Comunicação Coordenada

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
CC8.7 - Democratização da Saúde e Educação Popular

51845 - PERFIL DE PROJETOS DE INTERVENÇÃO EM SAÚDE NA AMAZÔNIA: INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO-COMUNIDADE NA CONVERGÊNCIA DAS AGENDAS DANT E AGENDA 2030
LARISSA PEREIRA DE MOURA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE-UFAC, JOSÉ TOMÁS MATEOS - UNIVERSIDADE DE LLEIDA, ESPANHA, FREDERYK KLUYVERT RYJKAARD BARBOSA E SILVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE-UFAC, HERLEIS MARIA DE ALMEIDA CHAGAS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE-UFAC, DANÚZIA DA SILVA ROCHA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE-UFAC, MONTSERRAT GEA-SÁNCHEZ - UNIVERSIDADE DE LLEIDA, ESPANHA, ROZILAINE REDI LAGO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE-UFAC


Apresentação/Introdução
INTRODUÇÃO
Em resposta à pactuação global dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, foi elaborado no Brasil o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis para o decênio 2021-2030 (Plano de DANT), que traça indicadores e metas para as doenças crônicas não transmissíveis, fatores de risco e agravos (DUARTE et al., 2023). O cenário da morbimortalidade da população por doenças crônicas está fortemente relacionado às desigualdades sociais, e piores indicadores de saúde podem ser observados em populações socialmente vulneráveis (KALUVU et al., 2022). A maior parte dos habitantes da região amazônica Brasileira estão inseridos nesse contexto, apresentando, entre outras características, baixo nível econômico e educacional, elevadas taxas de crescimento populacional e condições precárias de saneamento básico (SCHWEICKARDT et al., 2019).
Projetos de intervenção em saúde nesta região, aliados a processos de educação permanente, contemplando reflexões acerca dos problemas locais de saúde, podem contribuir para a amenização de tais problemas (SANTOS; SANTOS, 2022). Desta forma, podem ser abordados desafios como, o uso limitado de protocolos e estratégias de planejamento baseados em critérios de risco e vulnerabilidade, bem como na carência de formação teórica sobre educação em saúde (SCHWEICKARDT et al., 2019).


Objetivos
Analisar os processos formativos desenvolvidos para implementação dos ODS de acordo com os pressupostos da educação permanente em saúde nas políticas regionais.

Metodologia
Trata-se de um recorte de análise documental, seguindo as etapas propostas por Celard (2010) de análise crítica e análise de pontos-chave. As fontes de evidências utilizadas foram os relatórios técnicos (RT), disponibilizados pela organização do curso de Educação Permanente em saúde (EPS) ofertado no projeto “Fortalecimento e interiorização dos ODS junto a Vigilância de DANT nas Secretarias de saúde dos Estados da Amazônia Ocidental” (TED Nº 57/2021 entre MS e UFAC). O perfil apresentado é baseado na dimensão “Ensino-serviço-comunidade” que busca evidências de articulação entre as instituições de ensino, serviços de saúde e a comunidade na operacionalização das práticas de EPS, dimensão apresentada nas Orientações e Instrumentos para Monitoramento e Avaliação da Política Nacional de EPS. Os pontos analisados nos relatórios foram as descrições de:
● Participação e articulação de distintos atores na ação;
● Mecanismos de reflexão, crítica e avaliação entre o curso e a prática profissional;
● Oportunidades para aplicação de conhecimentos no mundo real;
● Estratégias e formas de socialização.
Estudo aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da UFAC- CAAE: 76675223.3.1001.5010.


Resultados e Discussão
Inicialmente o curso contou com 116 inscritos em toda região Ocidental da Amazônia. As regiões de saúde atendidas foram: Baixo Acre e Purus (AC), Entorno de Manaus e Rio Negro (AM), Madeira-Mamoré (RO) e Centro-norte e Sul (RR). Os profissionais participantes do curso eram profissionais de saúde atuantes na atenção primária e vigilância em saúde.
Os RTs descrevem as etapas seguidas durante a aplicação do curso, incluindo os Projetos de Intervenções (PI), ao todo 51 cursistas participaram da etapa de elaboração dos PIs, entre o último trimestre de 2023 e primeiro trimestre de 2024. Foram finalizados 16 PI e 2 projetos que foram planejados, mas tiveram sua execução cancelada por questões políticas relacionadas à gestão em saúde local.
Ao longo do curso houve a participação e articulação de distintos atores. O ensino, representado por docentes de instituições de ensino superior. O serviço, através das secretarias de saúde, representadas por cursistas gestores em saúde, enfermeiros e técnicos. A comunidade, representada por usuários do sistema de saúde, instituições de educação básica e alunos de extensão universitária.
Os mecanismos de reflexão, crítica e avaliação entre o curso e a prática profissional foram observados nos RTs, a exemplo de direcionamentos para indicadores que pudessem resultar em uma melhora da situação de saúde local, trabalhado o uso de ferramentas como a matriz SWOT, feedback sobre o andamento dos PI, rubricas de avaliação, fóruns e plantões “tira-dúvidas”.
As oportunidades para aplicação de conhecimentos e habilidades e socialização podem ser visualizadas nas descrições dos PI que ocorreu de diferentes formas, sendo as mais recorrentes, palestras, workshops, busca ativa, transmissões de rádio, ações de mapeamento de exames e vacinas em atrasos.


Conclusões/Considerações finais
Para além das abordagens principais como hipertensão, diabetes, saúde mental, violência sexual, vacinação e câncer, através dos RTs foi possível identificar abordagens de temas relacionados como, alimentação/nutrição, atividade física, saúde reprodutiva e sexualidade, políticas públicas, além de práticas sustentáveis como a construção de hortas. As temáticas foram definidas a partir de diagnósticos situacionais do município e, em muitos casos, puderam ser articuladas com ações já previstas no município, como “Outubro Rosa”. A intervenção vai ao encontro da premissa da Agenda 2030, que é alcançar todos os povos em todos os locais, a exemplo das palestras com transmissão via rádio no Amazonas ou ainda dos idosos atendidos na zona rural de Roraima. Mostrou-se capaz de atuar positivamente na convergência entre as Agendas na região amazônica, e poderia ser potencializado, visto o grande número de cursistas que iniciaram o curso e não o finalizaram.

Referências
CELARD, A. A análise documental. Em: A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. 2010; DUARTE, L. S.et. al. Doenças crônicas não transmissíveis DCNT: probabilidade incondicional de morte prematura por doenças crônicas não transmissíveis. BEPA, v. 20, p. 1–10, 2023; KALUVU, L. et al. Multimorbidity of communicable and non-communicable diseases in low- and middle-income countries: A systematic review. Journal of Multimorbidity and Comorbidity, v. 12, jan. 2022. SANTOS, J. C.; SANTOS, E. S. A. Educação permanente em saúde sobre a importância da notificação compulsória dos agravos não transmissíveis. Educação, Trabalho e Saúde: caminhos e possibilidades em tempos de pandemia - Volume 2, 2022. SCHWEICKARDT, J. C.; EL KADRI, M. R.; LIMA, R. T. D. S. Atenção Básica na Região Amazônica: saberes e práticas para o fortalecimento do SUS. [s.l.] Rede Unida, 2019.

Fonte(s) de financiamento: : (CAPES) - Programa institucional de doutorado sanduíche no exterior (PDSE) edital nº 44/2022; Programa de iniciação científica da Universidade Federal do Acre Edital nº 19/2023.


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