Comunicação Coordenada

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
CC9.2 - Planejamento em Saúde: Processos, Articulações e Regionalização

52090 - USO DA MATRIZ GUT NA SAÚDE COLETIVA: PRIORIZAÇÃO DE PROBLEMAS EM UM TERRITÓRIO DO NOROESTE CEARENSE
ANA GABRIELLA SILVA DE ARAÚJO - UVA, GABRIELLE OLIVEIRA DE SOUSA - UVA, ANA KELLY CÂNDIDO VASCONCELOS - UVA, FRANCISCO ROSEMIRO GUIMARÃES XIMENES NETO - UVA, MARIA DO SOCORRO DE ARAÚJO DIAS - UVA, MARISTELA INÊS OSAWA CHAGAS - UVA, KATARINA JESS CARVALHO BRANDÃO COSTA - UVA


Contextualização
Enquanto nível de atenção preferencial no SUS, a Atenção Primária à Saúde (APS) deve responsabilizar-se pela coordenação do cuidado e, por isso, tem sofrido mudanças periódicas, a fim de manter o seu papel como ordenadora da Rede de Atenção à Saúde (RAS) por meio de planejamento comunitário, reconhecendo as necessidades de saúde da população (Brasil, 2023).
No entanto, considerando a dinâmica interna da APS, observa-se dificuldade no desenvolvimento do planejamento, que é uma ferramenta necessária para melhorar a atenção às necessidades de saúde individuais e coletivas através da programação de estratégias. A Matriz GUT que é uma ferramenta usada no planejamento e complementa outras ferramentas da gestão da qualidade, tem se mostrado importante tecnologia a ser utilizada no território-sanitário. A aplicação desta vem sendo ampliada na área da saúde e possibilita direcionar esforços para as questões de maior impacto no bem-estar da população. A GUT é utilizada no levantamento de problemas e na priorização destes, considerando a Gravidade, Urgência e Tendência. A Gravidade (G) representa a importância do problema e seu potencial de dano, a Urgência (U) demanda a análise de quão significativo é o problema, ou seja, o prazo para a realização do feito e a Tendência (T) consiste na probabilidade de o problema evoluir negativamente com o passar do tempo (Meireles, 2001; Gondim, 2017).


Descrição da Experiência
A experiência iniciou-se a partir de uma oficina desenvolvida durante como uma atividade demandada da disciplina Seminário de Acompanhamento I, do Mestrado Profissional em Saúde da Família, da RENASF/Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), como uma atividade de dispersão.
O cenário do estudo constituiu-se de um território vinculado a um Centro de Saúde da Família (CSF) localizado no Noroeste do Ceará. A oficina contou com a participação de lideranças comunitárias, profissionais da saúde e usuários, totalizando 22 sujeitos.
Foi utilizada a matriz GUT como método para nortear as fases da oficina. Na primeira fase ocorreu a discussão inicial entre os participantes sobre as problemáticas presentes no território e, em seguida, foram elencados, por meio de consenso, os cinco maiores problemas do território.
Posteriormente aplicou-se valores aos critérios, dentro desses cinco problemas elencados, considerando critérios de gravidade. Por fim, na última etapa, a classificação final obteve-se do produto (multiplicação) dos atributos GUT, priorizando assim um problema (Meireles, 2001).


Objetivo e período de Realização
Assim, o estudo objetiva descrever a vivência do uso da ferramenta Matriz GUT em uma oficina de priorização de problemas de saúde de um território do noroeste do Ceará, realizada no mês de abril de 2024.

Resultados
Após elencados os problemas do território-sanitário (Ximenes Neto, 2007), foram priorizados cinco que são: 1 - longa espera para atendimentos agendados e especializados; 2 - desabastecimento de medicações básicas; 3 - insegurança para transitar no território; 4 - pouca oferta de saneamento básico; e, 5 - limitadas ações de promoção à saúde e prevenção de riscos, agravos e doenças.
Aplicando a matriz GUT aos problemas elencados, obteve-se o seguinte: problema “5” atingiu maior pontuação com valor 80; seguido dos problemas “1”, “2” e “3” com produto de 60; e, em último o problema “4”, que obteve uma pontuação 45.
A discussão sobre a promoção da saúde e prevenção de agravos/doenças é reconhecida pelo fato de que a saúde está em constante construção, relacionando fragilidades e potencialidades da população e a responsabilidade de governos em garantir direitos, acesso a serviços essenciais e possibilidades para o desenvolvimento pleno das pessoas, ou seja, diz respeito a ações ligadas à transformação dos comportamentais individuais, bem como o conhecimento dos efeitos dos determinantes sociais sobre as condições de saúde (Buss, 2020).


Aprendizado e Análise Crítica
A identificação dos problemas de uma área é um aparato vultoso nos processos de trabalho das ESF e da gestão. Assim, ao analisar as problemáticas existentes no território-sanitário durante a oficina, foi possível considerar a falas de diferentes atores sociais presentes no momento. A oficina tornou-se uma ferramenta essencial para o planejamento e implementação de ações coordenadas para proteção, promoção e recuperação da saúde, bem como prevenir riscos, agravos e doenças, além de reduzir vulnerabilidades, influenciando positivamente sobre os determinantes e condicionantes da saúde.
A matriz GUT na aplicação prática da realidade local gerou um conhecimento a mais sobre forma de planejamento situacional, o que pode levá-la a ser usada mais vezes em outras ocasiões e em outros cenários.
Pode-se citar como dificuldade da oficina a limitada participação dos profissionais da saúde do território, por conta das agendas destes. Soma-se a baixa adesão dos usuários nesses momentos de discussões. Acredita-se que quanto maior a diversidade de participantes, maior a riqueza de perspectivas e contribuições para os temas abordados. É crucial que todos os envolvidos possam mudar seus papeis de espectadores para coautores, a fim de trazer melhorias no planejamento de saúde.


Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Políticas de Saúde, Política Nacional de Atenção Básica e Política Nacional de Vigilância em Saúde no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2023.
GONDIM, G. M. M. Técnico de vigilância em saúde: fundamentos: volume 2. Rio de Janeiro: EPSJV, 2017. 272 p.: il.
BUSS, P. M.; HARTZ, Z. M. A.; PINTO, L. F.; ROCHA, C. M. F. Promoção da saúde e qualidade de vida: uma perspectiva histórica ao longo dos últimos 40 anos (1980-2020). Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, n. 12, p. 4723-4735, 2020.
XIMENES NETO F. R. G. Gerenciamento do território na Estratégia Saúde da Família: o processo de trabalho dos gerentes. Fortaleza (CE): Universidade Estadual do Ceará (UECE), 2007.
MEIRELES, M. Ferramentas administrativas para identificar, observar e analisar problemas: organizações com foco no cliente. São Paulo: Arte & Ciência, 2001.


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