51887 - DESAFIOS PARA A PRÁTICA INTERPROFISSIONAL COLABORATVA NA PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM UM MUNICÍPIO DE PEQUENO PORTE JONATHAN CORDEIRO DE MORAIS - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, ANTARES SILVEIRA SANTOS - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, JOSÉ DANILLO DOS SANTOS ALBUQUERQUE - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, JANAÍNA VON SÖHSTEN TRIGUEIRO - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, FRANKLIN DELANO SOARES FORTE - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, LUCIANA FIGUEIREDO DE OLIVEIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
Apresentação/Introdução As pesquisas e reflexões a respeito de estratégias efetivas de prestação de cuidados de saúde têm crescido mundialmente entre os profissionais da saúde (Araújo et al., 2020), e apontado a interprofissionalidade como possiblidade eficaz de promoção de uma atenção mais integral, que considera a complexidade dos problemas de saúde e a diversidade de saberes e práticas.
No entanto, estudos apontam desafios a serem superados para sua implementação na prática, principalmente considerando as particularidades da na Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil. Entre eles, destaca-se a necessidade, por parte dos profissionais, em aprofundar, absorver e colocar em prática o conceito de interprofisisonalidade, a fim de que seja possível avançar
na direção de práticas interprofissionais colaborativas. Para isso, há a necessidade de observá-la perante três dimensões: a coordenação, a cooperação e a parceria, elementos que são definidos caracteristicamente a partir de quando os membros de uma equipe tem seus papéis de identidade definidos e delimitados (Orchard et al., 2018; Giviziez et al., 2020).
Objetivos Descrever os fragilidades e desafios na cooperação, parceria e coordenação da prática interprofissional colaborativa na percepção de profissionais que atuam nem Equipes de Saúde da Família de um município de pequeno porte do sertão nordestino.
Metodologia Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa do tipo transversal, descritiva e analítica, realizada em um município de pequeno porte do sertão do estado da Paraíba. A população foi composta por profissionais da saúde (médicos, enfermeiros, cirurgiões-dentistas e Agentes Comunitários da Saúde - ACS) inseridos na Estratégia Saúde da Família do município selecionado, em unidades de Equipes de Saúde da Família (ESF) que possuem Equipes de Saúde Bucal (ESB) integradas. Dessa forma, participaram do estudo 16 profissionais, organizados em quatro (4) equipes de ESF. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, a partir da adaptação do roteiros temáticos. Após as entrevistas,
as falas dos participantes foram transcritas na íntegra, analisadas a partir da técnica de análise de conteúdo pelo Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) proposta por Lefévre, Lefévre e Teixeira (2013). O estudo obedeceu a todos os preceitos éticos envolvendo pesquisas com seres humanos e foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa da instituição proponente pelo parecer n. 6016822.
Resultados e Discussão Os resultados mostram que, na percepção dos participantes da pesquisa, há fragilidades e desafios nas três dimensões propostas por Orchad et al., 2018 (cooperação, parceria e coordenação). No que se refere à cooperação, que diz respeito às atitudes profissionais direcionadas a um objetivo em comum, com reconhecimento de prioridades, funções e responsabilidades, sem disputas e consequente quebra de paradigma que relaciona a autonomia do profissional ao trabalho individual, discursos como: “[...] não existe cooperação entre os membros da equipe que trabalho [...] aqui parece mais uma clinica, tratativa, do que uma UBS, preventiva e educativa [...]” indicam que o fazer uniprofissional ainda é realidade na APS.
Os discursos relacionados à parceria, retratam, principalmente, falta de confiança entre os membros da equipe e dificuldades na comunicação Tais aspectos se relacionam com a alta rotatividade de profissionais na equipe, como pode ser observado nos trechos a seguir: “Em alguns eu tenho confiança, a gente consegue no dia a dia e trocar uma ideia [...] é difícil saber quem está do nosso lado, e quem quer nos prejudicar [...]Eu acho que não existe (confiança) justamente pela falta de encontros [...]” Por fim, para Orchad et al., 2018, a dimensão da coordenação está relacionada à construção de um bom relacionamento interpessoal e interprofissional, levando a otimização de recursos utilizados e resultados do cuidado em saúde. A respeito da mesma, discursos como “nossa coordenação é péssima [...] falta tudo, desde transporte pra uma visita domiciliar até mesmo medicamentos pra população [...], quem deveria nos representar nem pisa na secretaria de saúde [...]”, levam a crer que ainda se está distante do desejável.
Conclusões/Considerações finais Foi possível perceber uma íntima relação entre as dimensões da PIC, e que os desafios a serem vencidos para a efetivação da mesma no município em questão passam pela mudança no perfil dos profissionais que atuam na equipe. O conceito de interprofissionalidade, relaciona-se diretamente com a confiança entre a equipe e as práticas concretas voltadas para a solução de problemas específicos, superando as práticas uniprofissionais e construindo práticas colaborativas.(Araújo, 2017). A realidade estudada revela um cenário desafiador, com profissionais de saúde frequentemente insatisfeitos devido a problemas de coordenação e à escassez de comunicação eficaz entre as equipes, que resultam em dificuldades para a efetivação da PIC. Esses dilemas ressaltam a urgência de se enfrentar tais questões para aperfeiçoar tanto a qualidade dos serviços prestados aos pacientes quanto o ambiente de trabalho para os próprios profissionais.
Referências ARAÚJO EMD, et al. A Colaboração Interprofissional no contexto da Saúde da Família no Brasil e em Portugal. Brazilian Journal of Health Review, v. 3, p. 6632-6652, 2020.
ORCHARD C, et al. Assessment of Interprofessional Team Collaboration Scale (AITCS): Further Testing and Instrument Revision. Journal of Continuing Education in the Health Professions. v. 38, n.1, p 11-18. 2018.
GIVIZIEZ CR, et al. Colaboração interprofissional na atenção primária à saúde: realidade de um município goiano. Boletim Técnico do Senac, Rio de Janeiro,
v. 46, n. 3, 2020.
LEFÉVRE F LEFÉVRE, AMC, TEIXEIRA, JJV. O discurso do sujeito coletivo: um novo enfoque em pesquisa qualitativa. CEFAC – Saúde e Educação. v. 15, n. 3, p. 703-705, 2013.
|