48958 - CAPACITAÇÃO MULTIPROFISSIONAL SOBRE AUTISMO E M-CHAT-R/F: MITIGANDO PRECONCEITOS E DIFUNDINDO CONHECIMENTOS EM UM PEQUENO MUNICÍPIO DO OESTE POTIGUAR
SÂMARA DANIELLY DE MEDEIROS ALVES - UERN, RODRIGO JÁCOB MOREIRA DE FREITAS - UERN, GISELLE PEREIRA DA SILVA - UERN, LÍDIA STÉFANI DANTAS SILVA - UERN, FERNANDO JEFFERSON QUEIROZ DOS SANTOS - UERN, RODRIGO OLIVEIRA DA FONSÊCA - UFRN, DENIZE RAQUEL LEITE DE ANDRADE ALVES - UNP
Contextualização
A detecção precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é crucial para o desenvolvimento e bem-estar das crianças afetadas, facilitando sua integração social e acadêmica. O TEA é um distúrbio de neurodesenvolvimento caracterizado por desafios na comunicação, interação social e comportamentos restritos ou repetitivos, variando de leve a severo. Estudos mostram que a intervenção precoce pode melhorar significativamente os resultados para indivíduos com TEA, promovendo melhor adaptação social e funcional. No entanto, a formação atual de profissionais de saúde e educação é frequentemente inadequada, resultando em diagnósticos tardios e intervenções ineficazes. Esse problema é exacerbado em regiões afastadas e comunidades carentes que dependem exclusivamente dos sistemas públicos de saúde e educação. A falta de capacitação específica entre profissionais dessas áreas impede o reconhecimento e a resposta adequada aos sinais precoces de TEA. A ampliação da rede de apoio por meio da educação permanente dos profissionais de diversas áreas, especialmente na atenção básica, é essencial para garantir a democratização do acesso ao diagnóstico precoce e a implementação de estratégias educacionais e terapêuticas adaptadas. O uso de ferramentas padronizadas, como o M-CHAT-R/F™, é uma abordagem eficaz para triagem do TEA na atenção primária, permitindo intervenções oportunas no SUS.
Descrição da Experiência
Em abril de 2024, durante a Semana de Conscientização do Autismo em Luís Gomes-RN, foi realizada uma capacitação teórica para profissionais da atenção básica. Luís Gomes, um pequeno município do Alto Oeste Potiguar com 9.070 habitantes, enfrenta desafios como baixos indicadores socioeconômicos e falta de profissionais especializados. A capacitação contou com 21 participantes, incluindo enfermeiros, psicólogos, agentes comunitários de saúde, dentistas, fisioterapeutas, profissionais da educação e mães de crianças autistas. O momento foi conduzido por uma enfermeira autista, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Sociedade (PPGSS) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Sua dissertação de mestrado foca na capacitação de enfermeiros para a aplicação do M-CHAT-R/F durante consultas de puericultura no SUS. A capacitação incluiu uma apresentação teórica com slides e uma apostila que abordava neuroanatomia, características do autismo conforme o DSM-5, critérios diagnósticos, níveis de suporte e instruções para a aplicação da ferramenta de triagem para o autismo M-CHAT-R/F™ com entrevista de seguimento e manejo adequado dos casos suspeitos. O envolvimento dos participantes promoveu uma intensa troca de conhecimentos técnicos e experiências pessoais, enriquecendo o debate e fortalecendo o entendimento coletivo sobre o autismo.
Objetivo e período de Realização
O objetivo da capacitação foi instruir profissionais para identificar precocemente sinais de autismo e utilizar a ferramenta de triagem M-CHAT-R/F™, promovendo uma abordagem inclusiva e eficaz no atendimento a crianças com TEA no município. Além disso, visou desmistificar o autismo e mitigar preconceitos. A atividade ocorreu no dia 02 de abril de 2024 na cidade de Luís Gomes-RN, e foi organizada pela Prefeitura Municipal.
Resultados
A capacitação resultou em um aumento significativo no conhecimento e na confiança dos participantes em relação à identificação de sinais de autismo. Profissionais de saúde relataram sentir-se mais preparados para utilizar o M-CHAT-R/F nas consultas de puericultura no SUS e reconhecer sinais precoces de autismo, o que pode levar a intervenções mais precoces e eficazes para as crianças identificadas. A experiência multiprofissional fortaleceu a rede de apoio e promoveu a conscientização sobre a importância da abordagem interdisciplinar na saúde pública. A presença de uma enfermeira autista adulta ministrando a capacitação, contribuiu para a quebra de preconceitos e estereótipos, enriquecendo o aprendizado coletivo e promovendo uma visão mais inclusiva do TEA. Além disso, a capacitação de profissionais da atenção básica contribui para a diminuição das filas de espera por diagnóstico e intervenção, democratizando o acesso ao diagnóstico precoce e intervenção em áreas carentes e vulneráveis.
Aprendizado e Análise Crítica
A capacitação sobre autismo e M-CHAT-R/F em Luís Gomes-RN destacou a importância da formação contínua e da troca de experiências entre profissionais e a comunidade. Dados do CDC dos EUA, adaptados ao Brasil, indicam cerca de 6 milhões de pessoas com autismo no país, ressaltando a urgência de ações efetivas. A análise crítica mostrou que a capacitação foi bem-sucedida, mas é essencial manter programas de educação permanente para garantir a atualização dos profissionais e a adoção de práticas baseadas em evidências. A capacitação de profissionais de diversas áreas é vital para o diagnóstico precoce e a implementação de estratégias educacionais e terapêuticas adaptadas, especialmente em regiões afastadas e comunidades carentes, onde há um déficit crítico de profissionais treinados. A atenção básica é crucial para o diagnóstico precoce e manejo do TEA devido ao contato direto com a comunidade. A concentração de especialistas em grandes centros urbanos limita o acesso ao diagnóstico e acompanhamento adequados para muitas crianças, especialmente as mais pobres, que dependem exclusivamente das consultas de puericultura no SUS. Além disso, é necessário apoiar projetos que promovam a inclusão obrigatória do tema Autismo nas grades curriculares dos cursos de graduação em saúde e educação, buscando formar profissionais capacitados desde a academia para o manejo adequado do TEA.
Referências
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Lobar SL, Fritts MK, Arbide Z, Russell D. The Role of the Nurse Practitioner in an
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Robins, Diana L. et al. (M-CHAT-R/F)™. 2009. Disponível em: https://www.mchatscreen.com/. Acesso em 20/05/2024.
Fonte(s) de financiamento:
Nenhuma
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