Comunicação Coordenada

06/11/2024 - 13:30 - 15:00
CC8.13 - Perspectivas para o planejamento da Formação em Saúde nos diversos âmbitos

52972 - PINTANDO UM NOVO QUADRO NAS RESIDÊNCIAS EM SAÚDE COLETIVA: EXPERIÊNCIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS (UNICAMP)
MARCIA BANDINI - UNICAMP, GIOVANA PELLATTI - UNICAMP, GUSTAVO TENÓRIO CUNHA - UNICAMP, HENRIQUE SATER DE ANDRADE - UNICAMP, CARINA ALMEIDA BARJUD - UNICAMP, THAIS MACHADO DIAS - UNICAMP, SERGIO DE LUCCA - UNICAMP, ROSANA TERESA ONOCKO-CAMPOS - UNICAMP


Contextualização
O Departamento de Saúde Coletiva (DSC) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) reúne gerações de sanitaristas, de diferentes núcleos profissionais, com significativa contribuição para o país. Articulada com movimentos sociais, a formação de profissionais de saúde está presente na graduação, pós-graduação e nos programas de residência em saúde, em defesa de uma saúde verdadeiramente coletiva e democrática,
O DSC conta com quatro programas de residência: Medicina de Família e Comunidade (30 vagas), Medicina Preventiva e Social (4 vagas), Medicina do Trabalho (6 vagas) e Multiprofissional em Saúde Mental (30 vagas). É o departamento com maior número de residentes da FCM que atuam em diversos serviços da atenção primária em saúde (APS), em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), no Hospital de Clínicas da Unicamp, em serviços especializados e de gestão.
O número expressivo de residentes de diversas formações, em áreas e serviços tão variados, representa um desafio para o departamento garantir um projeto político-pedagógico coerente com as necessidades do país, a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e a história do movimento sanitarista brasileiro. Cinco anos atrás, o DSC iniciou um trabalho de articulação dos programas de residências em saúde como estratégia de engajamento e compartilhamento de experiências teórico-práticas.

Descrição da Experiência
O DSC conduziu um piloto com discussões mensais com seus residentes, a partir de casos reais e complexos que exigiam uma abordagem ampliada. Metodologias ativas de aprendizagem foram testadas e a mais bem avaliada foi a técnica do aquário.
Na sequência, foram organizadas duas disciplinas para residentes do primeiro ano e segundo ano (R1 e R2): Clínica Ampliada e Saúde Coletiva I (R1) e II (R2); com encontros mensais e uso do aquário como técnica de valorização dos residentes no debate, com apoio dos preceptores dos quatro programas.
Durante a pandemia as atividades presenciais foram suspensas devido às restrições sanitárias e o aquário foi transferido para o ambiente virtual. Foi constituído um Grupo de Trabalho (GT) para estudar matrizes de competências de cada programa; avaliar as áreas de conhecimento; elencar os temas de interesse; identificar as possibilidades de trocas; e propor um núcleo programático comum. A proposta foi aprovada pelo Conselho Departamental.
Nos anos seguintes foram organizados seminários de conclusão de residências, com mesas temáticas e participação de diversos programas, cursos abertos que propiciam trocas entre os residentes, além da manutenção das reuniões mensais.

Objetivo e período de Realização
Objetivo: desenvolver projeto político-pedagógico para quatro programas de residência em saúde, contribuindo para a formação de profissionais competentes e comprometidos com a Saúde Coletiva.
Piloto (2018) seguido da adoção de duas novas disciplinas para as residências. Atividades virtuais durante pandemia (2020) e elaboração de projeto aprovado pelo departamento. Retomadas de atividades presenciais (2021-2023) e organização dos seminários de conclusão de residências, integrando os programas.

Resultados
Mais de 350 pessoas participaram do projeto que reúne docentes, preceptores e convidados, além dos residentes. A proposta político-pedagógica organizou 55 temas em seis eixos: Temas ético-políticos; Sistema Único de Saúde – SUS; Redes de Atenção à Saúde e territórios; Gestões (serviços, informação, clínicas, cuidado); Integralidade; e Formação e educação em saúde.
Além das aulas, 24 casos foram discutidos (2021-2023). Dois cursos foram ofertados: saúde mental; e saúde do(a) trabalhador(a). Mesmo sem ser indicador da experiência, há relatos de casos transformados em projetos terapêuticos singulares (PTS), com as contribuições do aquário.
Entre 2022 e 2024, foram realizados três seminários de conclusão de residências. O primeiro (virtual) teve 31 trabalhos organizados em seis mesas temáticas. O segundo (presencial) teve 34 apresentações gravadas, seguidas de debates em seis mesas. O terceiro (presencial) contou com 11 mesas simultâneas para 35 trabalhos, o que proporcionou maior tempo de debate.
Todos foram transmitidos e disponibilizados no canal do DSC no YouTube. Convidados externos participaram dos debates. A experiência tem sido aprovada pela maioria dos residentes (62,5%).

Aprendizado e Análise Crítica
Nossa experiência tem sido positiva com troca de experiências entre diferentes programas e dentro de um programa, em si. A preparação dos casos permite maior interação entre preceptores e residentes porque a cada mês um programa é responsável por um caso, em rodízio, com orientação de estudo dirigido por artigos.
O aprendizado baseado em casos reais e na clínica ampliada produz melhor compreensão da articulação entre redes de saúde no SUS, motivando a visão crítica sobre a organização do trabalho na saúde e a determinação social dos problemas nos territórios.
A relação horizontal entre diversos residentes questiona o modelo biomédico e aponta para um modelo mais coletivo. O protagonismo dos residentes foi conquistado aos poucos, ao desafiar o saber acadêmico dos professores até chegar ao equilíbrio, com tempos e espaços de fala protegidos.
É evidente a melhoria dos trabalhos de conclusão a cada seminário. A transmissão em vídeo possibilita maior participação de trabalhadores dos serviços, amigos e familiares, trazendo maior responsabilidade e estudos mais qualificados. A divulgação científica destaca a importância do DSC na faculdade. Por fim, há maior a interação com outras áreas do DSC como epidemiologia, ciências sociais, bioética e a saúde ambiental.
O maior desafio do projeto é sua sustentabilidade frente às competições de agendas e renovação de residentes anualmente.


Referências
CANESQUI, A. M. - Vinte cinco anos do Departamento de Medicina Preventiva e Social, 1965-1990. Caderno de palestras proferidas por ocasião da comemoração dos 25 anos do DMPS/FCM. Campinas, n.1 p. 11-21, 1990.
CAMPOS, G. W. DE S. A clínica do sujeito: por uma clínica reformulada e
ampliada. In: Saúde Paideia. São Paulo: Hucitec, 2003. p. 55
EFFENDI, Azwan. THE EFFECTIVENESS OF FISHBOWL TECHNIQUE TOWARDS STUDENTS’ SELF EFFICACY IN SPEAKING. Journal of Languages and Language Teaching. [S. l.]: LPPM IKIP Mataram, 25 fev. 2018. DOI 10.33394/jollt.v5i2.345. Disponível em: http://dx.doi.org/10.33394/jollt.v5i2.345.

Fonte(s) de financiamento: Não aplicável


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