logística para análises inferenciais. Etapa qualitativa: estudo descritivo-exploratório nas instâncias da cadeia de frio, com a participação dos respectivos responsáveis técnicos e profissionais de enfermagem. Utilizou-se de entrevistas individuais semiestruturadas e on-line, que foram analisadas pela Análise de Conteúdo Temática. Os dados qualitativos e quantitativos foram combinados mediante conexão e formulação de metainferências.
Resultados e Discussão Avaliaram-se 280 salas de imunização distribuídas em 80 municípios. Destas, pequena parcela dispunha de baterias ou geradores de energia (27,6%) e outros instrumentos de medição de temperatura, além do termômetro de momento, de máxima e de mínima (26,5%). Parte significativa estava equipada com câmaras refrigeradas (60,0%); possuíam ambientes climatizados (67,6%); e sempre recebia os imunobiológicos da instância municipal em carro climatizado ou com ar-condicionado ligado (57,8%). A manutenção da cadeia de frio de imunobiológicos no Brasil foi classificada como inadequada, com pontuação média de 9/15, com inadequação predominantemente nos municípios das regiões Norte e Nordeste. A cobertura vacinal (vacina DTPw-HB/Hib) e a localidade (urbana) estiveram associados à conservação adequada de imunobiológicos nos municípios. Das 42 entrevistas realizadas emergiram-se três categorias temáticas, revelando-se que a grande extensão territorial, variação climática, diversidade geográfica e disparidades financeiras entre as regiões se caracterizam como obstáculos para a manutenção da cadeia de frio. Evidenciou-se também entraves relacionados à estrutura e aos processos de trabalho nas salas de imunização, que carecem de reestruturações. O constante avanço e incremento de imunobiológicos levam à sobrecarga e, consequentemente, apontam desafios significativos para a cadeia de frio, evidenciando a realização de avaliações abrangentes que permitam identificar vulnerabilidades e implementar medidas corretivas para garantir a sustentabilidade e a eficácia dessa cadeia.
Conclusões/Considerações finais Fatores geográficos, como a grande expansão territorial e diversidades climáticas que interferem, principalmente, no transporte de vacinas; entraves na estrutura física; disparidades financeiras entre as regiões e questões de ordem gerencial no nível municipal caracterizam-se como predisponentes a manutenção da cadeia de frio brasileira. Salienta-se a necessária avaliação contínua desta cadeia, para certificação da efetividade da manutenção da conservação dos imunobiológicos distribuídos diariamente à população brasileira, além de evidenciar práticas inovadoras expansíveis a outros cenários, contribuindo para o aprimoramento e sustentabilidade do Programa Nacional de Imunizações.
Referências 1. Amaral GG, Oliveira VC, Guimarães EAA, Reis IA, Viegas SMF, Pinto IC. Evaluation of the Psychometric Conservation Assessment Scale. J Nurs Meas 2020;28:1–18.
2. Das MK, Arora NK, Mathew T, Vyas B, Sindhu M, Yadav A. Temperature integrity and exposure to freezing temperature during vaccine transfer under the universal immunization program in Three States of India. Indian J Public Health 2019;63:139–42.
3. Das MK. COVID-19 vaccine and the cold chain implications for global adoption. Indian J Public Health 2021;65:307–10.
4. Ministério da Saúde (BR). Manual de rede de frio do Programa Nacional de Imunizações. 5a ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2017.
5. Ortiz JR, Robertson J, Hsu JS, Yu SL, Driscoll AJ, Williams SR, et al. The potential effects of deploying SARS-Cov-2 vaccines on cold storage capacity and immunization workload in countries of the WHO African Region. Vaccine 2021;39:2165–76.
Fonte(s) de financiamento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (APQ-00650-21); Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (001)
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