Comunicação Coordenada

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
CC9.3 - Aprimoramento da Atenção Primária à Saúde: Avaliação de Qualidade e Propostas de Intervenção

52490 - PLANEJAMENTO DE AÇÕES NO TERRITÓRIO VIVO: A CONTRIBUIÇÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
ANA CRISTINA SILVA DE MIRANDA - UECE, KARLA AGUIAR CABRAL CUNHA - UECE, KERLEY MENEZES SILVA PRATA - UECE, FRANCISCA CLAUDIA MONTEIRO ALMEIDA - UECE, SHERIDA KARANINI PAZ OLIVEIRA - UECE, JOSÉ MARIA XIMENES GUIMARÃES - UECE


Contextualização
A Atenção Primária à Saúde é a porta de entrada para os usuários do sistema único de saúde (SUS), ou seja, é o contato inicial de cuidado em saúde a ser desenvolvido pela equipe multiprofissional, norteada pelos princípios da universalidade, igualdade e integralidade das ações e serviços com a promoção, proteção, recuperação da saúde e a assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica (Brasil, 1990). A Assistência Farmacêutica (AF) integrada a RAS, exerce um papel central de cuidados, segurança e efetividade do uso de medicamentos pela comunidade fortalecendo a orientação e o acompanhamento terapêutico visando o uso racional de medicamentos (Soares; Brito; Galato, 2020). A disponibilidade dos medicamentos na Atenção Primária à Saúde (APS) deve estar disponível buscando atender as demandas do território levando em consideração as necessidades epidemiológicas com regularidade e qualidade. Diante dos desafios, necessidades e complexidades do processo de trabalho na saúde surgiu o interesse em desenvolver o planejamento das ações nesta área. Fatores que contribuem para problemática situacional são gatilhos promotores para o desenvolvimento de estratégias de intervenção buscando mudanças positivas no território, e para isso, o planejamento de ações tem seu marco inicial a partir da identificação de problemas (Teixeira, 2010).

Descrição da Experiência
Trata-se de um relato de experiência de uma oficina de planejamento, realizada como atividade de dispersão da disciplina Acompanhamento de seminários I, Doutorado de Saúde da Família RENASF-UECE. Para tanto, foi aplicada a Matriz GUT como ferramenta para identificação, categorização, hierarquização e priorização dos problemas em saúde em Unidade de Atenção Primária à Saúde, situada no município de Iguatu, Ceará. Nesta unidade atuam equipe de saúde da Família, equipe de saúde bucal e equipe multiprofissional de saúde, que atendem a área adscrita com 2570 pessoas cadastradas. A oficina foi realizada no dia 2 de maio de 2024, com duração de 3 horas, e contou com a participação de 9 profissionais, dentre eles coordenador da AF, farmacêutica da unidade, auxiliar da AF, enfermeira, serviços gerais, agentes comunitários de saúde, residentes em saúde da família e coordenadora da vigilância epidemiológica. Para a realização da ação houve inicialmente a preparação da oficina, composta pela articulação e pactuação com as coordenações envolvidas no processo, a identificação dos atores e preparação do material didático, e em seguida a oficina propriamente dita.

Objetivo e período de Realização
Relatar a experiência de uma oficina realizada em uma Unidade de Atenção Primária à Saúde no município de Iguatu/CE com vistas à reflexão sobre o papel da AF no planejamento de ações no território vivo.

A oficina foi realizada no dia 2 de maio de 2024, com duração de 3 horas;

Resultados
A farmacêutica conduziu as etapas da oficina, o que permitiu a identificação de cinco problemas de relevância no território: aumento do número de hipertensos e diabéticos descompensados, medicalização, aumento do número de casos de pessoas com transtornos mentais, aumento do número de casos de pessoas com problemas respiratórios e uso irracional de medicamentos por idosos e pessoas em condição de vulnerabilidade sendo este último o problema de maior prioridade a ser enfrentado, de acordo com o resultado da matriz GUT, considerado muito grave, de ação urgente e com uma tendência de piora no curto prazo. O uso irracional de medicamentos é caracterizado quando uma pessoa faz uso do fármaco sem orientação e/ou prescrição de um profissional capacitado e de forma inapropriada e/ou desnecessária (Souza; Andrade, 2021). Destaca-se a importância de ações integradas a equipe multiprofissional de saúde promovendo uma farmacoterapia mais eficaz e segura para o usuário (Destro et al., 2021). Diante do exposto, enfatiza-se a importância do profissional da AF no processo de cuidado, vinculada a rede de atenção à saúde promovendo melhoria na qualidade de vida e promoção do autocuidado

Aprendizado e Análise Crítica
Este estudo permitiu evidenciar a potencialidade de aplicação da Matriz GUT nos processos de planejamento na APS, numa perspectiva participativa. Desse modo, o profissional da AF pode assumir o protagonismo nas ações de planejamento junto a equipe multidisciplinar de saúde buscando identificar problemas sob os múltiplos olhares.
Acrescente-se que a análise da situação de saúde, com ampla participação, promoveu a implicação dos diferentes atores no reconhecimento da realidade do território. De tal modo, torna-se possível responder às demandas mediante a elaboração de planos de intervenção e até mesmo com o desenvolvimento de pesquisa comprometidas com a realidade sanitária.
Ademais, a inclusão do profissional da AF nas ações de planificação permite o desenvolvimento de reflexões sobre a adoção de estratégias junto aos prescritores da rede de atenção à saúde elencando critérios de prescrição com a finalidade de reduzir a polifarmácia e uso irracional de medicamentos. Nessa perspectiva a atuação farmacêutica na APS é uma realidade que se consolida, a cada dia no contexto interdisciplinar e multiprofissional, com o cuidado farmacêutico centrado no usuário buscando uma terapia segura e eficiente.



Referências
BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. D.O.U., Brasília, DF, 20 set. 1990.

DE SOUZA, L. B.; DE ANDRADE, L. G. Assistência farmacêutica no uso racional de medicamentos em idosos. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 7, n. 11, p. 1690-1710, 2021.

DESTRO, D. R. et al. Desafios para o cuidado farmacêutico na Atenção Primária à Saúde. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 31, p. e310323, 2021.

SOARES, L.S. S.; BRITO, E. S.; GALATO, D. Percepções de atores sociais sobre Assistência Farmacêutica na atenção primária: a lacuna do cuidado farmacêutico. Saúde em Debate, v. 44, p. 411-426, 2020.

TEIXEIRA, C. Planejamento em saúde: conceitos, métodos e experiências. EDUFBA: Salvador, 2010.

Fonte(s) de financiamento: Financiamento próprio


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