53209 - CURSO DE APERFEIÇOAMENTO EM PRECEPTORIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA PARA CIRURGIÕES DENTISTAS DE UM MUNICÍPIO DO SERTÃO PERNAMBUCANO ALCIEROS MARTINS DA PAZ - UPE, ANA CECÍLIA SANTOS CAVALCANTE - UPE, RENATA DE OLIVEIRA CARTAXO - UPE, MOAN JEFTER FERNANDES COSTA - UPE, NIKÁCIO ADNNER TAVARES DOS SANTOS - UPE, GISELLE BEZERRA DOS SANTOS - SESAU-ARCOVERDE, MARCOS LÍVIO MUNIZ RABELO - SESAU-ARCOVERDE, RAILANE DO CARMO DA SILVA - ESPPE
Introdução e Contextualização A Atenção Primária em Saúde (APS) é a principal porta de entrada e centro de comunicação da Rede de Atenção à Saúde (BRASIL, 2017). Nas graduações em saúde, por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF), a APS vem sendo incorporada como cenário de aprendizagem e reconhecida pela Política Nacional da Atenção Básica como espaço legítimo de formação para profissionais de saúde.
A preceptoria é uma modalidade de ensino em serviço que forma profissionais em cenários de prática e que tem ocupado papel de destaque quando se discute a formação em saúde. O preceptor tem papel fundamental para que o estudante se aproprie das competências da vida profissional com conhecimentos, habilidades e atitudes adequados (FORTE et al., 2015).
O bacharelado de Odontologia da Universidade de Pernambuco, campus Arcoverde (UPE-Arcoverde) apresenta 525 horas destinadas ao estágio curricular supervisionado, com práticas desenvolvidas em complexidade crescente e inserção dos estudantes na ESF, com preceptoria dos Cirurgiões Dentistas (CD) do município.
Visando promover a formação pedagógica e o desenvolvimento de competências educacionais dos preceptores, docentes da saúde coletiva/orientadores de estágio e coordenação de educação permanente do município, desenvolveram um curso de aperfeiçoamento em preceptoria na atenção primária para os CD preceptores do bacharelado em Odontologia da UPE-Arcoverde.
Objetivo para confecção do produto O Curso foi desenvolvido tendo como objetivo principal aprimorar a prática da preceptoria em seus aspectos educacionais, com o uso de variadas atividades formativas, qualificando a formação humana em saúde e promovendo o desenvolvimento de competências educacionais desses profissionais.
O curso surgiu em cenário de retorno às atividades presenciais, pós fase crítica da pandemia, em que houve fragilização da integração ensino-serviço-comunidade.
Metodologia e processo de produção Inicialmente realizou-se fórum de integração ensino-serviço-comunidade para retorno das atividades de estágio pós cenário pandêmico. Nele, os CD apontaram a ausência de formação pedagógica como barreira para exercer a preceptoria. Assim, a proposta foi elaborada, submetida e aprovada no Edital de Extensão - Fluxo Contínuo 02/2021 da UPE.
O curso foi estruturado em 8 módulos mensais que contemplaram atividades de ensino, intervenção no cenário de prática, aprendizagem autodirigida. Desenvolveu-se de fevereiro a dezembro de 2022, tendo como cursistas CD preceptores, e como extensionistas estudantes que estavam sendo supervisionados.
As unidades temáticas de cada módulo foram: Projeto Pedagógico do Curso e Prática Profissional Supervisionada; Educação permanente em saúde; Processos de Ensino e Aprendizagem em Odontologia; Preceptoria na Atenção Primária; Educação nos Cenários de Prática; Saúde na Comunidade: integração ensino-serviço; Avaliação de Aprendizagem na Preceptoria e Planejamento e Avaliação da Prática Profissional Supervisionada.
Foram utilizados como instrumentos de avaliação e acompanhamento portfólio reflexivo, e ao final a elaboração de um plano de intervenção no estágio.
Resultados Concluíram o curso 8 Cirurgiões Dentistas e 14 estudantes. Os facilitadores foram 3 docentes orientadores de estágio e uma profissional residente. Os conteúdos foram abordados através de estratégias diferenciadas de ensino-aprendizagem, incluindo rodas de conversa, aprendizagem baseada em problemas e oficinas de trabalho.
As atividades de reflexão da prática e aprendizagem autodirigida foram mediadas pelo google classroom. A primeira consistiu na elaboração do portfólio reflexivo, cujo foco foi refletir sobre o conhecimento construído, bem como realizações, desafios, limitações e dúvidas, sendo um estímulo à problematização da prática profissional e ao desenvolvimento de uma preceptoria crítica e voltada à melhoria da formação em saúde.
A aprendizagem autodirigida representou um espaço protegido na agenda, articulado com a gestão municipal, para buscas na literatura científica e reflexões individuais. Percebeu-se que ela incentivou o desenvolvimento da autonomia no processo de aprender.
Ao longo do curso, foram realizadas intervenções/mudanças no cenário de prática, envolvendo estudantes e preceptores. A elaboração do plano de intervenção contemplou levantamento de problemas e propostas de ação. O curso proporcionou a integração entre os docentes orientadores de estágio e os preceptores, criando um espaço permanente e solidário de aprendizagem.
Análise crítica e impactos sociais do produto Os estágios curriculares são espaços de aprofundamento no campo de trabalho que buscam aproximar os estudantes da realidade do sistema público de saúde. Entre os principais desafios para a formação de estudantes na rede SUS estão o processo de trabalho e a produção do cuidado baseados no modelo biomédico.
Fundamentado na aprendizagem significativa, na reflexão sobre a prática e na utilização de métodos ativos de aprendizagem, o Curso tomou a APS como cenário vivo de formação para o SUS, reconhecendo o preceptor como potencial interlocutor das necessidades de mudança na formação em saúde. Ressalta-se que a proposta formativa é parte integrante das estratégias que vêm sendo desenvolvidas para o fortalecimento da preceptoria junto ao bacharelado em Odontologia da UPE-Arcoverde..
O curso proporcionou não somente a qualificação dos profissionais, mas também mudanças significativas no acompanhamento dos estudantes, além de produzir uma vinculação mais estreita entre os profissionais e a Universidade. Assim, acredita-se que essa formação, viabilizada por meio da integração ensino-serviço, por um lado representou um avanço para o SUS local em seu papel de ordenador da formação de recursos humanos para a saúde; e de outro, proporcionou a configuração de um legítimo SUS-escola que qualifica seus trabalhadores como agentes micropolíticos em sua defesa.
Referências BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria GM/MS Nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
FORTE, Franklin Delano Soares et al. Reorientação na formação de cirurgiões-dentistas: o olhar dos preceptores sobre estágios supervisionados no Sistema Único de Saúde (SUS). Interface (Botucatu),Botucatu , v. 19, supl. 1, p. 831-843, 2015
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO. Projeto Político Pedagógico do Curso de Odontologia. Pernambuco, 2017.
Fonte(s) de financiamento: Universidade de Pernambuco
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