Comunicação Coordenada

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
CC8.7 - Democratização da Saúde e Educação Popular

54021 - HISTÓRIAS E MEMÓRIAS EM COM-POSIÇÃO: TRILHAS DA EDUCAÇÃO POPULAR
ITANA SUZART SCHER - EPSJV - FIOCRUZ, GRASIELE NESPOLI - EPSJV - FIOCRUZ, MARIA ROCINEIDE FERREIRA DA SILVA - MINISTÉRIO DA SAÚDE, ALEXSANDRO DE MELO LAURINDO - SGTES (MS), MARCIA CAVALCANTI LOPES - EPSJV - FIOCRUZ, ALLANA MARTHA SOARES SILVA, VERÔNICA ALEXANDRINO SANTOS AZEVEDO - SMS - RJ


Contextualização
O Curso Educação Popular Em Saúde (EdPopSUS), voltado para Agentes Comunitárias de Saúde, Agentes de Controle de Endemias e lideranças comunitárias, foi ofertado em duas edições entre 2013-2018, formando mais de 20 mil trabalhadores em 15 Estados.
Com a sua retomada, em 2023, o Ministério de Saúde previu a reorganização estrutural e metodológica do curso, desenvolvida em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, a partir da criação da Coordenação Política Pedagógica (CPP), envolvendo as instituições e atores parceiros de movimentos da Educação Popular, que conduzirá as novas turmas do EdPopSUS.
A partir das reuniões da CPP, foi pensado para a nova edição uma estrutura onde os conteúdos a serem abordados estão distribuídos em trilhas, iniciando com o ponto de partida, com diálogos sobre Educação Popular e legado de Paulo Freire, pactos de convivência e o curso é apresentado. Assim o educando é preparado para seguir nas trilhas, a saber: da História e da Memória, da Cultura, da Democracia, da vigilância Popular em Saúde, Trilha da Atenção e do Cuidado e o Ponto de Chegada.


Descrição da Experiência
O presente resumo se debruça sobre a Trilha da História e da Memória: Travessia que leva ao reconhecimento do passado e da história. Que nos faz perceber que carregamos valores da infância e juventude, de tudo que fomos e ainda somos. Caminho que nos compromete a cuidar do nosso futuro.
A trilha foi construída de forma dialógica, em reuniões realizadas de forma online e posteriormente validada em uma oficina presencial. No primeiro momento, a CPP revisou os temas e objetivos do plano de curso das edições anteriores, apontando novos objetivos para a Trilha, ainda que mantendo o nome. Após a revisão, a CPP se dividiu para a construção do material e novos parceiros, de movimentos sociais da Educação Popular, se somaram na tarefa.
Assim o conteúdo foi revisitado, buscando atender aos novos objetivos. Um novo texto de apresentação foi proposto e as atividades foram formatadas, bem como um novo texto também foi proposto e construído, para atender aos novos objetivos. O material da trilha foi fechado em 2 encontros e 4 atividades, totalizando 16h presencial e 08h para a cartografia do território, momento de pesquisa, exploração e integração com o território onde o educando está inserido.

Objetivo e período de Realização
A Trilha da História e da Memória integra o novo material do curso EdPopSUS, que terá o início das atividades ainda em 2024. Esta trilha busca: a) Investigar e sistematizar a memória e a história dos territórios; b) Entender a história e a memória como elementos da educação popular e de constituição da vida no território; c) Compreender o território como espaço de organização da vida, do trabalho e das lutas populares; d) Valorizar a ancestralidade como forma de saber.

Resultados
Na apresentação é exposta a pretensão de estimular a reflexão sobre a memória e a história dos territórios e das relações e práticas cotidianas, e sua aproximação da educação popular e da educação popular em saúde.
Primeiro encontro
Atividade 1: Um povo sem memória é um povo sem história: Partindo do filme Narradores de Javé, discute-se a importância de resgatar a história dos territórios a partir das leituras dos seus moradores.
Atividade 2: O perigo da história única: A partir do discurso homônimo da autora Chimamanda Adichie e da leitura do texto História e Memória Coletiva, os educandos vão refletir sobre a disputa de narrativas na construção das verdades e mentiras sobre as histórias dos povos colonizados.
Atividade 3: Cartografia nos territórios: os educandos vão realizar entrevistas nos seus territórios, no intuito de reconstruir a história local, pelas memórias de seus moradores.
Segundo Encontro
Atividade 1: Apresentação e problematização das entrevistas.
Atividade 2: (Re)visitar nossas memórias para pensar novos futuros a partir das forças ancestrais: texto Trilhas em com-posição: o tempo é o presente, e debate sobre passado e futuro.

Aprendizado e Análise Crítica
Os caminhos da Educação Popular passam pela visita ao passado, como afirma Freire: “o estudo do passado traz à memória de nosso corpo consciente a razão de ser de muitos dos procedimentos do presente e nos pode ajudar, a partir da compreensão do passado, a superar marcas suas” (Freire, 2000, p. 34).
Compreender processos de imposição da modernidade eurocêntrica sobre os territórios invadidos é importante no estudo das marcas deixadas, partindo do que Anibal Quijano (2005) chama de Colonialidade do Poder, apontando a racialização da sociedade como elemento central da colonização e perpetuação de moldes coloniais de relação.
Ainda que habituados a histórias contadas pelos vencedores, colonizadores brancos europeus, não podemos esquecer que antes, no Brasil, éramos deuses, reis e líderes. Ao estudar a história percebemos como se pode ter visões diferentes para acontecimentos do passado, e diferentes interesses, produzindo diferentes efeitos.
Aprofundar as diferentes leituras dos territórios como elemento da educação popular é fundamental para pensar o futuro e construir um novo amanhã. O EdPopSUS é uma estratégia importante no fortalecimento da Política Nacional de Educação Popular em Saúde e de princípios freirianos como diálogo; amorosidade; problematização; construção compartilhada do conhecimento; emancipação e compromisso com a construção do projeto democrático e popular.

Referências
FREIRE, P. Pedagogia da indignação: Cartas Pedagógicas e Outros Escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2000.

QUIJANO, A. Colonialidade do poder: eurocentrismo e América Latina. In: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Clacso: Buenos Aires, 2005, p. 117-142. Disponível em: http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/clacso/sur-sur/20100624103322/12_Quijano .pdf.

Fonte(s) de financiamento: Ministério da Saúde; Fundação Oswaldo Cruz


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