53949 - MAPEAMENTO DO PERFIL DE PROFISSIONAIS ATUANTES EM UMA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE NO ESTADO DO CEARÁ DANIELLY CUSTÓDIO CAVALCANTE DINIZ - UECE, ANA PAULA SILVEIRA DE MORAIS VASCONCELOS - UNIC, JOÃO HENRIQUE CORDEIRO - UECE, KARINE DA SILVA OLIVEIRA - UECE, JOSÉ AIRTON DE FREITAS PONTES JÚNIOR - UECE
Apresentação/Introdução A formação de recursos humanos na saúde deve ser organizada por um sistema educativo que engloba a formação técnica, graduada e pós-graduada, na área da pesquisa. Dessa forma, a formação de profissionais na área da saúde deve acontecer na relação da saúde com a educação (Closs, 2013).
O processo educativo visa à construção de um perfil de profissionais da saúde para atuarem com a capacidade de resolução no Sistema Único de Saúde-SUS de acordo com a Reforma Sanitária, devendo sempre estar atento à saúde como um processo de trabalho coletivo (Closs, 2013).
Corroborado a isso, as residências em saúde buscam promover a educação na saúde e a formação de recursos humanos para o SUS, sendo voltadas para a educação em serviço, e destinadas às categorias profissionais que compõem a área da saúde (Brasil, 2005).
As Residências Multiprofissionais em Saúde-RMS se configuram como educação permanente em saúde-EPS na formação de trabalhadores da saúde (Brasil, 2018). São também definidas como uma modalidade de ensino em pós-graduação lato sensu, subdividindo-se nas modalidades uniprofissional, multiprofissional e integrada (Brasil, 2005).
A qualidade da formação oferecida nas RMS deve ter íntima relação com a definição e a clareza dos objetivos de aprendizagem, bem como com as necessidades do SUS em atender às demandas sociais e de saúde.
Objetivos Apresentar o mapeamento do perfil dos profissionais residentes de um segundo programa de RMS, recorte da pesquisa intitulada “Ingresso em um Segundo Programa de Residência Multiprofissional em Saúde: Busca por Aperfeiçoamento e/ou Necessidade de Emprego?”.
Metodologia A pesquisa, de campo, possui natureza e abordagem qualitativa, com delineamento de levantamento de informações. Foi realizada em julho de 2023.
Os participantes compreenderam as/os profissionais residentes que se encontravam no segundo programa de RMS, e que ingressaram na Residência Integrada em Saúde (RIS) da Escola de Saúde Pública do Ceará-ESP/CE no ano de 2022 (Turma IX - 2022-2024). Participaram aqueles que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE.
Como ferramenta metodológica, para a coleta de informações, foi aplicada uma entrevista semiestruturada junto aos participantes, utilizando-se um roteiro de perguntas elaboradas pelos pesquisadores e que foram respondidas remotamente (via Google Forms). O instrumento utilizado adequou-se ao campo de prática dos participantes do estudo, bem como atendeu às necessidades da pesquisa.
Para a análise das informações produzidas foi adotada a Teoria Social Marxista, pois esta teoria permite ao pesquisador o conhecimento prático da vida cotidiana.
A pesquisa foi submetida na Plataforma Brasil para análise e parecer pelo Comitê de Ética em Pesquisa-CEP da ESP/CE, e teve aprovação com o número de parecer 6.039.740.
Resultados e Discussão Da população inicial de 47 profissionais participantes, obteve-se uma amostra (de participação) de 44 residentes, pois 03 da população inicial não responderam à pesquisa.
Sobre o perfil dos residentes, identificou-se que 79,55% eram do sexo feminino (n=35); 52,27% estavam na faixa etária de 25-29 anos (n=23); 54,55% tinham como estado civil solteiro (n=24); 81,82% não tinham filhos (n=36); 63,64% informaram como religião o catolicismo (n=28); e 54,55% se declararam de raça/cor branca (n=24).
No tocante à formação acadêmica, 56,82% dos participantes tiveram sua formação em instituição particular (n=25); destes, 48,00% utilizaram o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior-FIES (n=12); 97,73% tiveram como modelo de ensino predominante o presencial (n=43); 38,64% concluíram a graduação no ano de 2017 (n=17); e, dentre as instituições que constituíram o campo de formação destes profissionais, destacou-se a Universidade Estadual do Ceará-UECE, com 15,91% (n=7). Dentre as profissões com o maior quantitativo de residentes, destacaram-se a enfermagem e a psicologia, que juntas totalizaram 50,00% (22) da amostra de residentes, cada uma representando 25,00% (n=11) de suas categorias.
Em se tratando da residência em saúde em si, o ano de ingresso na primeira residência que mais se destacou foi 2020, com 54,55% (n=24) dos residentes; A RIS da ESP/CE foi quem mais formou os participantes desta pesquisa, em sua primeira residência (88,64%, n=39). Em relação à área/ênfase em que os residentes estiveram inseridos, destacou-se a Saúde Mental Coletiva, com 34,09% (n=15). Dentre os municípios do estado do CE, Fortaleza/CE foi campo de atuação para 25,00% (n=11) dos residentes; 63,64% (n=28) não precisaram mudar de cidade para ingressar na residência.
Conclusões/Considerações finais A Residência Multiprofissional em Saúde desempenha um papel importante na formação dos profissionais da saúde, preparando-os para enfrentar os desafios do SUS e promovendo uma formação voltada para uma atuação de forma interprofissional.
Destaca-se que mais da metade dos participantes, ou seja, 54,55% dos residentes, tiveram sua primeira formação profissional no contexto da Pandemia da Covid-19, impactando significativamente na formação destes profissionais diante de um contexto desafiador e emergente em Saúde Pública. Porém, mesmo diante desse fenômeno multifatorial na formação e nos serviços, a avaliação das experiências foi positiva, reforçando assim que os Programas de RMS são dispositivos capazes de adaptarem-se e de abrangerem de forma integral diferentes realidades de saúde.
A RMS desempenha, então, um papel transformador na formação dos profissionais da saúde, ao passo que permite a busca contínua por melhores condições de trabalho e pela valorização da formação profissional.
Referências Brasil. Lei Nº 11.129, de 30 de junho de 2005. Institui o Programa Nacional de Inclusão de Jovens – ProJovem; e dá outras providências.
Brasil. M. D. S. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde: o que se tem produzido para o seu fortalecimento?. Brasília: Departamento de Gestão da Educação na Saúde, 2018.
Closs T. T. O serviço social nas residências multiprofissionais em saúde: formação para a integralidade? Curitiba: Appris, 2013.
Ruschel P.P. et al. Residência Integrada em Saúde: Cardiologia do Instituto de Cardiologia – Fundação Universitária de Cardiologia – Relato de Experiência. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Residência Multiprofissional em Saúde: experiências, avanços e desafios. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2006. p. 345-353.
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